Tarja Turunen, uma das vozes femininas mais queridas da cena do symphonic metal, está de volta. São 14 anos que a separam desde a sua saída dos Nightwish, para a construção da sua carreira a solo. Durante esse percurso já conta com uma discografia, tão ou mais longa, do que a do período em que fez parte dos Nightwish. Já está mais que na altura de a deixar fluir, em vez de ficarmos presos à nostalgia dos tempos em que Tarja não caminhava sozinha.
Este novo disco, “In The Raw”, trouxe uma Tarja mais profunda e mais intimista, tendo o seu álbum sido concebido como forma de libertação de todos os elementos em bruto. O álbum é introduzido com o tema “Dead Promises”, que conta com a colaboração de Bjorn “Speed” Streed (vocalista de Soilwork), começando a rasgar, com riffs de guitarra viciantes, mais a combinação do canto lírico de Tarja. É importante referir que a presença da voz de Bjorn foi uma excelente escolha. Trouxe os ingredientes para tornar a receita perfeita. Tornou a canção mais intensa e crua nas partes em que solta os seus subtis, mas não despercebidos, growls. "Dead Promises" é sem dúvida uma das mais impactantes faixas do disco, tendo como suporte de produção muito bem conseguido.
Continuando nos duetos, segue-se um dos duos mais aguardados, com a presença da frontwoman dos Lacuna Coil, Cristina Scabbia, que nos mostra os ares da sua graça em "Goodbye Stranger". Ao longo da escuta as expectativas seriam um duelo de vozes distintas, mas foi transfigurado para uma harmonia e equilíbrio de duas vozes que se contrastam. O que acaba por obter de certa forma pontos a seu favor. Não deixa de ser uma faixa interessante, consideraria talvez o single mais radio friendly, contendo riffs de guitarra acelerados, um refrão que fica no ouvido e uma pitada de elementos eletrónicos.
Relativamente às faixas "Railroads"; "You and I" e "The Golden Chamber", estas transportam-nos de imediato para alguma potencial banda sonora dos clássicos Disney. Os instrumentais estão maravilhosos e a única voz presente é somente a de Tarja, sublime como sempre. O tema "You and I" é a balada do álbum, sendo aqui que encontramos um lado desconhecido, romântico e profundo de Tarja. "The Golden Chamber: Awaken - Lupton Yö - Alchemy" é a faixa epopeia dividida em 3 partes. A mais peculiar é a parte cantada na língua materna de Tarja (finlandês), que prova não ser necessária letra no ”idioma comum”, para se entender toda a emoção colocada na canção.
O álbum continua com “Silent Masquerade”, a última faixa de duetos, com Tommy Karevik (vocalista dos Kamelot). É também umas das faixas de destaque das músicas em conjunto do álbum. Bem formulada, conseguiu captar as melhores características de cada vocalista, criando um ambiente mais obscuro e solene. Para fechar em beleza, "Serene" e "Shadow Play" são os temas que mais se assemelham a Nightwish clássico, dão-nos a sensação mágica de nostalgia de uma composição épica que nos remete aos tempos de "Century Child".
Concluindo a viagem por "In The Raw", deparamo-nos com uma Tarja sem medo de arriscar e sair da sua zona de conforto. Ao longo do álbum encontra-se uma diversidade de estilos desde o heavy, symphonic metal, passando também pelo radio friendly. Este é um álbum destemido e mais pessoal, com nuances de autossacrifício e misticismo. Atrai sem dúvida amantes de ópera como metalheads, sendo um trabalho de excelência e que merece sem dúvida uma nota alta.
Nota: 8/10
Nota: 8/10
Review por Ana Rita Cruz