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No One Knows What The Dead Think - "No One Knows What The Dead Think" Review


O disco de estreia do trio de grindcore, No One Knows What The Dead Think, abre com “Yorha”, um tema de 1:40 que não faz prisioneiros e que prepara o ouvinte para o que se seguirá. Em “Autumn Flower”, a sofreguidão e precisão de Slayer torna-se evidente inspiração, se bem que a voz remete para grindcore tradicional, com a bateria a lembrar Chris Adler dos Lamb of God.

Ora, este álbum de estreia conta com elementos que integraram em tempos os Discordance Axis, mais precisamente o guitarrista/baixista Rob Marton, sendo o vocalista Jon Chang dos Gridlink actualmente e o baterista Kyosuke Nakano, ex-membro dos Defiled. Trata-se um grupo com membros experientes na música extrema, o que se nota na execução e entrega que estes devotam a cada tema.

O terceiro tema,”Dagger Before Me”, parece invocar o death metal dos Vader, mas com um momento final que remete para thrash mais tradicional. Começando rápido e perdendo velocidade antes de entrar numa secção onde as guitarras e o baixo (com o som típico de Shane Embury dos Napalm Death) elevam o tema para a entrada da voz. Ao chegarmos a “Rakuyo” torna-se evidente que este álbum almeja a misturar diferentes sonoridades dentro da música extrema, o que o consegue de forma eficaz, sendo de destacar a bateria de Kyosuke Nakano.

A bateria continua a ser um dos instrumentos de destaque em “Stars Hide Your Fires”, com as guitarras distorcidas a invocar black metal pela amplitude do som. “Cinder”, destaca-se pela guitarra a lembrar Mastodon e um registo vocal próximo de Steve Austin dos Today Is the day, sendo que tem uma estrutura mais acessível e bem construída com secções distintas e com cada instrumento a dar o seu contributo (especialmente o baixo de Rob Marton perfeitamente enquadrado com a bateria de Kyosuke Nakano).

“Sayaka” é cortante, sôfrego e ansioso, com riffs de guitarra a invocar Mastodon na fase pré-Blood Mountain. O mesmo se pode dizer de “Kaine”, com a bateria a relembrar Brutal Truth com Richard Hoake. O instrumental “Red Echoes” é apenas composto por um discurso em japonês com uma atmosfera ameaçadora (ouvem-se gritos desesperantes ao longe).

Por fim, “Dominion”, que conta apenas com 52 segundos, e com o registo vocal de Jon Cang a alternar entre os agudos de Justin Pearson (Retox) e os graves de Sean Beasley (Dying Fetus). Trata-se do tema que encerra o disco propriamente dito, sendo que depois seguem-se versões instrumentais de todos os temas (karaoke, como diz no descritivo do mesmo).

No seu todo, No one knows what the dead think, é um album de estreia consistente com temas curtos e eficazes que não cansam o ouvinte apesar da brutalidade do som praticado pelo trio, e que parece ter algo novo a ser descoberto com variadas audições. Não se trata, pois, apenas de um álbum de grindcore, mas sim de um álbum que resume várias sonoridades dentro do metal extremo, e de uma forma singular.

Nota: 8/10

Review por Raúl Avelar