A verdade é que nunca fui o mais entusiasta dos fãs de thrash. Sou capaz de ter os clássicos quase todos na minha coleção, vibrar e até iniciar mosh pits em locais menos apropriados de cada vez que ouço os hits do género, depois ingerida uma certa quantidade de álcool, mas não sou um residente neste sub-estilo e raramente pus um álbum de thrash metal recente a tocar sem que estivesse na eminência de ver os autores tocar ao vivo ou quisesse escrever alguma coisa, como é o caso.
Algo que ficou bem claro ao escutar o álbum de estreia, “Misleading Evil”, destes jovens thrashers é que capacidades técnicas não são um problema e que não tem medo de criar composições enérgicas recheadas de segmentos desafiantes. A produção é orgânica e clara, dá espaço a todos os instrumentos na mistura e as composições são enérgicas e dinâmicas. As guitarras são incansáveis a debitar riff em cima de riff, o baixo bombeia notas em toda a sua escala, a estabelecer ritmo e a contribuir com melodia e a percussão é simples, eficiente, frenética e mantém os restantes instrumentos na trajetória e velocidade pretendida.
“Delirium” é nada mais que um leque adicional de canções que poderiam figurar no álbum anterior. Dentro das referências desta nova vaga de bandas revivalistas de thrash metal, os Hazzerd poderão ser equiparados a uns Havok com menos ganchos e produção menos bombástica, com acréscimo de melodia no estilo de uns Megadeth por exemplo.
Apesar de abordar esta forma de arte com uma predisposição otimista e positiva, tendo em conta o valor dos artistas e esforço de criação que respeito e admiro incondicionalmente, existem diversas questões que me assombram cada vez que surge mais um lançamento neste estilo. Se analisado um álbum fora de qualquer contexto, é inegável a qualidade do material, mas atirado para o turbilhão de propostas idênticas, qual a relevância do respetivo álbum e a quem interessará?
Na resposta a essas questões residem os meus problemas com estes álbuns e especialmente com “Delirium”. Não há nada, absolutamente nada, que me pareça remotamente original. Não existe nenhuma característica nos Hazzerd que não consiga associar a mais umas dezenas de projetos. É que nem comparado com “Misleading Evil” se mostra muito relevante. Talvez possa recomendá-lo aos maiores entusiastas do estilo se ainda os há, e se os há, aos que não estejam ainda satisfeitos com material de Havok, Evile, Warbringer, Vektor e de todas as bandas da velha guarda, ainda no ativo, com lançamentos recentes em carteira.
Nota: 5.9/10
Nota: 5.9/10
Review por David Sá e Silva