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Reportagem: Veinless e HPS @ Hollywood Spot, Corroios - 04/01/2020


O Cine Teatro de Corroios, está de volta ao circuito de espaços que proporcionam palco aos concertos realizados no nosso país. Esta mítica sala está de cara lavada, fez algumas alterações e está apta a acolher espetáculos mais íntimos, como foi o caso do de esta noite. HPS e Veinless, duas bandas com sonoridades distintas, mas que se igualaram na entrega em palco.

Vindos da Amadora, os HPS são uma banda de punk/hardcore que encarna o espírito de Linda-a-Velha. Foi lá que se juntaram e foi também lá que deram o primeiro concerto e logo no Linda-a-Velha Hardcore Fest. De lá para cá têm tido oportunidade de fazer aquilo que mais gostam, tocar as suas músicas ao vivo. Estiveram no último Casainhos Fest e já têm concertos marcados para este ano, ao lado de bandas como os Viralata ou os Suspeitos do Costume. O seu empenho parece estar a ser devidamente recompensado e esta noite era a vez de dar oportunidade ao público de Corroios de os ver e ouvir. Mesmo tratando-se de uma banda recente, Vitor Libanio e os seus “sobrinhos” têm já algumas malhas no seu repertório, que teimam em ficar no ouvido de quem já assistiu aos seus concertos. Logo após uma pequena introdução aconteceu isso mesmo, quando deram início ao tema “Zombie Catita”. As suas músicas, que são conhecidas também pelos seus nomes “originais”, estão carregadas de uma boa disposição contagiante que aumenta sempre que Vitor fala um pouco sobre elas. “El Chapo”, “Verme Sanguinário”, “Coca Cola Furiosa” e “Lacticínios Delinquentes” foram tão bem aceites pelo público, que fizeram com que estes trinta e cinco minutos de acuação parecessem ter voado. A audiência pedia mais uma e pode até escolher entre “Zombie Catita” ou “Coca Cola Furiosa”. Venceu a primeira que foi assim tocada duas vezes nesta noite e encerrou uma boa atuação dos HPS. 

Seguiram-se os Veinless. Esta banda do Feijó conta já com uma década de existência e com um EP e um álbum gravados. Sem rotularem o seu som como pertencendo a este, ou aquele estilo, optam antes por dizer que ele reflete a junção dos gostos e experiência musical de todos os elementos da banda. Talvez seja essa a razão que os leva a terem temas cantados em inglês e português, numa alternância que nos impede de afirmar com certeza, quais soam melhor. Este quarteto apresentou nesta noite uma dezena de temas de enorme qualidade, que orbitam pelo rock, metal e thrash.

Iniciaram a sua atuação com o tema “A Beggars Tale” e quem não conhecia os Veinless ficou decerto impressionado com a solidez desta banda. A voz de Sandro Martins é rouca, forte e transmite firmeza a um som, que é já por si todo ele bastante compacto. “Basta Besta” foi o primeiro tema cantado em português e que veio confirmar o referido no parágrafo anterior. Esta banda soa bem, independentemente do idioma em que canta. Após agradecimentos o concerto continuou havendo por esta altura muito movimento entre o público, que se tinha dado um ar da sua graça durante o concerto dos HPS, aproveitou para se soltar por completo durante a atuação dos Veinless.
Após o tema “Stone Breather”, o baterista “Thrash” cedeu o seu lugar a Pedro Peralta dos Alpha Warhead, convidado neste concerto para tocar o tema “Saudade”, um original dos Heróis do Mar. Com todos os elementos de volta ao palco, houve tempo para “Outra Vez”, faixa do álbum “IX” de 2017 e que tem direito a um vídeo gravado pela banda. Os Veinless anunciaram o fim do concerto, mas acabaram por tocar ainda o tema “Share the Guilt (TV Wars)” e um tema novo, cujo nome não foi referido. No final ouve lugar a uma foto de grupo, com a presença em palco os HPS.

Mais um belo espetáculo, proporcionado por duas bandas portuguesas, que a Soul Rising – Productions oportunamente se lembrou de convidar para tocar nesta histórica sala de Corroios. A qualidade dos Veinless leva, no entanto, a que se pergunte porque é que esta banda não é mais vezes requisitada para outro tipo de concertos ou festivais.


Texto por António Rodrigues
Fotografias por Vasco Rodrigues
Agradecimentos: Soul Rising – Productions