Dia 0
O dia de recepção ao campista, é já uma obrigação nos festivais, embora na realidade, quase sempre realizado à noite. Tem-se assim, uma oportunidade, muitas vezes, de poder ver um bom leque de nomes, quase sempre de forma gratuita.
O Laurus não foi excepção, e arrancou com Lyfordeath, quinteto sediado em Paredes, que trouxe uma mistura de thrash com death melódico, assente num concerto longo, quase cinquenta minutos, que se serviu do material do disco de estreia, «Nulius In Verba». Alguns problemas iniciais, de som, mas um nome válido para um festival que se anunciava interessante.
Pouco depois, num set de trinta minutos, chegaram os Humanart, de Santo Tirso. Praticamente jogando em casa, o trio, reforçado por mais dois elementos ao vivo, centrou-se de forma eficaz no excelente «(Further) Into the Depths», recentemente editado. Claramente uma das melhores bandas da noite, mostrando o valor de ter o black metal num palco adequado.
Menos interessante, Soldier, quarteto vindo de Oviedo. Já no terceiro disco, «The Sleeping Of Reason», pratica um thrash banal, não chegaram a justificar a viagem, mas, também não foram caso único.
Bem mais interessantes, mesmo um dos melhores nomes nacionais do festival, estiveram W.A.K.O. num ano em que já passaram noutros festivais e se estão a revelar em toda a força. Com uma exibição brilhante, em particular do vocalista Nuno Rodrigues, o colectivo teve ainda tempo para mostrar uma faixa nova, «Perish», quase no fim de um concerto que arrancou com «Eternal Spiral» e terminou, ao fim de sete temas, com «Ship Of Fools»
A finalizar, os germânicos Contradiction, veteranos da cena, mas cuja qualidade dificilmente justificava a presença em Portugal, quanto mais naquela posição de cartaz.
Sem um disco novo há cerca de cinco anos, o quarteto executou um thrash que poderá passar por old school, mas que na realidade é básico e em qualquer momento, muitos furos abaixo do que outros compatriotas foram capazes de desenvolver. Não deixa de ser estranho que, num conjunto de dez datas, destinadas a celebrar os trinta anos do grupo, tenha sido o Laurus a única data fora da Alemanha. Cinco nomes, dois excusáveis, três nacionais. É assim que fica o balanço do primeiro dia.
Dia 1
Como
em anos anteriores, o palco secundário arrancou bem cedo na tarde,
oferecendo três nomes nacionais. Começando com uma das poucas
presenças femininas do festival, chegaram Second Lash, sendo
sucedidos por Wrath Sins que finalmente chegavam ao festival para
apresentar o seu segundo trabalho, «The Awakening», em que se
basearam, ao mesmo tempo que apresentavam o novo baterista, Gaspar
Ribeiro. Claramente o estilo do grupo, sofreu com a luz diurna e o
pouco público presente aquela hora. Uma constante num palco que
necessita de ser revisto.
Vindos
de Beja os HoChiMin, estão a regressar aos palcos e hoje já nada
tem de industrial, ganhando no entanto, no humor que colocam na
postura face a cada tema. O grupo justificou perfeitamente fechar a
tarde, e deixou expectativas sobre o próximo «This Is Hell». Para
lá da interessante versão de «Enjoy The Silence», ponto alto da
actuação, a presença, em palco, do filho do vocalista que
acompanhou este no tema «Ashes»
Terminado
o palco Estrella Galicia, seguiu-se o palco para novos artistas e ao
princípio da noite os Miss Lava arrancavam no palco principal uma
actuação cheia de energia e com temas como «Don't
Tell A Soul», «Catch The Fire», ou «Planet Darkness», a par de
novos como «In The Mire» ou «The Oracle».
Seguiram-se
Peste E Sida, talvez um dos nomes mais deslocados no elenco do
cartaz, mas com bastante energia e celebrando velhos hits, para a
“velha
guarda”.
Curiosamente o concerto abriu com Jonhie, vocalista dos Simbiose, a
puxar pelo público que aquela hora já se perceberia não ser tanto
quanto o desejável. “Já vi jogos de xadrez mais emotivos”,
afirmava João San Payo perante um público apático que pouco reagia
a temas como «Orgia Paroquial» ou «Sol da Caparica».
Com
disco novo na calha, vieram os Entombed A.D. que continuam a
entregar um alinhamento em que misturam temas de Entombed, «Wolverine
Blues», «Left Hand Path» e deste sucedâneo, sendo que desta vez
não se ficaram pelos temas de «Back to the Front» ou «Dead Dawn»,
mas já trouxeram alguns de «Bowels Of Earth», como «Fit For A
King». O brasileiro Guilherme Miranda, guitarrista do grupo, acabou
a fazer quase todas as despesas da apresentação, apanhando muitos
de surpresa, com o seu português.
Os
italianos Fleshgod Apocalypse foram os que mais público reuniu,
mesmo assim ainda pouco, não ultrapassando o milhar. De forma
inteligente, o sexteto optou por começar com temas do excelente
penúltimo disco, «Healing Through War» e «Cold As Perfection»,
só depois seguindo para o recente «Veleno», de 2019, numa mistura
que resultou bem, permitindo escutar malhas como «Sugar»,
«Monnalisa» ou «Fury». Visualmente irrepreensíveis, os italianos
trouxeram um som algo embrulhado, parecendo ter mais efeitos que o
desejável, numa actuação que dividiu os presentes, quiçá por se
ter maiores expectativas.
Texto por Byron
Agradecimentos: Laurus Nobilis Music Fest