About Me

Entrevista aos Bonded


Bonded, a nova banda dos ex-membros dos Sodom Bernd "Bernemann" Kost (guitarras) e Markus "Makka" Freiwald (bateria), tem o prazer de anunciar o lançamento do seu álbum de estreia "Rest In Violence" no dia 17 de Janeiro de 2020 via Century Media. A banda, que também apresenta o segundo guitarrista Chris Tsitsis (ex-Suicidal Angels), o baixista Marc Hauschild e o vocalista Ingo Bajonczak (Assassin) na sua formação, criou um álbum de estreia de Thrash Metal altamente versátil e contundente, com o produtor Cornelius Rambadt (Sodom, Disbelief, Onkel Tom) nos Rambado Recording Studio em Essen, Alemanha. "Rest In Violence" também tem Bobby "Blitz" Ellsworth, de Overkill, como vocalista convidado, além do ex-baixista dos Kreator Christian "Speesy" Giesler na faixa-título do álbum e o lançamento vem com arte de Björn Gooßes / Killustrations (Aborted, The Crown , Carnal Forge). Bem, já que este promete ser um lançamento brutal, a Metal Imperium decidiu colocar algumas questões a Makka, Bernemann e Ingo sobre "Rest In Violence"... eis o que eles tinham a dizer...

M.I. – O vosso álbum de estreia será lançado em Janeiro, mas a notoriedade dos membros envolvidos no projeto já vos deu muita atenção... isso incomoda-te de alguma forma? Saber que as pessoas vão ouvir Bonded e comparar o seu som com as vossas outras bandas?

Makka - Isso não nos incomoda... antes pelo contrário. Ficamos satisfeitos que as revistas, editoras e fãs nos prestem atenção. No começo, as pessoas vão comparar a nossa música com as bandas anteriores, é claro, mas isso é bom para nós. Não precisamos de nos esconder com o "Rest In Violence" e estamos orgulhosos do produto. As pessoas devem ouvir o álbum e tentar criar a sua própria opinião sobre ele.


M.I. - Achas que os ouvintes terão sempre a tendência de comparar os Bonded com as vossas bandas anteriores? Isso pressiona-vos?

Makka - Não, como disse antes, não sentimos nenhuma pressão sobre nós...


M.I. - A banda já é um sucesso antes mesmo do lançamento... quão difícil é ser tão "grande"? Já alguma vez desejaste voltar ao anonimato, andar livremente e ser apenas uma pessoa normal?

Makka - Para nós, até agora, é um grande sucesso, mas não acho que já somos grandes na cena do metal. Até agora, temos muitas reações positivas pelos singles que já foram lançados. Mas, ser grande na cena significa muito mais. Os Kreator, por exemplo, são bem-sucedidos, se pudéssemos ir nessa direção um dia seria a melhor coisa para nós...


M.I. - O primeiro single de "Rest In Violence" é "Je Suis Charlie”... é uma referência a ataques terroristas? Quanto é que este tipo de ataque te afecta? Na semana passada, Londres foi palco de mais um ataque terrorista... preocupas-te com isso?

Bernemann - Infelizmente, ataques terroristas têm sido comuns nos últimos anos. Nunca vou entender como as pessoas são capazes de tais reações. Visto dessa maneira, eu vejo-me, no meu papel de músico, como intermediário. Os metaleiros que conheci em todo o mundo são todos iguais. Se tocas na Turquia, Japão ou América do Sul, não faz diferença. Diferentes temperamentos sim, mas, no final, todo o mundo quer festejar e divertir-se em paz. Não importa qual a religião a que pertence. O metal cria relações muito mais fortes nas pessoas do que a política ou a religião.


M.I. - A banda formou-se no dia 1 de Janeiro de 2018... foi uma decisão sóbria ou vocês ficaram felizes (e talvez um pouco bêbados) com o Ano Novo e tomaram essa decisão louca?

Makka - (Risos) oooooh sim. Foi uma decisão mais do que sóbria. Eu e o Bernemann temos estes slogans: "Nunca desistas" e "Sem desculpas”... Para nós, nunca foi uma opção deixar de fazer música depois de sair dos Sodom. Então, decidimos formar uma nova banda com óptimos músicos e, idealmente, bons amigos...



M.I. - Bernd "Bernemann" Kost e o baterista Markus "Makka" Freiwald são consistentes e autênticos há mais de 30 anos e ambos estão profundamente enraizados no que poderia ser considerado a origem do Thrash Metal alemão. Qual o impacto do Thrash Metal alemão na tua vida? Esperavas estar activo durante tanto tempo?

Makka - Thrash Metal foi e ainda é uma grande parte das nossas vidas. Conheci o Bernemann pela primeira vez aos dezasseis anos e, desde então, somos bons amigos. Nunca pensamos em quanto tempo íamos sobreviver na cena do thrash metal. A vida pode ser uma idiota às vezes e nunca sabes o que vai acontecer. Só podemos agradecer por ainda estarmos cá e ainda sermos saudáveis. Eu, pessoalmente, quero estar ativo, desde que a minha mente e o meu corpo estejam sãos... acho que, neste caso, falo por todos os membros da banda...



M.I. - Os membros da banda têm uma história enorme, intensa e experiência como músicos em bandas como Despair, Angel Dust, Voodoo Cult, Kreator e Sodom. Quanto é que o vosso arsenal de experiência em termos de composição, produção e performance vos ajudou nos Bonded?

Makka - Durante 3 décadas de experiência, aprendemos todos os dias como compor, produzir e como actuar no palco. É apenas um processo normal na vida quando adoras o que fazes... É claro que nos ajudou muito a formar uma banda como os Bonded. Fomos muito criativos e, por isso, escrevemos mais de 40 músicas. Dessas músicas, escolhemos as 12 mais fortes para o nosso primeiro álbum. Com a experiência e as ideias do Marc, Chris e Ingo, criamos um álbum que nos permite sorrir sempre que o ouvimos.


M.I. - Por que sentiram a necessidade de criar os Bonded, considerando que não são tão diferentes quando comparados às vossas bandas anteriores? Desejam adicionar algo extra ao género?

Makka - Como eu disse antes, gostamos de fazer música e não faz sentido comparar-nos com qualquer sucesso anterior. Fazemos o que já fizemos e adicionaremos algo extra ao género, acredita... pelo menos esperamos poder adicionar algo especial...


M.I. - O nome Bonded vem do facto de estarem vinculados à vossa origem sem ficarem obsoletos?

O nome Bonded é apenas um reflexo do que somos. Somos 5 bons amigos que gostam de fazer música juntos, beber cerveja em festas ou simplesmente sair juntos. Estamos em contacto quase todos os dias e divertimo-nos muito quando nos encontramos.


M.I. - Após a formação da banda, Bernemann e Makka uniram-se a Chris Tsitsis (ex-Suicidal Angels, Destroy Them) como segundo guitarrista, Marc Hauschild no baixo e Ingo Bajonczak de Assassin (ex-New Damage, ex-Supersoma, ex-Lord of Giant). Esta é uma formação bastante luxuosa... estão dedicados apenas a este projeto agora?

Bonded não é apenas um projeto para nós. Esta é uma banda séria para todos nós. Claro que o Ingo e o Chris ainda estão ativos nas suas bandas Assassin e Destroy Them, mas isso é bom. Ainda estou ativo nos Despair, mas todas essas atividades não afetarão os Bonded de nenhuma maneira. Estamos bem com isso.


M.I. - Por que escolheram o título “Rest in Violence”? É uma mensagem para o mundo e a sociedade atualmente?

INGO - Antes de tudo, parece ser um título interessante para um álbum de Thrash Metal! Para ser sincero, pensei em lidar com o tema do conteúdo lírico das músicas (tríades chinesas / os seus códigos e o seu conceito de omertà) - é um jogo de palavras e lembra a atitude agressiva do álbum e faixa título! E, é claro, desejamos a todo o mundo e à sociedade apenas paz e bons tempos - de qualquer maneira, o mal acontece por si só.


M.I. - Liricamente, “Rest In Violence” oferece uma ampla variedade de temas e tópicos. Podes nos esclarecer um pouco mais?

INGO - Claro. A faixa-título “Rest In Violence” é uma música sobre tríades chinesas e os seus códigos de honra. Bobby Blitz Ellsworth fez um óptimo trabalho aqui, recriando várias linhas dos versos e acertou totalmente na sua performance vocal!!! As letras de “Suit Murdurer”, o nosso segundo vídeo-single, lidam com a opressão do povo e o poder dos grandes empresários responsáveis ​​- são cruéis e aceitam matar pessoas por dinheiro - são assassinos de fato!!! “Je Sui Charlie”, o nosso primeiro vídeo-single, é uma afirmação clara e direta da liberdade de expressão e contra a ameaça do medo! Recorda os assassinatos de Charlie Hebdo e é um sinal de solidariedade aos mortos, pois a verdadeira vítima que permanece aqui é a nossa liberdade!!! “The Rattle & The Snake” é um divertido excerto lírico e irónico sobre matar e morrer no oeste selvagem. “No Cure For Life” é um tema muito pessoal e deve ser interpretado por cada um como bem entender. Também temos um drama conceptual de ficção científica, horror e terror, estruturada numa trilogia nas músicas “Galaxy M87”, “Arrival” e “The Beginning Of The End”, que se baseia em influências de filmes como Alien & Prometheus, bem como nas obras de H.P. Lovecraft.! Finalmente, pode dizer-se que a abordagem lírica dos Bonded é tão variada quanto a música!


M.I. - Neste álbum, contaram com a ajuda de amigos, especialmente na faixa-título "Rest In Violence", que apresenta Bobby "Blitz" Ellsworth dos Overkill nas vozes, bem como o ex-baixista dos Kreator Christian "Speesy" Giesler. Como surgiram estas colaborações?

Bernemann - Eu conheço o Bobby há muitos anos. Sempre nos encontramos em concertos por todo o mundo, bebíamos uma cerveja juntos e conversávamos um pouco, e tornamo-nos amigos. Ele convidou-me para um concerto dos Overkill na Alemanha em Março passado. Lá ele perguntou-me sobre a minha nova banda, e eu disse-lhe que fizemos um acordo com a Century Media e que o nosso amigo Speesy (ex Kreator) gravaria uma música connosco. O Bobby, espontaneamente, ofereceu-se para cantar essa música, se eu quisesse... FODA!! Claro que eu queria. É uma grande honra e alegria para mim. Aos meus olhos, Bobby é um dos últimos grandes personagens da cena.


M.I. - A capa do álbum de estreia, "Rest In Violence", foi feita pelo teu bom amigo Björn Gooßes, da Killustrations. Qual é a mensagem? Será que a violência está a matar a nossa sociedade e, em breve, a humanidade desaparecerá para sempre?

Makka - Na minha opinião, é uma alusão ao carácter do nosso tempo - vivemos tempos violentos e isso pode ser encontrado em muitos aspectos da nossa vida diária! Até o silêncio pode estar cheio de violência - isso está patente na capa, com ossos e espinhas como símbolo da morte.


M.I. - Vocês já são todos adultos... há alguma mensagem que gostariam de passar para as bandas mais jovens? Alguém te deu conselhos que te ajudaram musicalmente?

Makka - Eu diria que eles têm que cometer erros na vida da banda, caso contrário eles não aprenderão a evitá-los. Uma banda não é capaz de crescer e vingar sem cometer erros. A música é uma arte e não pode haver um vencedor. Há sempre alguém que tem mais sucesso do que tu. Portanto, continua e tenta chegar o mais longe possível. O meu slogan é: nunca desistas... Enfim, eu não acho que as novas bandas gostariam de receber conselhos de tipos velhos como nós (risos)!

INGO - É por isso que temos um jovem nos Bonded que nos guia (risos)!


M.I. - A banda está a fazer alguns concertos aqui e ali, mas haverá uma tournée para promover o "Rest in Violence"? Espero que venham tocar a Portugal em breve!

Makka - Convidem-nos e nós iremos aí. Esperamos poder tocar num belo festival ou fazer uma pequena tournée em Portugal. Estive aí muitas vezes com os meus amigos dos Moonspell e de Lacuna Coil. Eu amo Portugal. A minha esposa é portuguesa e temos uma casa perto de Coimbra, numa vila chamada Mortágua. Penso morar em Portugal quando me aposentar.


M.I. - Tendo estado ativos nos últimos 30 anos, resta mais alguma coisa para alcançares como músico? E como indivíduo? Ainda há muitos objetivos que pretendes alcançar?

Makka - Todos os objetivos que alcançamos com as nossas bandas anteriores no passado também queremos alcançar com os Bonded. O próximo passo é promover o próximo álbum da melhor maneira possível e tocar ao vivo o máximo que pudermos.


M.I. - Por favor, deixa uma mensagem aos fãs e leitores portugueses da Metal Imperium Webzine.

Makka - Obrigado por todo o vosso apoio ao longo de todas as décadas em que temos estado na cena. Fiquem atentos e “Bonded” a nós. Esperamos encontrar-vos em alguns concertos no vosso adorável país. 

For English version, click here

Entrevista por Sónia Fonseca