About Me

Entrevista aos Amberian Dawn


Formada em 2006, a banda finlandesa Amberian Dawn é já bem conhecida no universo do metal, tendo lançado um álbum no espaço de cada um a dois anos, começam este ano de 2020 com o lançamento de um novo álbum “Looking For You” e novidades.


M.I. - Então vocês têm um novo álbum a sair no final neste mês, estão ansiosos pelo seu lançamento?

Sim, claro, é sempre bom quando lançámos uma nova música. O processo é bastante longo, são vários meses, vários singles pelo caminho, antes do próprio lançamento, por isso leva algum tempo, contando com entrevistas, etc., é um processo agradável.


M.I. - A capa do novo álbum tem um aspeto mais futurista que as outras, podemos esperar algo diferente?

Sim, é diferente, musicalmente. Acho que é mais metal pop, não tanto metal sinfónico. Mas ainda temos uma música no álbum que é mais tradicional, ao estilo dos anos 80, na qual temos o Fabio Lione como convidado. Por isso, temos uma música que é mais tradicionalmente metal sinfónico e o resto do álbum é mais tipo metal pop, há um termo que tem sido utilizado ultimamente, metal ABBA, por isso, acho que é metal ABBA.


M.I. - Como decidiram o título do novo álbum? Foi uma escolha difícil?

Normalmente é uma escolha difícil, mas não desta vez. Por alguma razão, foi fácil escolher o título, porque nos parecia acertado. Ok, não precisa necessariamente de ser uma música, pode ser algo totalmente diferente, o título do álbum. Por exemplo, os Metallica têm o “Black Album”, por isso não é suposto ser necessariamente baseado em alguma música. Mas desta vez, senti que “Looking for You” era também bom como título do álbum, por isso, assim aconteceu.


M.I. - Qual foi a maior inspiração durante o processo de composição do novo álbum?

Oh, eu acho que o processo de composição foi o mesmo de sempre, por isso, não houve grandes mudanças. É difícil descrever o processo criativo a outras pessoas, mas, normalmente, apenas começo a improvisar na guitarra ou no teclado. Apenas improvisando, brincando e tentando encontrar algo e assim que tenho a primeira ideia, pode ser qualquer coisa, pode ser uma mudança de acordes, uma pequena melodia ou outra coisa, continuo a trabalhá-la, levando-a mais longe, por isso, é algo que dá muito trabalho, não é tão entusiasmante como as pessoas acham. Compor música exige trabalho e, às vezes, pode mesmo ser aborrecido, se não tiveres nenhumas boas ideias estás a gastar horas e horas e não ficas com boas canções, pode ser aborrecido. Por isso, acho que é mais difícil do que as pessoas pensam e tive uma branca, depois do lançamento do álbum anterior, que durou seis ou sete meses. Depois do lançamento do álbum, não tinha ideias para novas músicas, tentei fazer coisas novas, mas não compus nada bom o suficiente, porque, para mim, tem que estar tudo perfeito, não quero fazer música mediana. Tive um grande bloqueio criativo e precisava de encontrar algo novo. Por isso, tomei a decisão de que não queria mais o estilo antigo e precisava de fazer algo novo... tentei este novo estilo e senti que era fácil começar a trabalhar com ele.


M.I. - Que música, deste novo álbum, é a tua favorita?

Hum, há várias músicas favoritas e, normalmente, variam! Hoje pode ser esta canção e amanhã uma outra. Por isso, neste momento, gosto da “Two Blades”, por exemplo, mas talvez há uma semana atrás preferisse a música sinfónica. As músicas favoritas estão sempre a mudar.


M.I. - Já com três singles lançados, como tem sido o feedback dos vossos fãs?

Tanto quanto sei, parece que as pessoas estão a gostar do estilo novo. Há muito bom feedback.
Mas claro, também há feedback negativo, é sempre assim. Quando estás a fazer algo diferente, vai haver sempre quem não goste do novo estilo. A mim, parece-me que a maior parte da nossa audiência está a realmente a gostar, por isso, acho que estamos a fazer algo certo.


M.I. - Uma das músicas lançadas é uma cover dos ABBA. Porquê a escolha desta música em particular e não uma menos conhecida?

Para mim, a música tem que parecer certa, deves sentir que é a canção certa para fazer uma cover. Não consigo simplesmente decidir que quero fazer esta ou aquela música, tenho que sentir que é a certa e, por alguma razão, a “Lay All Your Love on Me” pareceu-me certa. Não consigo descrever o porquê, mas quando fiz demos da canção no meu estúdio, foi naturalmente fácil fazê-la funcionar. Tentei outras mas não funcionavam, por alguma razão. Não sei porque foi deste modo, talvez tenha algo a ver com o nosso estilo antigo, porque os Amberian Dawn têm um estilo antigo e fazer esta cover dos ABBA era mais próxima dele, por isso foi fácil fazê-la funcionar como nossa.


M.I. - Que tipo de feedback têm recebido por esta cover?

Um bom feedback. Parece que as pessoas estão mesmo a gostar da versão. Também recebi comentários em que as pessoas sugeriam fazer um álbum repleto de canções dos ABBA. É uma ideia interessante a de fazer um álbum apenas com covers e penso que existe uma possibilidade de o fazer no futuro. Acho que tudo depende do que acontecer depois do lançamento, qual o feedback do álbum e como me sinto em relação a tudo. Terei motivação para compor mais canções? Porque também devemos estar motivados, devemos sentir-nos bem em relação a compor música. Portanto, se não tiver inspiração para fazer coisas novas, há sempre a possibilidade de fazer mais covers e até um álbum inteiro de covers.


M.I. - Como decidiram como o videoclip devia ser?

Decidimos em conjunto com a nossa editora Napalm Records, pensámos em todas as opções e tomámos as decisões em conjunto. Assim, acordámos que canções dariam bons singles. Existem outras canções que seria interessante fazer, mas temos que escolher três temas... seria bom fazer todos os singles, todas as canções como singles, mas não é possível, temos que escolher três, e penso que foi bastante fácil escolher, porque existem diferenças entre elas, não são muito similares.


M.I. - Neste novo trabalho, existe uma ligação entre canções?

Nem por isso. Penso que são separadas. Não acho sequer que exista uma ligação com as letras. Acho que são apenas canções separadas.


M.I. - Que canções mais têm tocado?

Bem, eu acho que a “River of Tuoni”, “Valkyries” e recentemente “Fame & Gloria” são das mais frequentes, e também a “Magic Forest”, acho que estas são as mais tocadas em palco. É difícil escolher canções para os espetáculos ao vivo, porque temos muitas por onde escolher e só temos tempo para tocar dez a quinze temas, então temos que deixar de parte muitas canções boas. É uma pena, mas o que se pode fazer? Eu sei que as pessoas respondem sempre bem à “River of Tuoni” e à “Valkyries”, por isso não podemos deixá-las de parte... e quando estamos a lançar um álbum novo, temos que tocar três ou quatro canções novas. Então não há muito por onde escolher.

M.I. - Qual foi a coisa mais engraçada que já vos aconteceu em palco?

Hum, a mais engraçada? Depende do que se acha engraçado. Têm havido alguns incidentes em palco, por exemplo, na tour com os Epica em 2009, ficámos sem os nossos monitores de palco e não nos ouvíamos a nós próprios a tocar, por isso tivemos de parar de tocar a meio de uma música. Não sei se foi engraçado ou não, talvez para algumas pessoas tenha sido, porque devemos ter parecido um bocado parvos, já que não sabíamos o que estava a acontecer, estávamos a olhar uns para os outros e simplesmente parámos de tocar. Por isso, foi um pouco engraçado.


M.I. - Costumam encontrar-se para fazer algo não relacionado com os Amberian Dawn?

Alguns de nós encontramo-nos regularmente, porque eu, o Joonas e o Emil moramos na mesma cidade, mas a Capri e o Jukka moram noutras cidades e não nos encontramos muito. Mas eu, o Emil e o Joonas vemo-nos algumas vezes por mês, normalmente vamos beber um copo ou algo do género.


M.I. - Como se preparam para um espetáculo?

Não fazemos nada especial, de verdade. Normalmente mudo de roupa e é isso, não sei, existe algum tipo de preparação? Nem por isso. Costuma ser bastante aborrecido nos bastidores, antes dos concertos, não acontece nada, talvez estejam algumas bandas a atuar e nós temos equipa técnica que trata muito bem das nossas coisas, por isso não temos que ir para o palco preparar os nossos instrumentos ou fazer algo, só temos de esperar nos bastidores e é muito aborrecido.


M.I. - O que é que este ano trará para os Amberian Dawn?

Oh, vamos ver. Espero que sejamos capazes de fazer uma tour, pelo menos na Europa. É sempre muito difícil conseguirmos tocar em festivais porque existem muitas outras bandas e há mais bandas a querer tocar no mesmo festival e, ao mesmo tempo, temos aquelas grandes bandas antigas, como Iron Maiden e Dream Theater, que entram automaticamente no festival, por isso não há muitas vagas disponíveis para bandas mais pequenas. Mas temos esperança de conseguir tocar em alguns festivais no verão e penso que vamos fazer uma tour no outono, pelo menos é o nosso objetivo. 


M.I. - E essa tour inclui uma visita a Portugal ou ainda não sabem?

É possível. Mas também é difícil… Quando estamos em tour pela Europa, não podemos ter uma grande distância entre sítios, temos que viajar, no máximo, uma distância de 500 kms, porque não podemos conduzir dois dias seguidos, isso é impossível. Por exemplo, o autocarro Night Rider Bus é muito caro e não podemos fazer longas viagens, portanto, normalmente, é difícil incluir países como Espanha e Portugal porque estão demasiado longe do centro da Europa. Mas também é possível, dependendo do nosso sucesso nestes países... se o nosso álbum estiver a vender bem nestes sítios, teremos melhores ofertas dos vossos promotores e será possível tocar aí. Então, se querem ver-nos tocar em Portugal, só precisam de comprar os nossos álbuns, é tão simples quanto isso, porque assim os promotores interessam-se por nós e podemos ir aí. É um facto, é a vida.


M.I. - Como descreverias o percurso dos Amberian Dawn desde a estreia com “River of Tuoni”?

Tem sido uma grande viagem, com cerca de dez ou onze anos. Tem sido divertido. Quando comecei a banda, era bastante inexperiente, não tinha muita experiência em tocar numa banda e era tudo novo para mim, também muitos dos membros da banda eram novatos, inexperientes, por isso, todos começámos do zero. Não tínhamos muita experiência a tocar enquanto músicos numa banda, era tudo novo e aprendemos bastante.


M.I. - Alguma mensagem para os fãs?

Bem, estamos a fazer isto para os nossos fãs, por isso, espero que estejam a ouvir o nosso material novo e de preferência a gostar dele. Mas, há também muito material antigo, talvez tenhamos feito oito ou nove álbuns, portanto são muitas canções por onde escolher e se tudo correr bem, vemo-nos em tour. É sempre muito divertido ir em tour... menos a parte de ficar nos bastidores antes do concerto, que não é muito divertido, tirando isso, é bom.

For English version, click here

Entrevista de Tatiana Andersen