Tendo em conta a quantidade de álbuns que todos os dias saem para o mercado, alguns com uma qualidade bastante duvidosa, parece dificil de entender as razões que levaram a que uma banda comos os Drakkar fizessem uma tão grande travessia do deserto para lançarem o seu álbum de estreia. Apenas no final do passado ano editaram "Mostrengo", o seu primeiro álbum. É verdade, foram precisos, quase trinta anos para que "Mostrengo" visse a luz do dia e trinta anos é muito tempo. Nascidos na região de Setúbal em 1990, os Drakkar marcaram o princípio dessa década com o lançamento de algumas demos, mas nada mais para além disso, apenas um enorme vazio, quebrado agora com este registo.
Valeu a pena esperar? Decididamente que sim. "Mostrengo" é um trabalho muito bom, com cerca de oito boas composições de heavy/power metal. Outra coisa não seria de esperar destes cinco experientes músicos. Encontramos facilmente ligações entre eles e outras bandas reconhecidas do panorama musical nacional, tais como Fantasy Opus; Shivan e Veinless. Para além disso, estes temas tiveram também tempo mais que suficiente para amadurecer, serem aperfeiçoados, sem pressas e, se bem que isso não seja o mais importante, surgirem neste álbum com uma sonoridade bastante fresca.
Um dos fatores de curiosidade deste álbum deve-se a ele ser bilingue, cantado em inglês e português, o que não é nada habitual. Torna-se dificil dizer se eles soam melhor neste ou naquele idioma, parecendo até que a escolha da língua a usar em cada um dos temas não foi ao acaso, mas sim muito bem ponderada. De qualquer forma, Pedro Arroja está nitidamente confortável em qualquer uma delas. Instrumentalmente o álbum está também muito bom, com uma forte secção rítmica e com solos de guitarra maravilhosos, que possuem um som bastante característico.
O primeiro tema deste trabalho chama-se “Drakkar” e é exemplificativo do espírito de união desta banda, perfeito cartão de apresentação. Em “Frozen Tears”, encontramos umas belas letras que procuram homenagear Quorthon e são sem dúvida as mais sérias de entre todas elas. Todas as outras nos falam de fantasia, do imaginário e coragem, tal como deve acontecer num álbum de power metal. O tema que encerra este trabalho tem já bastantes anos e até já tinha sido gravado anteriormente na demo "Donos do Mundo", de 1993. Os Drakkar recuperaram “Vingança do Dragão” e incluíram-na em "Mostrengo". Aposta ganha, pois é mais um poderoso tema a juntar aos anteriores sete.
Abençoado o “clic” que fez com que este pessoal entrasse em estúdio para gravar este álbum. Uma vez ouvido na totalidade, "Mostrengo" leva-nos a querer ouvi-lo de novo e talvez perguntar: “Por onde é que esta banda andou todo este tempo?”. É um bom trabalho que já merecia ter sido lançado há mais tempo, sem dúvida. Agora que finalmente aí está, resta-nos disfrutar e esperar poder ver os Drakkar a interpretar estes temas ao vivo.
Nota: 8.8/10
Nota: 8.8/10
Review por António Rodrigues