Os amantes do bom death metal que se pratica no norte da Europa, esgotaram o RCA Club, em Lisboa, para assistirem a um trio que não deu tréguas no que toca a brutalidade sonora. Entombed A.D., Aborted e Baest chegaram, viram e venceram numa noite para mais tarde recordar.
Os dinamarqueses Baest estrearam-se em Portugal e deixaram marcas profundas nos ouvidos, daqueles que já preenchiam destemidamente o espaço do RCA Club. Este quinteto dos infernos disparou o seu death/thrash metal, em todas as direções e ninguém ficou indiferente a temas como "As Above So Below" ou "Crosswhore" que contou com a brutal prestação de Sven de Caluwé, vocalista dos Aborted. Embora com poucos anos de carreira, os Baest já são uma grande referência no panorama do metal dinamarquês e o público português comprovou isso, dado ter sido arrebatado pela performance da banda. Além disso, ficámos também com a impressão que estes jovens metaleiros serão uma grande referência, no panorama do metal europeu.
Quem já tem muitos mais anos de carreira são os Aborted, daí terem um lugar de destaque na cena death/grind. Depois da sua presença na última edição do Vagos Metal Fest, a banda belga quis também dar a escutar o seu último álbum "Terrorvision" - e primeiro tema da atuação - ao público lisboeta. E foi exactamente perante uma visão terrível, adornada com uma parafernália cadavérica, que os Aborted subiram ao palco, prontos para o extermínio. Com temas mais recentes e mais próximos da sonoridade deathcore, como "Deep Red", os belgas deram início a uma sessão de stage dives e circle pits imparáveis, o que levou o vocalista Sven de Caluwé a afirmar posteriormente, de forma convincente, que era o melhor público até à data. Mais melodias extremas se seguiram como "The Origin Of Disease" ou a 'gory' "A Whore D’oeuvre Macabre" que originou uma inversão de papéis, ou seja, desta vez tínhamos a colaboração de Simon Olsen, vocalista dos Baest. Para o final, a banda reservou a bem conhecida e igualmente potente "The Saw And The Carnage Done", agradecendo a oportunidade de proporcionar mais uma, digamos, carnificina em território português. A visão de um grande concerto, sem dúvida.
Diretamente das entranhas do death metal sueco, a segunda vida dos Entombed pisou o palco com a excelente premissa do último álbum "Bowels Of Earth," lançado no passado mês de agosto. Ainda assim, este caldeirão de death 'n' roll não foi servido somente com ingredientes mais recentes, mas também com ingredientes do passado como "I For an Eye", "Chaos Breed" ou "Stranger Aeons", verdadeiros hinos que serviram literalmente de rampa de lançamento, para os primeiros stage dives desta sessão de peso. Liderados por um sempre bem disposto L.G. Petrov, que partilhava cerveja com os fãs que se amontoavam aos seus pés, enquanto o seu "intérprete" brasileiro (o novo guitarrista Guilherme Miranda) o ajudava com a comunicação, os Entombed A.D. destilavam temas portentosos para gáudio de um público bastante entusiasmado. Mas se já estava bom, melhor ficou quando a banda deixou para o final clássicos como "Wolverine Blues" - com a ajuda de Simon "Sempre Disponível" Olsen - e "Left Hand Path", culminando em "Supposed To Rot". No final da noite, sentimo-nos uns felizardos pelo facto do universo Entombed não ter colapsado à primeira adversidade, pois é sempre um privilégio poder testemunhar o death metal no seu estado mais puro, como será certamente para as gerações vindouras.
Texto por Bruno Porta Nova
Fotografia por Vasco Rodrigues
Agradecimentos: Amazing Events