Ao seu segundo disco, os White Ward procuram levar a sua sonoridade para um nível de melhor execução, que por si só já era bastante boa e original no álbum de estreia, "Futility Report". No entanto, houve mudanças de formação destacáveis, sendo que apenas se mantém do primeiro álbum o guitarrista Yurii Kazaryan e o baixista Andrey Pechatin, que assume o papel de vocalista. Com efeito, esta mudança altera a sonoridade da banda, sendo que o acrescento de um teclista convidado permitiu explorar melhor a mistura de sonoridades black metal e jazz.
A introdução de “Love Exchange Failure” inicia-se claramente influenciada por jazz, com a sombria melodia no piano. O saxofone lentamente a fazer apontamentos e as guitarras e bateria (com vassouras) em conjunto preparam mal o ouvinte para o que se segue. Afirmo isto pois quando o (breve) silêncio se instala aos quatro minutos, o tema-título muda de registo repentinamente para black metal rápido, brutal e imperdoável. No seu todo, a mudança de registo é pouco eficaz, mas o breakdown de piano um minuto após a entrada das guitarras e voz cortantes consegue reunir o tema num só, juntando ambos os registos.
O segundo tema, “Poisonous Flowers of Violence”, começa com guitarras limpas e melancolia a lembrar Red Sparowes, que muda mal entra a voz cortante de Andrey Pechatin, num registo semelhante a George Clarke dos Deafheaven em New Bermuda. A sonoridade do tema até ao final acaba por lembrar o referido álbum, perdendo a identidade palpável no primeiro tema. Ao ficarmos apenas com o piano e o saxofone a solar, retoma-se essa identidade. Com efeito, “Dead Heart Confession” pega neste despojamento sonoro com apenas a guitarra e órgão antes de retomar os riffs cortantes de registo semelhante aos Alcest (a bateria enérgica de Yevhenni Karamushko em muito contribui para elevar o tema com as suas mudanças de dinâmica).
O som de estática encaminha o ouvinte para o terceiro tema com uma voz sussurrada e piano, como se estivéssemos num thriller. Na verdade, ao longo deste álbum a atmosfera opressiva e paranóica é quase sempre bem-conseguida, constituindo um fio condutor entre os temas. “Shelter” divide assim o álbum ao meio, com “No cure for pain” a seguir a mesma sonoridade jazz, desta vez no piano eléctrico na sua introdução, com bateria em vassouras e saxofone a solar melancolicamente (a secção mais pesada do tema torna-se mais interessante com a introdução de coros mais perto do final).
Concluindo, "Love Exchange Failure", enquanto álbum explora o conceito e fusão jazz-metal (o tema mais interessante e bem conseguido nesta fusão de géneros é “Surfaces and Depths”). No entanto, acaba por vezes a soar demasiado a trabalhos de outras bandas como Deafheaven, ou Yakuza (“Uncanny Delusions”, por exemplo), e, por vezes, esquizofrénico ao nível das dinâmicas de cada tema (e que se tornam demasiado longos, como “Poisonous Flowers of Violence”). Parece que os White Ward se encontram em busca de uma identidade própria, algo que poderão a longo prazo e com uma estabilização da formação conseguir. Até lá, a execução por parte dos músicos envolvidos e a atmosfera geral torna este álbum interessante (várias audições recomendam-se), especialmente para fãs de fusão e de música experimental.
Nota: 7/10
Nota: 7/10
Review por Raúl Avelar
