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Abigail WIlliams - "Walk Beyond the Dark" Review


Os Abigail Williams não deverão ser por esta altura um nome desconhecido, para quem realmente conhece o que se vai fazendo dentro do Black Metal, à escala global. Ken Bergeron - multi-instrumentista - é a mente por detrás deste projeto que já vai no seu 7º longa duração. É um caminho que começa em 2006, com o álbum "Legend", um trabalho que deverá agradar a fãs de Trivium daquela altura. Em 2008, "In the Shadows of a Thousand Suns" vê a luz do dia e define uma bitola difícil de bater, muito completo técnica e musicalmente. É um álbum original (à sua maneira) mas que bebe muito de variadas bandas de Black Metal sinfónico - Dimmu Borgir, Cradle of Filth, Borknagar, entre outras,

E eis que chegamos a 2019. O projeto teve oportunidade de crescer, depois de uma série de experiências menos bem conseguidas, como por exemplo o álbum "The Accuser", que (passando a pleonasmo) acusa vários defeitos, em especial a produção e falta de criatividade contida nos 8 temas. Uma série de audições permitem perceber que "Walk Beyond the Dark" é diferente. Mantém-se fiel à sonoridade que caracteriza o projeto, no entanto mostra também foram capazes de amadurecer, apresentando neste momento um trabalho coeso e que é capaz de falar a quem ouvir com atenção.

“I Will Depart” é a rampa de lançamento para o álbum. Uma secção rítmica muito capaz, diria até progressiva nalgumas passagens e que consegue conjugar agressividade com ambiente. Longe das orquestrações de cordas do segundo trabalho, é um trabalho mais simples. É caso para dizer "menos é mais": os efeitos aplicados às guitarras em momentos chave dos temas, o uso moderado de violinos e vozes limpas em registos tonais mais graves ( "Sun and Moon", "Black Waves" ) agarram a atenção do ouvinte. 

"Ever So Bold" é um tema uptempo, carregado de blastbeats e referências mélodicas ( atenção ao solo de guitarra lá para meio ), que facilmente poderiam tornar este o single do álbum. "Black Waves", mesmo com mais de 10 minutos de duração, não aborrece. É certo que merece algumas audições para interiorizar, sobretudo devido à complexidade da composição e às diferentes texturas sonoras produzidas pela secção de cordas. "Into the Sleep" é para mim um filler - um tema que usa a fórmula desenvolvida em "Ever So Bold" e o aplica com outra melodia.

"Born of Nothing" é a segunda balada do álbum. Depois de um início soberbo, onde o blast beat complementa o nervosismo da guitarra gravemente distorcida, existe lugar para uma progressão com semelhanças sónicas, a temas do "In the Shadows of a Thousand Suns".

A fechar o álbum temos "The Final Failure", um tema muito completo - desde a introdução de lei para temas desta duração, passando pelo uso de vocais limpos e guturais e também pela harmonização vocal introduzida nalgumas secções. É interessante notar a utilização de guturais nalgumas passagens, bem como o atraso premeditado de alguns trechos, a fazer lembrar Draconian.

Olhando para o trabalho num todo, podemos dizer que é um trabalho forte. Certamente mais decisivo do que outros trabalhos, apresenta uma produção polida e um trabalho instrumental tecnicamente irrepreensível. É difícil apresentar uma proposta inovadora nos dias que correm, no entanto este "Walk Beyond the Dark" é um álbum inovador à sua maneira.

Nota: 8/10

Review por Ivan Frias