Possuidores de uma carreira bastante respeitável, os Borknagar editaram em 2019 o seu 11º álbum, "True North", que sucedeu o bem aclamado "Winter Thrice", porém, com um lineup ligeiramente diferente desta vez.
Saem Baard Kolstad (bateria), Jens F. Ryland (guitarra) e… Vintersorg, sendo substituídos por Bjørn Dugstad Rønnow e Jostein Thomassen respetivamente, ficando o lugar de Vintersorg ocupado apenas pelo incremento de vozes de ICS Vortex e Lars Nedland. Logo aí fica-se com vontade de torcer o nariz a este "True North", visto que o grande predicado do supracitado "Winter Thrice" foi o magnifico jogo vocal protagonizado pelos 3 vocalistas, aos quais ainda se juntou Kristoffer Rygg dos Ulver em alguns temas. Mas é verdade que os Borknagar não nasceram ontem e mais do que habituados a este tipo de mudanças já estão eles, conseguindo sempre lançar álbuns de elevada qualidade.
Como tal, após algumas audições rapidamente se chega à conclusão de que "True North" é sim senhor um bom disco, contudo e tendo em conta a sua semelhança sónica com "Winter Thrice", também se percebe que fica um tanto aquém daquilo que este coletivo nos tinha vindo a dar até então. Por melhor e mais carismática que seja a voz de ICS Vortex nos seus diferentes registos, o black metal melódico e progressivo, que é neste momento a essência dos Borknagar, sai sempre mais reforçado quando existe a pluralidade vocal de um passado não muito distante.
Resta apenas dissertar sobre "True North" de forma instrumental e composicional. Realmente, uma vez mais, o coletivo liderado Øystein G. Brun não desilude. E tendo em conta o escrito anteriormente, decidem abrir o álbum com "Thunderous", uma daquelas malhas que só mesmo os Borknagar conseguem criar, onde os monstruosos riffs desenvolvem toda uma atmosfera épica que nos transporta diretamente para os cenários agrestes do inverno norueguês.
Aliás, é uma constante ao longo de "True North" a forma como estes músicos invocam, de maneira exímia, diversas paisagens sonoras alusivas ao inverno, apoiadas na dicotomia entre agressividade e calma, mostrando os dois lados quase antagónicos desta estação tão inspiradora. "Wild Father’s Heart" e "Voices", por exemplo, mostram-nos o lado mais delicado dos Borknagar, quase em jeito de baladas, sem que caiam em qualquer tipo de cliché mais sentimental ou lamechas.
Em suma, é de certa forma algo limitador e até injusto emitir um julgamento sobre a qualidade de "True North", tendo como base a comparação com os trabalhos anteriores. Mas tal exercício acaba por ser tão natural como por vezes até inconsciente. "True North" à sua maneira acaba por manter a bitola de qualidade a que este coletivo já nos habituou, o que no final das contas não é assim tão pouco.
Nota: 7.5/10
Nota: 7.5/10
Review por António Antunes