Para aqueles poucos leitores da Metal Imperium que por esta altura ainda não conhecem os Basalto, podemos informar que são um trio de Viseu e que praticam um stoner doom metal muito interessante. A sua música caracteriza-se pela forma direta com que parece ser feita. Sem filtros, sem muitos adornos, podia ser gravada num único take após um ou dois ensaios prévios. Os Basalto são assim, rocha suja e bruta que se recusa a ser polida.
Neste novo álbum intitulado “Odor”, a fórmula mantém-se porque resulta. No entanto, a banda optou neste trabalho, por faixas um pouco mais longas do que havia acontecido nos anteriores álbuns e por mais vocais, aliás, eles estão presentes em todos os temas, o que irá certamente dividir opiniões. O álbum tem apenas 4 músicas, mas não se sintam defraudados com isso pois o seu tempo de duração total aproxima-se dos 50 minutos.
Dando seguimento ao conceito iniciado no primeiro álbum, também as 4 faixas que compõem “Odor” são intituladas por numeração romana. "XIII", "XIV", "XV" e XVI mais precisamente. Dessa forma, é transmitida uma ideia de continuidade e ligação entre este e os seus dois trabalhos anteriores. Tudo muito simples, até neste aspeto a banda parece não querer perder tempo com elaborações de nomes complicados para os seus temas.
Na primeira música deste novo álbum, temos uma malha que não vai certamente desiludir nenhum apreciador deste estilo musical. "XIII" é stoner puro. Música contagiante, pautada por constantes mudanças de ritmo, sobretudo nos 6 minutos finais, em que o António Baptista deixa o microfone sossegado, para se expressar unicamente com a sua guitarra. De seguida, em "XIV", é onde identificamos com maior facilidade a influência que os Black Sabbath têm sobre este trio. Ao ouvi-lo, vêem-nos rapidamente à memória algumas malhas dessa banda.
"XV" é o tema mais ritmado deste trabalho, sendo que, a banda gravou inclusive um vídeo que podem encontrar no Youtube. São 10 minutos que nos conquistam facilmente, forçando-nos a acompanhar o ritmo de música. Por fim, a faixa "XVI" que é sem dúvida o tema musicalmente mais negro deste trabalho. Um ritmo mais lento que associado à faixa mais longa, torna-a inevitavelmente mais pesada. Todos os instrumentos parecem aqui aliar-se à voz arrastada de António, em algo que se pode considerar doom. Tema mais sombrio, sem por isso se afastar do registo inicial e que se enquadra perfeitamente neste álbum. A reta final desta faixa é, todavia, toda ela instrumental e volta a aproximá-la da sonoridade encontrada nas músicas anteriores.
“Odor” é um álbum muito agradável e na nossa opinião a voz resulta. Este longa-duração será lançado no próximo dia 1 de novembro. A apresentação em concerto será em Viseu, nesse mesmo dia, na Fora do Rebanho – Associação Cultural. A banda tem já mais alguns concertos agendados pelo país, onde aproveitará para promover “Odor”, o que será uma oportunidade para todos nós escutarmos estes temas ao vivo, pois muitas destas faixas, farão certamente parte da setlist dos concertos dos Basalto, nos próximos tempos.
Review por António Rodrigues
