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In Mourning - "Garden of Storms" Review


A relação de In Mourning, em “Garden of Storms” em particular, e a sua maior influência, Opeth, fez-me recordar o meu percurso académico. Era um processo curioso o de preparação para um qualquer teste. Seguia-se um padrão bem definido. Numa fase inicial, a várias semanas do momento de avaliação, a intenção era analisar a bibliografia recomendada, manuais e sebentas da disciplina. À medida que a data da avaliação se aproximava, a urgência de identificar os tópicos de maior relevância e a sua probabilidade de “sair no teste” dava origem às mais engenhosas artimanhas. A mais óbvia foi sempre arranjar, o mais rápido possível, os apontamentos do melhor aluno e memoriza-los sem piedade. No dia do exame pretendia dar um cunho pessoal à amálgama de ideias que tinha de expor, mas não conseguia melhor que transcrever o resumo do “crânio”, palavra por palavra. 

Ora, a banda liderada por Mikael Akerfeldt parece ter esse efeito, nas bandas que bebem diretamente do seu legado. A forma como condensa as suas influências e as transforma tão singularmente torna-a difícil de se utilizar como influência sem se parecer demasiado derivativo. Os In Mourning, nas referências diretas a Opeth, têm o seu maior defeito e trunfo. O seu álbum de estreia, “Shrouded Divine”, foi muito bem recebido precisamente e principalmente por oferecer uma alternativa a quem desejava mais metal Opethiano – ninguém ficou ofendido com o plágio e a nota foi mais que positiva.

Se ainda não ficou bem explícito, os In Mourning tocam death metal melódico, progressivo, melancólico, outonal, com ocasionais demonstrações de virtuosismo técnico. “Garden of Storms” é mais um passo (o quinto) firme na sua já rica discografia, composto por sete extensas novas composições, nas quais o coletivo aplica e aperfeiçoa a sua fórmula sem correr grandes riscos. Todas as faixas incorporam um pouco de tudo o que os In Mourning são capazes de oferecer - acordes abertos a descrever melodias emotivas intercaladas com riffs de death metal que poderiam figurar em “Deliverance” ou “Blackwater Park”, segmentos menos preenchidos por distorção com vocalizações limpas, e uso ocasional de tempos compostos e outros apontamentos técnicos que atribuem profundidade e, potencialmente, mais rotatividade aos seus trabalhos.

A soma de death metal melódico sueco e Opeth equivale ao som do coletivo desde o primeiro lançamento, mas o peso da segunda variável, na sua fase mais “Blackwater Park” e menos “Orchid”, tem vindo a crescer, o que não tem beneficiado o coletivo. As composições avolumam-se e decaem sem deixar grande impacto e saudade. 

“Garden of Storms” contém música criada com paixão, composta de forma exímia por músicos com capacidades admiráveis, dignas de serem apreciadas. Peca apenas pela forma pouco marcante como corre e passa sem capturar o ouvinte, tal como a matéria se desvanece da memória terminado o teste. Recomendável a apreciadores de metal melódico, moderno e progressivo.

Nota: 7/10

Review por David Sá e Silva