Bölzer, a estridente, pulverizante e deslocada banda suíça de death/black metal enegrecido de Zurique, que arrebatou algumas das melhores críticas nos últimos anos, está de volta ao jogo para mais uma explosão sonora com o voraz EP, "Lese Majesty", que tem lançamento marcado para 29 de novembro, pelo próprio selo Lightning & Sons.
Seguindo o poderio lacerante do seu emergente passado, com o EP "Aura" (2013), os Bölzer continuam a dividir opiniões, por tomarem para si próprios uma espécie de novo conceito para os gêneros extremos, os quais eles dissecam impiedosamente, através de uma sonoridade catatónica e visceral, que nem sempre agrada a todos, facto constatado no álbum "Hero", de 2016, que esteve distante de saciar a fome de muitos ouvintes.
Ritualizados no seu culto excêntrico de elementos ambientais, melodias, letras dilacerantes e linhas vocais brutais, os Bölzer desencadeiam um disparate assassino de death metal progressivo não convencional, com muita técnica e singularidade em "Lese Majesty".
É importante reconhecer que esta banda já deixou de ser apenas uma luz na escuridão do metal underground, mas, ao mesmo tempo, encontramos um grupo que não evoluiu o suficiente, para atingir potencialmente um público mais fiel à sua identidade. Eu comento frequentemente que todos os subgéneros estão tão povoados por bandas que fazem apenas mais do mesmo, que se não houver ousadia, nenhum resultado será alcançado e este é realmente o que há a dizer sobre os Bölzer, embora esta seja uma banda com qualidades notáveis, algo pareceu sempre impedir que um determinado objetivo fosse alcançado e isso tornou-se decepcionante em vários momentos.
Polémicas e controvérsias à parte, é hora de mergulharmos em "Lese Majesty", a começar com "A Shepherd In Wolven Skin" e a ferocidade das suas guitarras e bateria. Existem algumas breves partes faladas, antes de Okoi rebentar as suas cordas vocais, em linhas berradas, as quais alterna, por vezes, com breves momentos em que usa vocais limpos. Conforme se pode ouvir em trabalhos anteriores, "Lese Majesty" mantém a dissonância caótica, mas existem muitas qualidades também. Este talvez não seja o álbum perfeito para um exigente ouvinte de death metal, mas possivelmente perfeito para os apreciadores do black metal mais cru, mesmo pairando por atmosferas incomuns. Esta atmosfera improvável verifica-se também na curta "Æstivation", com os seus sons espaciais e falas raivosas que não levam a lado nenhum. Algo um pouco desapontador, tendo em conta que poderia ter ficado uma faixa realmente razoável. Talvez a intenção fosse criar um tipo de introdução ou interlúdio, para "Into The Temple Of Spears", mas para quem mantém o álbum a tocar, isto parece apenas uma perda de tempo.
Mantemo-nos atentos a "Into The Temple Of Spears" e encontramos novamente uma dupla a abusar de técnicas e diferentes texturas a uma velocidade maior, sendo necessário reconhecer que os Bölzer conseguem manter o inferno a arder, mesmo fora da vulgaridade e esta faixa acaba por ganhar a nossa atenção.
Passamos à selvajaria de "Ave Fluvius! Danu Be Praised" e este é finalmente um momento épico neste EP, são 12:01 minutos de muita sinergia e animalidade que, por sua vez, terminam por neutralizar na ambientação final.
"Lese Majesty" ainda não nos mostra uma banda no seu esplendor total, mas os Bölzer voltaram à sua veia mais visceral e ao caminho da evolução, por isso, esperamos realmente que tal culmine num longa-duração à altura do que esta dupla é capaz.
Nota: 8/10
Review por Tatianny Ruiz
Nota: 8/10
Review por Tatianny Ruiz
