Um nome já incontornável no mundo do Black / Death Metal, ou, como é chamado este nicho, War Metal, os Diocletian retornaram no ano passado com o seu quinto opus.
Os neozelandeses atingiram já o estatuto de banda de culto, com os álbuns "Doom Cult" e "Gesundrian", tornando-se no porta-estandarte atual para a vertente mais furiosa e militarística de War Metal, que tem como pioneiros os canadianos Conqueror e Revenge. Enquanto que "Doom Cult" foi mais starightforward e visceral, repleto de malhas memoráveis, "Gesundrian" de 2016 representou um passo em frente para a banda, a demonstar mais alguma audácia na composição, com uma maior variedade sonora, especialmente tendo em conta a falta de experimentação e cânones muito restritos deste subgénero.
A tarefa de superar "Gesundrian" não era fácil e as espetativas eram muito elevadas, especialmente tendo em conta o regresso da banda de um hiato e a presença de Impurath, vocalista dos Black Witchery (uma das principais bandas na história deste nicho), a assumir o papel de vocalista principal neste album.
Infelizmente, toda esta hype, que eu mesmo tive sendo um grande apreciador de todo o progresso dos Diocletian até ao seu hiato em 2015, não saiu representada com "Amongst the Flames of a Burning God" e o álbum ficou muito aquém das espectativas. É de notar que apenas um dos membros fundadores de Diocletian se manteve depois do hiato, sendo portanto uma banda quase totalmente diferente.
Assim pois, "Amongst the Flames of a Burning God" consegue soar a algo um tanto quanto diferente do trabalho que Diocletian fizeram no passado, mas ao mesmo tempo totalmente desinspirado, estagnante e um enorme passo atrás relativamente a "Gesundrian". Num género repleto de bandas genéricas e clones umas das outras, os Diocletian conseguiram ser com este novo álbum ainda mais desinspirados do que muitas dessas bandas genéricas. Com riffs nada memoráveis, estéreis, com uns ocasionais pormenores de maior interesse no departamento da guitarra solo ou riffs de tremolo num estilo de Black Metal mais puro, mas nunca o suficiente para agarrar o ouvinte, uma prestação extremamente desapontante do icónico Impurath, com um resgisto monótono ao longo de todo o álbum, terminando quase todos os versos com a mesma entoação, este álbum estava condenado desde o início.
Apenas a prestação na bateria se destaca neste álbum, no entanto essa nada prima pela originalidade. E.M., o baterista desconhecido que prestou o seu bárbaro talento atrás do kit neste álbum, é de facto o único com uma nota positiva, apesar de ser um claro ávido adepto de J. Read (Revenge, Conqueror), cujo estilo parece emular quase na perfeição, este apresenta uma prestação totalmente bárbara e controladamente caótica, martelando nos tambores de guerra com uma força herculana, e impregnando os seus ritmos frenéticos uma quantidade surpreendente de fills, de notar, por exemplo, em "Nuclear Wolves", em que contribui muito para o aspeto militante desta faixa (assim como de outros no decorrer do álbum).
Mesmo com esta nota positiva na bateria, a produção é tão lamacenta e mal conseguida que a bateria acaba por ofuscar as guitarras durante a maioria do álbum, especialmente nas secções mais rápidas de blasts. "Amongst the Flames of a Burning God" parece que tenta com a produção e bateria ser involuntariamente um álbum caótico, ou talvez voluntariamente devido à falta de inspiração presente nos riffs e composição, mas falha miseravelmente, pois, ao contrário de bandas como Proclamation, Black Witchery, Ululatum Tollunt, Vermin Womb e outras que masterizaram a arte do caos bestial neste género, falham na dinâmica musical, na visceralidade e na produção que é demasiado limpa (apesar de má) para este ramo do War Metal assim como na sua tentativa demasiado forçada de soar militante e militarístico.
Para concluir, as únicas faixas que penso ser de referir neste álbum são "Nuclear Wolves" e "Repel the Attack", que, não sendo nem de perto ótimas faixas, apresentam alguns momentos interessantes. Tirando isso, penso que para qualquer fã devoto de War Metal, já não impressionável pelo caos presente na maioria das bandas deste género, este é um álbum totalmente olvidável, talvez apenas interessante de ouvir pois trata-se de uma das bandas de renome na história do género.
Nota: 4/10
Nota: 4/10
Review por Filipe Mendes