Os Angelmaker, oriundos da cidade de Vancouver, no Canada, revelam um estrepitoso, estridente Deathcore, confinando-se a si mesmos nesse estilo, ou seja, hérmêtico, com pouco nenhumas influências de outros estilos. Discografia, bastante exígua para uma banda com 8 anos de existência, tendo apenas um álbum lançado, o "Dissident", para além deste, aquele sobre o qual se irá debruçar esta review, com o título homónimo.
Com o iniciar de uma acústica, quase à moda "ciciliana" da faixa "Dolor", emerge o avassalador "I Long to Rest", com breaks funestos e guturais insanos. Dominante e constante, o impulso da bateria durante a faixa, duplo pedal, com quebras e mudanças, evita uma possivel monotonia. Um Dani Filth nos vocais, desponta-se de forma notória. Uma dinâmica com certos laivos de Mudvayne, fiel a uma estrutura com exíguas modificações.
A "The Veil" irrompe por uns instantes aqui uma tendência para um Swedish Death Metal, se tivermos em consideração ao ritmo e o modo como é tocada a bateria e, mais uma vez, o fundo das guitarras ressoam a Cradle Filth, essencialmente nos riffs. Não é de todo inapropriado asseverar que Dani Filth salta à primeira instância, no que se se trata da voz. Constante e invariável, com melodias mais trabalhadas no meio da faixa.
Não podemos corroborar que os Angelmaker são dados a misturar influências de outros estilos, mantendo-se fiéis na sua estrutura, tornando de certa forma a audição do álbum invariável, mudando pouco ou nada, ainda que haja diligências em fugir da estrutura que se mantém desde o encetar do álbum.
Possivelmente as vozes podem ser o ponto alto sendo como o pináculo a sobressair na integralidade do álbum, havendo alternância entre os guturais e vozes rasgadas, mas fica-se por aí, não podendo alongar muito, ou mesmo querendo teorizar, pois o tipo de vocais mantém similar em todas as faixas. A "Hollow Heart", um manifesto de vozes divergentes e discordantes, do estridente ao Pig Squeal, a um tom mais Hardcore, tornando aqui as coisas até interessantes, sentindo aqui um emaranhado de influências e combinações vocais.
As faixas de pouca duração talvez possam quebrar a insipidez e uniformidade, que se sente ao ouvir a cada uma delas, ainda que possam surpreender com momento altos como a "Ad Victorium", mas sendo algo fugaz e que se dissipa com facilidade, retoma sempre a sua base Deathcore, manifestando aqui pouca abertura a melodias e texturas que possam dar uma "roupagem" diferente.
O trabalho das guitarras, não primando por uma excelência de deixar ficar qualquer ouvinte de boca aberta, tem o seu mérito, melodias cativantes a meio gás, ainda que possam criar alguma atmosfera e, por mais incrível que pareça um Black Metal Atmosférico pode ser evidenciado na música "Tempest". Não ficando sem merecer crédito, a penúltima faixa a "The Rabbit", apesar de preservar aqueles breakdowns que chegam a saturar e a fartar o ouvinte, atinge o auge com o solo de guitarra, isolado a si mesmo, simplório e original, vem-se acompanhando mais uma vez pelo pedal duplo.
A estrutura da bateria, moldada e definida, pouco sai do que se compromete, ou seja, resguarda a sua estrutura que se mantém similar, previsível, com poucas alternâncias, acaba por ser um pouco mais do mesmo, restringindo-se a breakdowns que disseminam-se no decorrer de todas as faixas, contudo, deixam de impressionar, pois para além de serem incessantes e contínuos, a sua continuidade atribuiu à sonoridade algo de enfadonho. Veemente na forma como é tocada, contudo, revela-se uma redundância, repetindo-se modelos que não saem do mesmo.
A análise de cada faixa, deixa de ser necessária, pois como dado a entender nos parágrafos anteriores, os cerca 50 minutos do álbum, divididos em 14 faixas, dão a sensação de que são meros "copy pastes", com alguns momentos gloriosos, mas que "desfazem-se" com facilidade. Restringidos sobre um género de forma hermética e daí não saem, contudo, demonstram fidelidade, pecando na falta de originalidade que, posta à parte, atribui deste modo uma certa insipidez ou até mesmo uma sensação de sensaboria na sua sonoridade, apesar das diligências ou o esmero na parte da produção, que é algo comprovado.
O encerramento do álbum dá-se com a "Eternal", um dejá-vu na sonoridade, peso abrupto com com um desamparo profundo na originalidade. De um modo geral asseveramos de que, para além dos somatórios de breakdowns que se destacam do álbums, poucas influências e experimentações denotamos, considerando uma banda dada a abertura muito diminuta e exígua para outros estilos. As suas fronteiras estão solidificadamente demarcadas no Deathcore puro e duro e, como reiterado antes, existe, ainda que sem se aperceberem, influência de Cradle of Filth, o trabalho das guitarras apesar de perceptíveis, não patenteiam muita variação.
Por mais que se pretenda estender esta crítica, acaba por ser prostrante e extenuante continuar, pelo simples facto de não haver mais ou muito para se dizer, contudo não deixa de ser uma experiência interessante em indagar por novas bandas que se por um lado marcam pelo peso e agressividade, incorrem em erro de serem pouco ou nada inovadores, sendo mais uma banda de Deathcore, com todos os elementos que fundamentam o seu estilo.
Nota: 4/10
Nota: 4/10
Review por Norberto Seck