A banda de rock instrumental espanhola Toundra está prestes a lançar um álbum bastante original chamado “Das Cabinet Des Dr. Caligari”, que será lançado no dia 28 de Fevereiro via InsideOutMusic. O álbum é a banda sonora para o clássico filme alemão, que comemora 100 anos em 2020, por isso não é propriamente um novo álbum de Toundra, é mais uma obra de arte criada por esta banda de quatro membros que reavivou este filme criando um nova atmosfera, sempre com a marca registada dos Toundra. O baixista Alberto Lopez respondeu a algumas perguntas da Metal Imperium sobre este novo lançamento. Continuem a ler…
M.I. – Antes de mais, muito obrigada por dedicares um pouco do teu tempo para responder às nossas perguntas! Como descreverias Toundra para aqueles que não estão familiarizados com a vossa existência / som?
Nós gostamos de dizer apenas “instrumental”, mas a palavra energético também se encaixa bem. Não é apenas pós-rock calmo.
M.I. - Vocês criaram uma banda sonora para "Das Cabinet des Dr. Caligari" (um filme de terror alemão de 1920, dirigido por Robert Wiene e escrito por Hans Janowitz e Carl Mayer, considerado o trabalho por excelência do cinema expressionista alemão) para comemorar o seu centenário. Por que decidiram fazer isso?
É uma iniciativa do Café Kino, eles trabalham em conjunto com bandas para fazer este tipo de trabalho. Estávamos ansiosos para fazer algo assim e temos a sorte de termos tido a oportunidade com eles e com este filme.
M.I. - És fã de cinema? Qual o género de que gostas mais?
Todos nós somos fãs de cinema. Nós gostamos de tudo, desde filmes indie obscuros a blockbusters. É difícil dizer... ultimamente tenho assistido a muitas comédias francesas, mas sou um grande fã de suspense.
M.I. - “Das Cabinet des Dr. Caligari“ teve algum impacto em ti? Quão importante foi / é?
Há uma mensagem importante no filme. Como alguns assuntos podem manipular outros para cumprir uma agenda. É surpreendentemente preciso para a situação em que vivemos hoje em dia. Podes relacionar-te com a mensagem 100 anos após a realização do filme.
M.I. - Existe outro filme para o qual gostarias de criar a banda sonora, porque achas que a original não lhe fez justiça?
Não estamos aqui para colocar o nosso trabalho acima do dos outros artistas. Gostaríamos de ter a oportunidade de construir algo do zero com os cineastas, seria lindo.
M.I. - Qual a tua opinião sobre cinema hoje em dia? Os dias de glória terminaram?
Há muito o que ver ultimamente... Graças a empresas como a Netflix, as novas gerações podem estudar filmes muito mais facilmente do que nós. Assim como a música, foi uma jogada necessária.
M.I. - Qual é o teu filme favorito de todos os tempos? Porquê?
Mainstream... Alien, the 8th passenger. Indie... Primer.
M.I. - E o teu diretor favorito? Porquê?
David Lynch. Sou um fã nerd de Twin Peaks.
M.I. - O novo álbum será lançado no final de Fevereiro e já têm algumas datas agendadas... quais são as vossas expectativas?
Mostrar aos nossos fãs uma nova abordagem à nossa música e também seduzir novo público.
M.I. - As faixas dos vossos lançamentos não são tão longas, mas este novo álbum inclui faixas com mais de 10 minutos... achas que funcionarão bem ao vivo quando comparadas com as anteriores?
Estas não são... "músicas". Elas são mais como "paisagens sonoras". Não há estrutura ou ganchos claros, mas existem motivos para as personagens e também o humor que queremos imprimir no filme.
M.I. – Estais a preparar algo especial para a apresentação ao vivo... como mostrar o filme em segundo plano para acompanhar a banda sonora ou algo assim?
Esta será a única maneira de tocarmos as músicas. Estas músicas nunca vão fazer parte de um concerto normal dos Toundra. É por isso que esta tournée será realizada principalmente em teatros ou cinemas.
M.I. - A banda supostamente moldou o futuro da música instrumental... por que optaram por ser uma banda instrumental?
Somos músicos, não cantores. Para nós, é realmente natural, não estávamos preocupados com isso em 2007 e estamos felizes por ainda o estarmos a fazer.
M.I. - Qual é a melhor definição para o vosso som? Em que género achas que os Toundra se encaixam melhor?
No último álbum... banda sonora ou rock ambiente. No geral... rock instrumental.
M.I. - Já pensaram em adicionar letras ao vosso som?
Trabalhamos assim noutro projeto, chamado Exquirla. Foi uma experiência bonita, mas obviamente fez-nos mudar a maneira como trabalhamos.
M.I. - Quão complicado é transmitir os vossos sentimentos e emoções apenas com melodias?
Surpreendentemente fácil. Os ouvintes encontram coisas bonitas na nossa música, às vezes surpreendem-nos.
M.I. - A banda não deixa de surpreender o ouvinte com os álbuns que lança... como é a interação ao vivo?
Adorável, muitos descobrem novos sentimentos ao vivo que não encontraram no álbum, há espaço para surpreender o público.
M.I. - O que aprendeste desde a formação da banda?
Trabalho duro e disciplina é a única maneira de conseguir as coisas.
M.I. – Os Toundra alcançaram todas as metas e objetivos que tinham estabelecido?
Todos os novos marcos são cumpridos (depois de muito trabalho)... não poderíamos estar mais felizes.
M.I. - Vocês tentam manter a criatividade e colaboraram com Niño de Elche em "Exquirla"... como foi unir forças com cantores de flamenco?
Foi surpreendentemente fácil e bonito. Estamos muito orgulhosos desse trabalho.
M.I. - Vocês já pensaram em prosseguir com essa colaboração ou foi apenas uma coisa única?
Estamos abertos a fazer mais coisas assim... quem sabe?!
M.I. - Quais são as vossas influências musicais? Quanto impacto tiveram no vosso som?
Bandas como Fugazi, At The Drive-in ou Neurose. Eu acho que é óbvio que os ouvimos muito quando éramos adolescentes.
M.I. - Por favor, deixa uma mensagem aos leitores do Metal Imperium Webzine. Muito sucesso para vocês!
Espero que gostem do novo álbum juntamente com o filme! É um filme bonito e estamos ansiosos por tocar a banda sonora ao vivo para vocês!
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Entrevista por Sónia Fonseca