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Reportagem: Sons of Morpheus e Desert Mammooth @ Cine Incrível, Almada - 22/01/2020


Dois anos e meio depois, os Sons of Morpheus regressaram ao nosso país. Se a primeira visita a Portugal tinha como objetivo a promoção de Nemesis, o concerto dado no Cine Incrível, no passado dia 22 de janeiro, tinha como prato principal The Wooden House Session, lançado no ano passado. Convidados a abrir o concerto deste trio vindo da Suíça estavam os Desert Mammooth, banda que jogava em casa pois é oriunda de Almada.

Foi já com um ligeiro atraso que os Desert Mammooth começaram a sua atuação. Pouco público presente, mas que não deixou de aplaudir cada tema tocado por estes quatro músicos de Almada. A sonoridade desta banda pode ser descrita como stoner com laivos psicadélicos, muito por mérito do sintetizador de Salazar Minibrute. A banda não tem vocalista e por isso as únicas vozes que ouvimos durante a sua atuação, foram as provenientes dos samples que serviram de intro a alguns dos temas tocados naquela noite. Os Desert Mammooth passaram em revista os seus trabalhos desde There´s an Elephant in the Room de 2016, donde retiraram, por exemplo “Yellow Monkey” até à mais recente “Random Constellation”. Tocaram com muita vontade durante cerca de uma hora, tempo que durou a sua atuação. Apenas com o intuito de a avaliar, podemos dizer que a segunda meia hora foi mais do agrado do público, tendo em conta a forma como este se manifestou.

Faltavam poucos minutos para a meia noite quando os Sons of Morpheus começaram o seu concerto e fizeram-no com o tema “Free Soul”, tema retirado do álbum Nemesis de 2017 e que costuma ser habitualmente o escolhido para abertura dos seus espetáculos. Seguiu-se “Seed”, do seu homónimo álbum de estreia e o ritmo estava em alta com todos os presentes a movimentarem-se, tentando acompanhar. “Head in the Clouds” antecipou “Loner”, esta sim, retirada do último trabalho dos Sons of Morpheus. 
Verdade seja dita, este último álbum, apesar de ter um punhado de bons temas, fica ainda assim uns furos abaixo do seu antecessor. Não é, pois, de estranhar que o setlist se abastecesse maioritariamente de temas retirados de Nemesis, como por exemplo “Down”, uma grande malha que nos dá um cheirinho de Queens of the Stone Age. O som destes helvéticos é assim, não deixa ninguém indiferente e isso era facilmente verificado cada vez que terminavam de interpretar um tema, pois eram imediatamente aplaudidos. Não foi por a audiência do Cine Incrivel estar um pouco fraca, (estamos a falar de uma gélida quarta-feira, é bom que se refira isto), que este trio esmoreceu, nada disso. A sua atitude mantém-se quer toquem para mil, ou para vinte pessoas. O ambiente estava descontraído e até deu para Lukas Kurmann trocar as pilhas do transmissor do seu baixo entre duas músicas. O concerto dos Sons of Morpheus finalizou com uma jam de vinte minutos, onde os três músicos se recriaram com os seus instrumentos.

Valeu certamente a pena sair de casa e enfrentar o frio que se fazia sentir, para um pouco de convívio no Cine Incrível ao som destas duas magnificas bandas. De lamentar apenas o pouco público que marcou presença.


Texto por António Rodrigues
Fotos por Daniela Jacome Lima
Agradecimentos:  Sunburst Triptych e Carc Produções