Longe vai já a noite de 25 de Outubro de 2016, quando uns estreantes MGLA abriam as hostilidades perante um Paradise Garage à pinha para ver os Behemoth. Três anos depois, uma das bandas mais queridas da crítica internacional regressa a Lisboa em nome próprio, trazendo com eles dois outros colectivos oriundos da sua Polónia natal, Martwa Aura e Above Aurora.
O black metal, especialmente o contemporâneo que investe menos no corpse paint e mais na relativa obscuridade dos seus protagonistas, escondidos por detrás de capuzes e máscaras pretas, nunca esteve na moda, mas olhando para uma sala do RCA esgotada e com excelente plateia desde o arranque da noite, ninguém acreditaria.
O trio de Poznan Above Aurora chegou a Lisboa com o EP “Path to Ruin”, editado o ano passado pela Pagan Records, e foi o seu black/doom que preencheu os cerca de 30 minutos da sua prestação, num palco sombrio, pouco iluminado, e com a banda a não trocar uma palavra com o público presente, algo que vem sendo normal para este estilo musical.
Igualmente de Poznan, e partilhando o baterista O (pseudónimo de Oktawiusz Marusiak), os Martwa Aura fogem um pouco ao som da banda que os precedeu, enveredando por um black detah mais introspectivo, meditativo, mas com espaço para dinâmica entre palco e plateia. Grzegorz Puszkarek, ou Greg,, como é conhecido, trocou algumas palavras, algumas delas num português perto da perfeição, antes de apresentar um reportório que passou em revista a discografia da banda, misturando faixas em inglês com polaco, com destaque para as que integram o único longa-duração da banda, “Contra Mundi Contra Vitae”.
Os MGLA têm, segundo comunicado da própria banda nas redes sociais, sido vítimas de uma campanha de difamação ligando membros da banda a ideologia de extrema direita, obrigando inclusive ao cancelamento de concertos desta tour europeia, mas nesta noite no RCA, a banda de Cracóvia só mostrou qualidade musical, com um black metal atmosférico que a sala esgotada de Lisboa muito agradeceu.
Com uma postura em palco bastante reservada (não apenas pelas caras tapadas mas também por uma presença quase esfíngica), concentraram todas as suas forças naquilo que é o mais importante, a sua música. E logo de início temas do disco de 2016, “Exercises In Futility”, antes de apontar agulhas para o mais recente “Age Of Excuse”, recentemente editado pela Northern Heritage. O público reagia bem ao excelente som que vinha de cima do palco, e quando cerca de 60 minutos depois a banda pousou instrumentos e saiu de palco, as ovações não se fizeram esperar. Os MGLA mereceram a sala cheia, o público mereceu um excelente concerto dos polacos.
Texto e fotos: Vasco Rodrigues
Agradecimentos Amazing Events