Jazz e metal são dois géneros musicais que parecem tão distantes um do outro, como o Sol de Plutão. No entanto não é novidade nenhuma dizer que os dois estilos já colidiram muitas vezes, dando origem a trabalhos musicais bem interessantes. Nomes como os noruegueses Shining ou os reconhecidos The Ocean vêm logo à cabeça, quando se pensa nesta fusão, já os White Ward não devem surgir assim tão facilmente.
Tal apenas se deve ao desconhecimento em geral da banda, pois o que demonstraram no seu disco de estreia, “Futility Report”, foi um começo bastante promisor. A forma como incorporavam saxofone e elegantes melodias de jazz, com post-black metal, deu ao disco um carisma muito particular e agora a banda dá o muito marcante segundo passo.
Depois da boa receção do primeiro álbum, (não estando a incluir os elogios descabidos e irrealistas por parte de alguns meios de comunicação, que ocorreram na altura do seu lançamento), era de esperar que o grupo ucraniano avance pelos mesmos trilhos do primeiro disco, o que não acontece de todo. O jazz e o ambiente nocturno e urbano que definiram a atmosfera de “Futility Report”, estão lá e ainda melhor incorporados na componente metal da música, esta última é que se alterou bastante desde 2017, com a abertura a uma panóplia muito maior de riffs, um acelerar no mid-tempo praticado pela banda, uns dois ou três solos que resultam bastante bem, e uma mudança bastante radical nos vocais, ganhando uma tonalidade muito mais caústica. A sonoridade está mais densa e a atmosfera muito mais negra, existindo um cuidado para que nunca soe caótico ou a um pano de remendos.
A mudança de quase todos os membros da banda (curiosamente, o vocalista não foi um deles) pode ser parte da justificação, desta grande melhoria que coloca os White Ward dignos de alguns dos já mencionados elogios exacerbados, que o primeiro álbum recebeu. Um disco que surpreende a cada minuto e que merece ser bem apreciado do princípio ao fim.
Review por Tiago Neves