Os Magnólia são uma proposta muito interessante, que nos chega de Sintra. Detentores de uma sonoridade muito própria, lançaram recentemente “Cynthia”, o seu álbum de estreia e a Metal Imperium já foi dar uma espreitadela. O que encontrámos lá dentro foi surpreendente.
Esta banda é composta por apenas três elementos: Filipa Pinto na voz; Nuno Gonçalo nas cordas e Paulo Bucho na percussão e bateria, ainda que, para a gravação deste seu primeiro trabalho, se tenham valido da colaboração de vários outros músicos, de onde se destaca Charles Sangnoir. A sua música é muito preenchida, cantada em português (tinha de ser), com letras muito interessantes, que se apegam à história nacional e também a Sintra, com todo o misticismo característico dessa região.
Devo, no entanto, avisar-vos desde já que a música desta banda não se destina a mentes fechadas. Se for esse o vosso caso, este álbum não é decididamente para vocês. Se por outro lado, gostam e estão abertos a outros tipos de musicalidades, convido-vos a ouvi-lo. Os Magnólia são ambiciosos e como tal, não pretendem ficar presos às amarras de um estilo musical. A sua música destina-se, não só aos apreciadores de rock ou heavy metal, mas também ao ouvinte comum. É universal. Violino, violoncelo, guitarra portuguesa, sons de animais (pássaros, lobos), som de água a cair “e também a correr”, passagens em latim, cantos gregorianos, fado, Camões e outra poesia declamada, sim, muita poesia. Tudo isto pode ser encontrado neste álbum e tudo isto proporciona um ambiente extremamente dramático.
O tema “Magia de Cynthia” daria um excelente single e tem já direito a um clip que pode ser visto no You Tube. Esta faixa é um perfeito cartão de apresentação deste primeiro álbum dos Magnólia, que é composto por doze temas, num total de setenta e dois minutos. Sim, vou repetir. Setenta e dois minutos de música. São poucas as bandas que possuem um trabalho com esta duração e dificilmente encontramos alguma que tenha tido o arrojo de o fazer logo com o seu álbum de estreia. Sinal inequívoco da confiança que os Magnólia depositam neste registo.
Estamos perante um trabalho muito original, composto por um conjunto de temas bastante belos. Nada de guitarras distorcidas ou breaks de bateria, aqui é tudo calmo para que a voz de Filipa brilhe na perfeição. “Cynthia” é uma excelente proposta musical, que surpreende ainda mais por se tratar do álbum de estreia desta banda. Apetece citar Saroyan e dizer “se isto não é arte, pois então é a arte que fica a perder”.
Resta apenas referir que todas as faixas foram misturadas e masterizadas por Mário Rodrigues (Karbonsoul; Cavemaster; Projekt Noir) e gravadas no seu estúdio Fatsound Productions.
Nota: 8.7/10
Review por António Rodrigues
