Numa altura em que não aparecem muitas bandas novas com uma sonoridade que alie qualidade e originalidade, aparecer assim, do nada, uma banda como os The Offering, é uma lufada de ar fresco. A banda, que no seu Facebook se auto-intitula de "heavy metal moderno", lançou recentemente este álbum de estreia pela Century Media e demonstrou nos seus oito temas uma valia e uma maturidade composicional enorme, ainda mais tendo em conta que este é ainda o começo do seu percurso.
A sonoridade praticada pelo grupo americano é extremamente difícil de definir, pois mescla vários subgéneros do metal no álbum e mesmo durante as próprias músicas. Durante os temas somos surpreendidos por momentos thrash metal, groove metal, metalcore, heavy metal, prog metal, djent, deathcore, até mesmo nu metal, numa mistura que aparentemente poderá parecer impossível de resultar, mas que ao ouvir estes temas percebe-se que soa incrivelmente bem.
Uma das faixas que representa bem o atrevimento musical que os The Offering nos oferecem é "Ultraviolence", tema escolhido para vídeo de apresentação do álbum e que põe seguramente muitos dos que o ouviram curiosos por descobrir mais sobre a banda, com um som que parece uma mistura improvável de Judas Priest e Slipknot. É dessa junção do metal old school com o mais contemporâneo que vive este álbum e ao que parece os The Offering tiveram a coragem de juntar as influências de todas as bandas e géneros que escutam, mesmo que isso possa fazer muitos dos fãs de metal mais conservadores, ou mesmo os ouvintes de sonoridades mais modernas, torcerem os narizes ao ouvir estes temas. Os fãs de metal mais ecléticos e todos aqueles que tiverem mente aberta podem ter aqui um prato cheio de boa música e uma banda a seguir de perto nos próximos anos. Sim, porque uma banda que, num álbum de estreia, apresenta temas desta craveira, tem seguramente um futuro auspicioso pela frente.
Ouve-se durante estes cinquenta e dois minutos partes que fazem lembrar os mais diversos nomes como os supracitados Slipknot e Judas Priest bem como Machine Head, Avenged Sevenfold, Devin Townsend, Strapping Young Lad, System of a Down, Meshuggah, Lamb of God, Nevermore, Dream Theater e Korn mas sem soar durante muito tempo a qualquer uma destas bandas. Não se pense, no entanto, que os The Offering não têm nada mais a oferecer do que uma colagem a diversos nomes, porque o modo como juntaram as suas influências soa de facto diferente e refrescante. A voz de Alex Richichi, apesar de por vezes fazer lembrar Rob Halford, tem muita personalidade e ao mesmo tempo é muito diversa e os restantes músicos tocam bastante bem.
Tudo isto faz adivinhar que os The Offering vão ser uma das novas bandas em destaque nos próximos 20 anos, isto se muitos dos ouvintes de metal não ficarem demasiado presos ao passado e começarem a dar importância aos novos grupos. Se mais bandas seguirem as pisadas desta banda norte-americana, que lançou aquele que claramente é o melhor trabalho de estreia de 2019, haverão todas as razões para acreditar no futuro da música pesada, com mais coletivos musicais a fazerem sonoridades difíceis de catalogar e a pensarem no futuro, ao invés de somente homenagearem subgéneros nos quais já foi tudo feito.
Nota: 9/10
Nota: 9/10
Review por Mário Santos Rodrigues