Depois de no feriado de 1 de maio deste ano, terem subido ao palco como banda de suporte do concerto de Metallica no Estádio do Restelo, os suecos Ghost regressaram a Lisboa, na noite de 10 de dezembro, para em nome próprio deliciarem seus imensos fãs nacionais.
Antecipado em 30 minutos, para possibilitar que as bandas chegassem mais cedo a Madrid, para a data seguinte da digressão "The Ultimate Tour Named Death", foi pelas 19 horas, que um enorme pano com o logotipo dos Tribulation surgiu ao fundo do palco. Os também suecos chegaram a Lisboa, com o seu disco mais recente, "Down Below", debaixo do braço e arrancaram com "Nightbound", faixa que mostra, sem sombra de dúvida, que longe estão os tempos do death metal, dos dois primeiros discos. Puro metal com salpicos de gótico, conforme ficou demonstrado pelo alinhamento escolhido, com apenas temas do álbum já referido e do anterior "Children of the Night". "Melancholia" antecedeu uma tripla de faixas retirada de "Down Below": "The Lament", "The World" e "Cries From the Underworld". O encerramento dos cerca de 50 minutos de performance deu-se com os temas antigos "The Motherhood of God" e "Strange Gateways Beckon", a fazerem lembrar a espaços, Maiden e Led Zeppelin. Sem impressionar grosso modo, representaram bem o papel que lhes tinha sido atribuído.
Pouco passava das 20 horas, quando a segunda banda entrou em palco. Perante um pano gigante a mostrar duas enormes caveiras, a banda de Nashville, All Them Witches, tomou posição e arrancou com "Funeral for a Great Drunken Bird", retirado do disco de 2016, "Lightning at the Door". Logo de início percebemos que o trio norte-americano iria aproveitar a estreia em terras lusitanas, para percorrer a sua discografia, o que foi provado logo em seguida com "3-5-7", do álbum "Sleeping Through the War" de 2017. Brindaram o público que se encontrava já em número generoso, na Sala Tejo, com a novíssima faixa "1x1", que antecedeu uma passagem pelo mais recente "ATW", com "Diamond" e "Workhorse", intercalados por "Charles William", do disco de 2016. A longa versão de "Blood and Sand / Milk and Endless Waters", que encerra o disco de 2015 "Dying Surfer Meets His Maker", fez antever o final com a dupla "When God Comes Back" e "Swallowed by the Sea", com os All Them Witches novamente a escolherem rumar a paragens mais distantes.
Na plateia notava-se já a ansiedade de receber pela quarta vez no nosso país os suecos Ghost. A espera foi longa e um enorme pano negro tapava toda a atividade que fazia construir em palco o cenário habitual de igreja que caracteriza os concertos desta tour. O intro irrompeu finalmente pela sala e ao primeiro acorde o pano caiu para mostrar os Nameless Ghouls devidamente trajados de negro, com as máscaras prateadas características. "Rats" dá o pontapé de saída de 90 minutos de comunhão com os fiéis da "igreja", chefiada pelo misterioso Cardinal Copia, que surgiu trajado de fato escarlate para dirigir as massas com a letra do single do mais recente disco da banda: "Prequelle". O disco do qual a banda se anda a despedir nesta digressão, para entrar em estúdio imediatamente após o seu término. O alinhamento mostra bem a força da discografia da banda chefiada por Tobias Forge, o nome verdadeiro do engraçado e bem humorado mestre de cerimónias de um espetáculo bem oleado e que vive, e muito, do efeito visual e performance teatral dos seus integrantes. "Absolution" foi a primeira de várias incursões por "Meliora", o bem-sucedido disco de 2015, que atingiu o primeiro lugar não só na Suécia, mas também na Finlândia e o oitavo lugar no top da Billboard norte-americana. "Faith" volta a fazer a plateia regressar a "Prequelle", que antecede apresentação do novo tema "Mary on a Cross", editado já este ano no EP "Seven Inches of Satanic Panic". "Devil Church" antecedeu um duelo entre os dois guitarristas principais da banda, que acabou por se revelar algo demorado. Desde os primeiros acordes de "Cirice", a multidão que esgotou o concerto na Sala Tejo, acompanhou a banda em toda a faixa. O instrumental "Miasma" foi impecavelmente tocado, não faltando a habitual presença do Papa Nihil no solo de
saxofone, nem de três plague doctors em palco, altura também escolhida por Copia para deixar o escarlate no backstage, e aparecer vestido de branco e chapéu branco e negro para atacar "Ghuleh/Zombie Queen" de "Infetissumam" de 2013. Sempre participativo e a puxar por um público que, por vezes, se esquecia que estava num concerto de rock, Copia brincou com a plateia, tendo agradecido várias vezes em excelente português. "Lisbon, are you with me?", perguntou antes de voltar a terrenos de "Meliora" para a dupla "Spirit" e "From the Pinnacle to the Pit". Já a trajar de preto, tempo de revisitar o disco de estreia "Opus Eponymous" de 2010, com "Ritual" e "Satan Prayer" a serem recebidos com grande efusão pela Sala Tejo. Fumos, confetis e explosões de fogo marcaram a fase final do regresso dos Ghost a Portugal, com "Year Zero", "Spöksonat" e "He Is" a anteceder um monólogo do Cardinal Copia a alertar a plateia que se iria seguir uma música muito pesada, tendo o cuidado de perceber se a plateia estava pronta para tal facto. "Mummy Dust" pôs a plateia aos saltos e a fazer headbanging, antes de novo regresso a território mais pop, com a nova "Kiss the Go-Goat". Copia agradeceu novamente a Lisboa por, a uma terça-feira, ter enchido a Sala Tejo. "Dance Macabre" e "Square Hammer", encerraram de forma apoteótica o espetáculo dos Ghost no nosso país .
Texto por Vasco Rodrigues
Fotografia por Diana F. Rodrigues
Agradecimentos: Prime Artists
Texto por Vasco Rodrigues
Fotografia por Diana F. Rodrigues
Agradecimentos: Prime Artists