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Reportagem: High Reeper e Crypt Trip @ Sabotage Club, Lisboa - 28/10/19


Eram cerca das 22h00 quando a fila à porta do Sabotage Club começou a ganhar forma. Não era para menos, por aquele palco iriam passar nessa noite, duas das melhores bandas de stoner rock, da atualidade. Nem o facto de ser uma segunda-feira chuvosa, nem de o início do concerto estar agendado para as 23h00, assustou o público que se fez representar de forma significativa. Eram 23h30 quando os Crypt Trip deram início à sua atuação e logo se verificou iria ser uma viagem alucinante. Este simpático trio texano pratica um rock que embora se encoste ao stoner, contém também uns laivos psicadélicos. 

O alinhamento do concerto incidiu principalmente no seu mais recente trabalho “Haze County”, mas os seus anteriores trabalhos também não foram esquecidos, sobretudo “Rootstock”. O tema “Wordshot” conquistou o público pela sua rapidez inicial, mas todas as restantes músicas foram igualmente bem recebidas. “16 Ounce Blues” prova de onde esta banda é originária, com um ritmo muito texano que revela claramente as suas origens. De seguida, a banda presenteou o público com “Visions”, um tema que ainda nem sequer se encontra gravado. Pelo meio da sua atuação, houve ainda tempo para uma cover dos também texanos ZZ Top. Antes de terminarem, Ryan Lee desceu do palco com a sua guitarra, juntando-se ao público por uns momentos 

A banda terminou a sua atuação com a muito adequada “Gotta Get Away”, onde tivemos oportunidade de assistir a uma interpretação de grande qualidade, por parte do baterista Cameron Martin. Os restantes elementos abandonaram inclusive o palco para que ele, sozinho, entretivesse a audiência durante cinco minutos, com um solo de bateria a fazer recordar John Bonham. Antes de se despedirem, agradeceram ao público, deixando a promessa de voltarem um dia.

Às 00h45 foi a vez dos High Reeper iniciarem a sua atuação com “Obsidian Peaks”, tema do seu último álbum, intitulado “Higher Reeper”. Logo por aí se viu que a sua sonoridade se inspira muito nos primeiros trabalhos de Black Sabbath. Este quinteto, também ele norte-americano, apresentou uma setlist que visava precisamente apresentar o seu mais recente trabalho, que foi quase tocado na integra. Seguiu-se “Eternal Leviathan”, para logo depois, sem nunca abrandarem, trazerem do seu primeiro e homónimo álbum, o tema “Die Slow”. 

Após “Soul Taker”, outra das faixas que pertencem ao seu primeiro trabalho, a banda tocou “Plague Hag” com grande parte do público a fazer headbanging. O espetáculo estava a entrar na reta final e o vocalista Zach Thomas aproveitou para agradecer ao público a forma como os tinham recebido, nesta primeira visita a Portugal.  “Barbarian” foi apresentada como sendo a última música da noite, mas quando a terminaram e esboçaram a intenção de abandonar o palco, o público pediu mais. O baixista Shane Trimble, uma espécie de Wolverine oxigenado, apenas teve de chamar de volta ao palco Zach, o único dos elementos que efetivamente se havia afastado um pouco. Os High Reeper terminaram com “Foggy Drag”, quase uma hora de atuação em que assistimos a um desfilar de músicas fortes, contendo riffs atrás de riffs que não deram sossego, a quem marcou presença no Sabotage Club, naquela noite. 

Em suma, quem se deslocou aquela acolhedora sala pôde assistir ao fantástico concerto de duas grandes bandas, que não deixaram certamente ninguém desiludido. A audiência não pareceu aumentar durante o espetáculo, ou seja, quem ali esteve, fê-lo para assistir às duas atuações. Em nenhuma destas houve lugar a samples ou qualquer outro registo previamente gravado. Foi tudo tocado ao vivo para quem esteve presente. Foi tudo genuíno. 

Tal como os Crypt Trip, também os High Reeper prometeram voltar a visitar o nosso país. Vamos aguardar que o façam.


Texto por António Rodrigues
Fotografias por Daniela Jácome Lima
Agradecimentos: Gaboryl Lives