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Humanart - "(Further) Into the Depths" Review


Portugal pode até não ser reconhecido pelas bandas de black metal que por cá existem. Temos alguns casos com relativo sucesso, é verdade, sendo talvez os Decayed a banda com mais longevidade e a que melhor nos representa dentro desse género musical. Depois temos as persistentes, como os Humanart, ativos desde 1998, que continuam a lembrar-nos a todos que por cá também se faz bom black metal. Esta banda, que tradicionalmente deixa os seus seguidores em suspenso por largos períodos de tempo, desperta dessas hibernações com boas propostas. Foi assim com “Lightbringer” de 2014 e também com este mais recente registo¸ “(Further) Into the Depths”.

Este novo trabalho desta banda de Santo Tirso, que tem o black metal no seu ADN, é um regresso em força, após um interregno de cinco anos. Fazem-no com um álbum bastante old school. Sim, sem reinventar nada, o som deste registo parece querer recuperar o praticado décadas atrás. Lançado no passado dia 19 de abril, tem tido uma boa aceitação por parte da crítica e do público, nos diversos concertos que a banda tem dado com o objetivo de o promover.

Os Humanart não parecem estar interessados em “altos voos”, preferindo continuar fiéis à sonoridade que os caracteriza e faz parte da sua espinha dorsal. “Opening the Gates” é a introdução que nos dá literalmente acesso ao álbum. Tema instrumental, com o som de muitas sirenes que parecem querer avisar-nos sobre o que aí vem.

“Underground Slut” é um bom cartão de entrada, revelador do teor das letras desta banda. Todo o álbum, que até não é dos maiores a nível de tempo de duração, apesar de ser composto por oito temas, é black metal tradicional. A mestria dos Humanart é posta à prova precisamente nesse aspeto, o de conseguir um álbum de black metal old school, resistindo à tentação de se repetirem. A faixa “Victorious Path” surge como uma boa resposta a esse desafio. A alternância de ritmos que encontramos ao longo de toda a composição, é reveladora da criatividade da banda.

Na parte final do álbum temos ainda oportunidade de escutar duas grandes malhas. Primeiro “Nefilim” que tem um ritmo muito “orelhudo” e a terminar este LP, “Black Crusade” que é o mais negro deste trabalho.

Apesar de ser ainda mais pesado e sujo, “(Further) Into the Depths" é um digno sucessor do anterior álbum “Lightbringer”. Com o selo da Dark Age Works, este último trabalho dos Humanart foi gravado nos Hanuman studios e masterizado na suécia por Tore Stjerna, conhecido por já ter trabalhado com bandas como Funeral Mist e Watain, por exemplo. Com um artwork muito bem conseguido pelo muito requisitado Gustavo Sazes, que trabalhou recentemente com os Blame Zeus e com a banda de Steve Harris, British Lions, este novo trabalho dos Humanart tem tudo para que eles retomem o seu lugar entre o que de melhor se vai fazendo dentro do black metal nacional. Vamos apenas esperar que não sejam necessários mais cinco anos até ao lançamento do próximo álbum.

Nota: 7.9/10

Review por António Rodrigues