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Target - "Deep Water Flames" Review


Os Target, banda chilena de death metal progressivo, lançaram recentemente o seu segundo álbum “Deep Water Flames”. Apesar de se encontrarem no ativo desde 2002, a sua discografia resume-se apenas e só a dois álbuns e dois mini-álbuns de originais. Muito pouco para este grupo musical que conta já com dezassete anos de existência.

Poderá ser uma mais valia para muitas bandas, procurarem técnicos, com credenciais dadas no que diz respeito à produção e masterização de álbuns. No entanto, convém ter sempre presente que até mesmo os milagres que possam surgir dessa parceria, se encontram limitados pela qualidade do material original.

Neste seu novo trabalho, os Target requisitaram para a masterização do álbum, os serviços de Jens Bogren, conhecido por já ter trabalhado com os Sepultura, Kreator, Dimmu Borgir, entre tantos outros. O resultado obtido foi uma boa qualidade de som, para uma música tendencialmente rápida e agressiva. A voz de Andrés Piña tem raiva e ele consegue incuti-la na música que canta. Todo o som se torna preenchido e o ritmo é a abrir, rasgadinho. No entanto, existe um senão. Quando chegamos ao terceiro ou quarto tema, começamos a aperceber-nos de que a banda já não tem mais “trunfos” para mostrar. Já os gastou todos. As músicas começam a soar repetidas e nota-se alguma falta de ideias.

Talvez seja mesmo essa a razão da medíocre produtividade dos Target ao longo da sua carreira. Não é que este álbum não tenha boas músicas, pois elas estão lá, porém, não em quantidade suficiente para encher um LP. Pegando em apenas 4 ou 5 temas, conseguiriam realizar um bom EP, com estes 10 temas não foram além de mais um álbum. Nos dias que correm, onde tudo já foi explorado pelos mais diversos angulos no que à música diz respeito, pedir originalidade é realmente pedir muito. Os caminhos já foram todos percorridos, uma e outra vez, embora exista ainda terreno que pode ser explorado, fazendo uso da criatividade, que parece faltar um pouco a estes chilenos.

Após um tema instrumental que serve de introdução e que nos aguça a curiosidade, “Inverted Gloaming” surge rápida e brutal, com a voz de Andrés Piña a preencher toda a faixa, que a meio perde ritmo propositadamente, para depois o recuperar. Todas as músicas deste álbum nos oferecem essa mesma alternância de ritmo, onde existe também espaço para a melodia. Os vocais surgem normalmente agressivos, por vezes fazendo lembrar Joe Duplantier dos Gojira, mas também podem, aqui e ali, surgir límpidos. O uso de sintetizadores acaba por dar cor e brilho a alguns temas, como por exemplo “Surge Drift Motion”.

“Deep Water Flames”.é uma viagem  agradável de inicio, mas que começa a cansar a meio. Não que o álbum seja mau, nada disso, a fórmula é boa, apenas usada em demasia.
Todos as letras dos temas abordam água, ou estão de alguma forma relacionados com ela. A guitarra ritmo torna-se repetitiva, o seu som é muito semelhante ao longo de todo este trabalho, prejudicando-o. Por fim, referir que a magnifica capa deste trabalho ficou a cargo de Dehn Sora, que já trabalhou com ou Ulver e que esteve recentemente no festival Amplifest, no Porto, a expor os seus trabalhos.

Nota: 7/10

Review por António Rodrigues