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Korn - "The Nothing" Review


Chegados ao 13º álbum, os Korn, abrem “The End Begins”com o som de bagpipes, cuja presença, a par da entrega emocional de Jonathan Davis, remetem para o seu primeiro álbum de 1994. O segundo tema, “Cold” relembra o groove de bateria e experimentação com texturas de sintetizador do álbum sem título de 2007, mas com uma agressividade mais evidente e directa.

Torna-se claro que “The Nothing” é mais um passo na evolução sonora dos Korn, olhando para trás, mas sem se repetirem, o single “You’ll Never Find Me” é um dos melhores exemplos desta fusão das várias fases sonoras de uma banda com uma identidade única.  Aqui, destacam-se as guitarras de Head e Munky e o trabalho de Ray Luzier nos pratos da bateria na secção bridge, antes do regresso ao verso. Ao quarto tema, “The Darkness Is Revealing”, torna-se evidente que existe um fio condutor ao nível das letras ao longo do álbum (numa entrevista à NME, o vocalista afirma que a morte da sua esposa e mãe foram dos principais catalisadores para as mesmas).

“Idiosyncrasy” mantém o peso e groove no centro do som, com o baixo característico de Fieldy mais discreto que em álbuns anteriores, o que torna o som mais equilibrado ao nível dos instrumentos no disco, mas não sem ter direito a um solo no meio do tema.

“The Seduction of Indulgence” é um tema curto, pesado e negro, preparando o ouvinte para a segunda metade do disco. Nesta altura, torna-se evidente que The Nothing é um álbum directo e atmosférico, sem espaço para grandes divagações instrumentais (nenhum dos temas chega aos cinco minutos). “Finally Free”, é um dos temas mais “típicos” de Korn, em que a sonoridade das guitarras no verso é um ponto de destaque. “Can You Hear Me”, com a produção adicional de Sluggo é o tema mais experimental (contemplativo) do disco. Por sua vez, “The Ringmaster” é dos temas mais pesados do disco, e mais hip-hop, inclusive. No inverso da moeda, o refrão de “Gravity of Discomfort”, é dos mais pop e acessível (fora do metal) que os Korn já editaram.

O baixo destaca-se mais na mistura em “H@rd3r”, com as guitarras a harmonizar a voz sincopada de Jonathan Davis, destaque-se o sample do famoso “amen break”, antes do último refrão (um dos samples de bateria mais comuns na música electrónica e hip-hop). Por fim, “This Loss” e “Surrender to Failure”, encerram o disco resumindo o melhor do mesmo (o último tema funcionando como epílogo).

No seu todo, "The Nothing", é um álbum equilibrado por parte dos Korn, misturando as suas diversas facetas, conseguindo manter o som que é característico a par de uma temática lírica que o une. Recomenda-se tanto a fãs de longa data da banda, como a quem nunca os ouviu, pois apesar da sua escuridão, este é um dos álbuns mais acessíveis dos Korn, talvez graças à produção de Rick Rasculinecz, talvez graças à maturidade da banda enquanto conjunto desde o regresso de Head à formação em 2013. No entanto, a sua coesão e curta duração permitem que se revisite este lugar de escuridão várias vezes e descobrir pormenores sonoros novos a cada audição.

Nota: 8/10

Review por Raúl Avelar