Três palavras apenas serviriam para definir esta descida aos infernos de que vos irei falar.
Chile e Death Metal. Há um qualquer encantamento nas nossas mentes cada vez que as
pronunciamos. "Attunement to Death" dos Invocation é uma das mais aguardadas propostas para este ano
de 2020. O álbum ficou disponível no dia 21 deste mês.
O trio infernal já nos tinha espetado o tridente aquando do lançamento, em 2018, do
mini EP "The Mastery of the Unseen". E antes mesmo com a Demo "Seance Part. I", em 2016.
"Attunement to Death" é um poderoso reservatório de mortalidade e corrosão. Posso
dizer-vos que "Oppression" é dos uns intros mais obscuros e crus que já ouvi. Em menos
de 1 minuto todas as possíveis combinações do vazio nos caem em cima. Somos
bafejados por algo grandioso e maligno…tristemente curto.
O riff de "Flying Ointments" vai atravessar-nos a espinha de tal maneira que somos
obrigados à sua rendição imediata. O Death Metal aqui sentido não está ao alcance de
qualquer alma mortal. O vocal é qualquer coisa…a estrutura da malha perturbadora.
Mais uma vez, tenho que recorrer ao groove…não é por falta de palavras mas porque é
realmente isso que se entranha.
O pronúncio da morte continua com a explosiva "The First Mirror" . No fado diz-se que a
guitarra portuguesa é quem declama o poema… aqui garanto-vos que as malhas de
guitarra nos declamam ódio e rancor num timbre rítmico assombroso.
A cadência deste álbum é realmente muito bem conseguida e sem as partes mais lentas
tudo isto era desperdício… aqui o encantamento é épico. A produção é excelente.
Consegue-se captar todos os pormenores que este labirinto de estilos tem para nos
oferecer. Por palavras é tão, mas tão ingrato…
Destaco também a malha "Secret Tongues". Genialmente, ou não, o fim que começa ainda
no sangrar do início…vocês vão perceber. A desgarrada rítmica continua a sua lavoura
diabólica. Fica a sensação que é mesmo a despedida. Infelizmente, a invocação não foi
para nos dar a imortalidade, mas deu-me e dar-vos-há uma enorme vontade de,
espiritualmente, nos sintonizarmos com a morte.
Nota: 8/10
Nota: 8/10
Review por Ricardo Gonçalves