Os Of Mice and Men seguem com cerca de dez anos de carreira e com um novo disco: "Earthandsky”, o sexto álbum de estúdio e o segundo com Aaron Pauley (Pauley assumiu os vocais depois da saída do co-fundador Austin Carlile, após este ter decidido abandonar o projeto devido a complicações, depois de ser diagnosticado com Síndrome de Marfan, em 2016). Depois do não tão bem recebido, “Defy” (2018), os californianos lançaram quatro singles durante o ano de 2019 até ao lançamento de "Earthandsky", o que aparentava uma predileção por um percurso consideravelmente mais violento do que a polivalência entre o melódico e o caótico presente nos discos anteriores. Produzido pelo já conhecido, Josh Wilbur, o álbum é publicado a 27 de Setembro pela Rise Records.
Com o lançamento de “Defy”, um álbum arrojado dadas as circunstâncias, este seria o momento perfeito para determinar o encerramento de qualquer incerteza acerca do futuro sonoro dos californianos. “Earthandsky” definitivamente detém esses atributos, marcando o ano de 2019 como uma “regenesis” de Of Mice and Men.
Não apenas pelo conteúdo sonoro, mas pelas competências líricas e vocais de Pauley, que assentam nestes novos panoramas, preservando sempre um pouco da composição que os marca. Temas como “Linger”, “As We Suffocate”, “Pieces”, “Deceiver/Deceived”, “The Mountain” e “Meltdown”, conservam esse ecletismo entre os versos fogosos para os refrões memoráveis e a voz de Pauley, que se manifesta (também) confortável nas duas faces do espectro, tanto melódico como hostil. Já faixas como “Mushroom Cloud” ou “Taste of Regret”, revelam uma exploração criativa em torno do tempestuoso. “Mushroom Cloud” é, segundo Pauley, “a nossa representação visceral de como é o sentimento de se estar preso, de ser silenciado pela própria voz interior, de não ter onde se esconder, de como é ser alguém com uma mente tão perigosa para si, mesmo resultando numa bomba atómica”. O tema é uma constante montanha russa, rebentando mais intensamente a cada verso que atravessa, até que as primeiras repetições de Pauley (“I am in control…”) nos permitem antever um dos breakdowns mais violentos do disco. “Taste Of Regret” apresenta-se porém com uma estrutura muito idêntica às outras faixas, revelando-se, no entanto, outro dos temas mais violentos do disco.
“Earthandsky” é certamente um dos álbuns mais relevantes da carreira de Of Mice and Men, não só por significar o óbvio crescimento do grupo, mas também por operar como catalisador criativo para o que será o futuro da banda. É acelerado, caótico, coeso e assertivo... É o resultado da superação de uma banda que poderá ter tido mais problemas do que facilidades, o que o torna definitivamente, mais especial.
Nota: 7/10
Review por José Vieira
Nota: 7/10
Review por José Vieira