Foi realmente pena que a chuva e o mau tempo que se fizeram sentir nesta sexta-feira, tenham conseguido afastar muito do público que, certamente, gostaria de ter estado presente nesta noite de música underground. Apesar disso, a festa fez-se na mesma. O Cartaz prometia, duas bandas novas e dois autênticos monstros do death e black metal nacional. Uma mistura bastante interessante que mais parecia um confronto de gerações.
A primeira banda a subir ao palco foi The Darkest Fall. Esta jovem banda jogava em casa e conseguiu captar a atenção dos presentes logo com o primeiro tema. Aliás, toda a sua atuação mostrou que têm uma mão cheia de boas músicas, que todos nós iremos poder escutar com mais atenção, assim que o primeiro álbum seja lançado, o que não faltará muito.
O vocalista, Kevin, fez questão de nos indicar o nome dos temas, conforme eles foram sendo tocados nesta noite. Para último foi deixado “The Fallen”, que irá ser o single de avanço ao álbum de estreia. Boa escolha na nossa opinião, por estar, tal como “We Die Alone”, uns furos acima dos restantes temas. Boa atuação dos The Darkest Fall neste que, foi o seu primeiro concerto.
Seguiram-se os Crimson Bridge, também eles naturais de Almada. Com um EP homónimo lançado em maio passado, esta é também uma banda relativamente recente que tem tudo para se intrometer mais no panorama musical underground português. Bons temas e uma boa presença em palco, são meio caminho andado para esse fim e isso já eles possuem. “Breaking the Dogma” foi o tema com que iniciaram a sua atuação e deu logo para perceber a qualidade individual dos músicos. Este quarteto tem dois guitarristas fantásticos, que por vezes parecem entrar em despique, ora solando um, ora solando outro. O baixista tem espaço para dar largas à sua criatividade, não se limitando a seguir a bateria, que para além dessa sua função, presta ainda um precioso auxílio nas vocais. Os Crimson Bridge ainda estrearam uma música intitulada “In Pitch Black”. A sua sonoridade aproxima-se aqui e ali aos Trivium, o que não é mau, é até bastante bom, desde que nos prometam não vir a fazer nenhum dueto com o Toy.
Foi a vez dos Decayed subirem ao palco para tocarem o seu black metal. Foi isso que nos prometeram e foi o que fizeram, numa atuação de quarenta e cinco minutos, que pareceu uma viagem no tempo. “Masque of Red Death”, retirada do recente álbum “The Oath of Heathen Blood” marcou o início da sua atuação que visitou muitos clássicos deste trio da Parede. Seguiu-se “Son of Satan”, que não sendo das mais antigas, é também ela já um clássico que está sempre presente nos setlist dos concertos dos Decayed. “Alvorecer das almas Perdidas” e “Martelo do Inferno” lembrou a todos que os Decayed também gostam de cantar em português. “Spikes, Leather and Bullets” foi dedicada a todas as bandas que figuravam no cartaz e também ao publico presente que, segundo os Decayed, lhes pareceu estar mais vivo quando por ali tocaram na década de noventa. Antes de terminarem, regressaram ao primeiro álbum para tocarem “Drums of Valhalla”, obrigatória, e despediram-se com “Fuck Your God” com o vocalista a enganar-se na letra, o que motivou a risos e aplausos, e também levou à repetição do tema, agora sem enganos.
Por fim os Sacred Sin, com o aliciante extra de este concerto marcar o regresso do guitarrista Tó Pica à banda (será que ele alguma vez saiu?). Na verdade, os seus solos de guitarra adicionam um “brilho” extra aos temas dos Sacred Sin, isso é inegável. Clássicos como: “Gravestone Without a Name”, “The Chapel of Lost Souls” e “Eye M God” foram tocados nesta noite para grande satisfação do público presente que pareceu ganhar mais entusiasmo, optando por trocar o balcão do bar e as mesas circundantes, pelo espaço em frente ao palco. “The Shades Behind” e “Vipers Rise from the Underground”, aproximavam este espetáculo do seu final, mas houve tempo ainda para a obrigatória “Darkside”, antes da banda agradecer a todos os presentes, às restantes bandas e à organização do evento.
Apesar do mau tempo que se fez sentir, quem se deslocou ao Cine Incrível não se sentiu com certeza defraudado. Não só os Decayed e os Sacred Sin proporcionaram um bom concerto, o que já é habitual, mas também os The Darkest Fall e os Crimson Bridge mostraram que devemos estar atentos às novidades que nos venham a trazer.
Texto António Rodrigues
Fotografias por Sofia Monteiro
Agradecimentos: Sunburst Triptych
Fotografias por Sofia Monteiro
Agradecimentos: Sunburst Triptych