O mais recente álbum dos Rammstein abre com o single “Deutschland” e a escolha foi acertada, pois a música agarra o ouvinte a partir do momento em que entram os sintetizadores, seguidos da bateria e guitarras. Quando a voz de Till Lindemann começa a enunciar a letra do tema, acompanhado pela voz de apoio de Richard Z. Kruspe arrisco dizer, apenas com o baixo, bateria e teclas a servir de chão, torna-se claro que a fórmula de composição dos Rammstein se mantém quase inalterada, treze anos após o último disco.
E esta fórmula funciona pois como se verifica com “Deutschland”, e mais tarde com o segundo tema “Radio”, a simplicidade e eficácia das composições dos Rammstein continua tão captivante como sempre foi, desde os temas mais reconhecíveis do grupo (“Du hast”) aos menos (“Mein Land”). Torna-se curioso como em “Radio”, o ataque de bateria de Christopth Scheineder se evidencia como um dos melhores segredos desta banda cujas dinâmicas dentro dos temas é essencial para manter a atenção do ouvinte.
Em “Zig Diech”, o lado orquestral da banda (reminiscente de “Mein Herz Brennt”) destaca-se no início, com o piano a servir de complemento melódico às guitarras. Com efeito, ao quarto tema, “Ausländer”, as teclas de Flake Lorenz voltam a funcionar como o principal instrumento melódico, sendo seguidas pela restante secção instrumental da banda. A entrega da voz de Till Lindemann às letras quase cómicas demonstra-se essencial para quem não é falante de alemão compreender a ironia daquilo que é dito, o refrão deste tema é um dos melhores exemplos deste facto.
Em “Sex”, a atmosfera melancólica de “Deustchland” regressa, mas é quebrada com o refrão, que parece escrito para ser cantado em uníssono com o público, uma assinatura deste grupo (que me recorda os refrões cativantes dos Kaiser Chiefs que, na minha opinião, soam sempre melhores cantados com o público do que em estúdio). Por sua vez, “Puppe” começa com arpejos de guitarra sem distorção (relembrando “Hypnotize” dos System of a Down), sendo um dos temas mais negros e melancólicos do álbum. “Was ich liebe”, retoma o lado mais alegre, dando mais dinâmica ao álbum como um todo.
Com efeito, esta variação de atmosferas entre temas, torna “Rammstein” num álbum equilibrado e cativante (“Diamant” enquanto oitavo tema é uma espécie de balada com o baixo, arpejado de forma interessante por Oliver Riedel, e teclas como principais instrumentos de acompanhamento da voz).
Neste álbum, os Rammstein apresentam-se iguais a si mesmos, uma banda que gosta de, ao nível musical, se equilibrar na corda bamba entre o som pesado do metal e os refrões da pop, misturando electrónica e letras que oscilam entre temáticas sérias (até autobiográficas) e o puro humor de quem não se leva muito a sério (algo que é mais evidenciado pelos seus videoclips). Dado o facto de ter o nome da banda como título, “Rammstein” é um disco que revisita os vários lados da banda, mas sem ser uma repetição do que fizeram no passado.
Nota: 9/10
Review por Raúl Avelar