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Reportagem: Trinta & Um e Centopeia @ RCA Club, Lisboa - 14/12/2019


Vinte anos depois do seu lançamento, o disco de estreia dos Trinta & Um, “O Cavalo Mata”, continua tão atual e acutilante como era em 1999. No passado dia 14 de Dezembro foi com lotação esgotada que o RCA recebeu a banda estandarte do Linda-A-Velha hardcore, para celebrar a efeméride. Como recompensa pela presença, era entregue à porta a reedição do clássico, acompanhada por um DVD de parte da prestação da banda, na última vez que visitaram a mítica sala lisboeta.


A compor o cartaz, havia igualmente lugar à estreia em palco da banda Centopeia, que junta nomes bastante conhecidos do underground nacional. Com uma sala já muito bem composta, e sob o olhar auspicioso de Sérgio Curto "Bifes", representado em poster gigante do lado esquerdo do palco, a banda composta pelos seus amigos Tiago Rato (a trocar os deveres de baterista nos Dr Bifes e Psicopratas e Trinta & Um pelo microfone), Zé Miguel Silva (Jackie D) na guitarra, José Dinis (Dollar Llama) no baixo e Rui Correia (vocalista dos Grankapo e Jackie D) na bateria arrancaram com “Trust No One", logo seguido por "Bad Day”. Ainda sem muitos temas para mostrar, os Centopeia mostram-se bastante coesos, com um som que viaja entre as preferências musicais dos seus integrantes, do stoner ao punk, do rock'n'roll ao hardcore. "Your God" e "Black Heart” antecederam agradecimentos aos Trinta & Um e ao Emanuel Silva da Hell Xis, antes de "Parasite" e a grande homenagem ao Bifes com “October 7th”, a faixa que traz consigo a data do fatídico acidente que o vitimou. "Danger" encerrou um concerto ainda limitado a um punhado de músicas mas que antevê um futuro digno de nota.


Após um curto intervalo para recuperar fôlego e saciar a sede, surge na instalação sonora a tradicional intro dos Trinta & Um, desta feita com um apanhado das notícias que viamos no Telejornal em 1999, para imediatamente a seguir contrapôr com as "gordas" de 2019, imediatamente a mostrar que parece que tudo está cada vez mais na mesma... O quarteto arranca imediatamente com “Viver No Subúrbio”, a gerar imediatamente resposta da plateia, que aproveitou logo para mostrar serviço. Com Zé Goblin sempre comunicativo e acutilante, os clássicos foram desfilando perante um RCA apinhado, e o palco constantemente invadido e rapidamente esvaziado com sessões de stage diving de proporções épicas. "O Cavalo Mata", "Racismo Nunca Mais" e "Tourada" prosegue a festa e a revisita ao disco de estreia, mas foi antes de "Porque Eu Acredito" que Goblin falou mais demoradamente com os seus seguidores. Enaltecendo o regresso de Sarrufo e Rações ao seio da banda, referiu que há coisas novas a serem cozinhadas, antes de irromper com "Devo Ódio ao Mundo".


Vinte anos mudam muita coisa, como Goblin fez questão de referir, nomeadamente ao substituir Timor por Palestina e Indonésia por Israel na introdução de “Timor Só”, mas acabar um concerto da banda de Linda-A-Velha sem estar encharcado em suor é feito impossível, e com faixas como “Coma 85”, “Não há Regresso" ou "Filhos do Divórcio", que levaram o concerto a uma vertiginosa fase final, com "Vencer", "LVHC" e "Sintra". Ser de Linda-A-Velha é um estado de espírito, e esse não muda nem com 20 anos em cima!!

Texto e fotos: Vasco Rodrigues
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Agradecimentos:  Hell Xis