O já longo catálogo discográfico dos franceses Blut Aus Nord pode ser visto como uma mercearia de black metal: melódico, experimental, industrial, niilista, complexo, rápido, lento… acaba de haver um pouco de tudo para todos os gostos. Curiosamente é esta falta de estabilidade na sonoridade, que a banda de Vindsval afirma como sendo o seu ideal e, nos mais de vinte anos da sua existência, se há coisa a que este projecto se manteve sempre fiel foi ao fazer aquilo que bem lhes apetecia.
Os leitores que acompanham a banda e ainda não ouviram nada deste novo “Hallucinogen”, ficam já aqui com a informação que andam à procura: este é dos álbuns melódicos dos Blut Aus Nord. Não com o mesmo estilo de melodias épicas e incendiárias como as que se ouvem nos álbuns “Memoria Vetusta”, mas mais próximas às de “777: Cosmosophy”, no entanto e felizmente, muito mais coesas e intensas. Com as guitarras a transpirarem riffs ondulantes e ganchos melódicos, e com bastantes secções vocais semelhantes a canto coral, toda a experiência de “Hallucinogen” é bastante atmosférica, transportando o ouvinte numa viagem espiritual, para os confins do Universo.
Como seria de esperar, toda a performance da banda neste registo está, à semelhança da maioria dos discos anteriores, imaculada, e a produção mantêm-se fiel à que era feita humildemente no início dos anos 90 em gravações de black metal, tal como os franceses já nos habituaram. Em comparação com o restante trabalho da banda, “Hallucinogen” pode ser considerado o disco com as melodias mais belas e onde as guitarras brilham esplendorosamente – oiça-se “Anthosmos” ou “Mahagma” caso hajam dúvidas; tornando este disco uma delícia a ser servida a todos os fãs de Spectral Lore ou de Mare Cogitum.
Seja no subgénero de black metal que for, os Blut Aus Nord são uma garantia de qualidade e de mestria do estilo.
Nota: 9/10
Review por Tiago Neves
