Não podia iniciar esta reportagem sem um aviso prévio: a Grande Lisboa tem uma excelente sala para concertos de sons mais pesados que a maioria do público desconhece. Desde o espaço à potência e limpeza de som, e finalizando pelo mais bonito fundo de palco que alguma vez vi, o Theatro Club do Cacém tem tudo para se afirmar no panorama nacional como alternativa a salas como o RCA, de Lisboa.
Posto isto, vamos então focar atenções ao que se passou em palco no último dia de um mês de Agosto que só agora parece ter mostrado as suas quentes garras. A Amazing Events tem vindo cada vez mais a diversificar a oferta musical no nosso país nestes últimos anos, e a criação da 1ª edição do Headbangers Meet n’ Mosh, “uma festa para metaleiros em vias de extinção”, foi mais uma demonstração disso mesmo.
E com uma sala ainda em vias de se compor, os sintrenses Shame On You Humans deram o pontapé de saída ao evento. Primeira apresentação ao vivo da banda punk, com um som crú e potente presença em palco, aquecendo as hostes com temas como “Beast”, “Horror Stone” e “Atheist” a encerrar cerca de 30 intensos minutos.
Da Cidade Invicta chegaram os SOTZ’, com um death metal melódico a soar muito bem na sala cada vez mais composta. Para além de percorrer a sua discografia, a banda de Dan Vesca mostrou ainda o que será o futuro da banda, com a faixa “Return of Kukulkan”, tema a editar no próximo álbum com data marcada para Janeiro de 2020. A plateia foi manifestando a sua preferência, não deixando a frente de palco parada por muito tempo.
De Cascais vieram os thrashers Toxikull, que mais uma vez incendiaram a plateia com uma performance imaculada. Desde os primeiros acordes de “Freedom to Kill” que se percebeu que estávamos perante um grande concerto, quanto mais não fosse por estarem a abrir a primeira data de uma mini-digressão com os seus “heróis” Skull Fist. Difícil destacar alguém numa banda cada vez mais coesa, com Lex e Antim a partilhar a vocalização e coros de temas já icónicos como “The Shepperd” ou “Nightraiser”.
O futuro parece augurar coisas boas para os rapazes de Cascais, como foi perceptível na nova faixa “Killer Night”, um primeiro levantar do véu do novo álbum, “Cursed & Punished”. “Surrender or Die” encerrou como habitualmente cerca de uma hora de thrash musculado e muito suado, sendo a banda agraciada com enorme salva de palmas.
Os cabeças de cartaz Skull Fist já tinham provocado o caos este ano, quando o palco secundário do Barroselas Metal Fest foi pequeno demais para eles. Nome cada vez mais importante naquilo que se designa metal tradicional, os canadenses chegaram e literalmente rebentaram com tudo e todos. Mal “Ride The Beast” ecoou no PA, a festa estava iniciada.
A faixa do disco de estreia “Head Öf The Pack” é sempre chamada como cartão-de-visita para as actuações da banda e mostra logo os seus atributos. “Heavier than Metal” ou “You’re Gonna Pay” foram destaques apenas pela maior adesão da plateia ao crowd surfing porque foi impossível destacar algum tema mais que outro. “Bad For Good” e “Head Öf The Pack finalizaram a primeira edição do Headbangers Meet n’ Mosh, que se prolongou fora de palco até às 4 da manhã com um dj set do radialista António Freitas, instalado numa varanda bem alto sobre o bar, mais um toque de requinte num espaço que urge descobrir e que esperamos não deixe de apostar no metal.
Texto e fotos: Vasco Rodrigues
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Agradecimentos Amazing Events e Theatro Club