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Reportagem: Satanic Surfers, Artigo 21 e ContraSenso @ RCA Club, Lisboa – 06.06.19


Passa a 26 de agosto próximo 13 anos, desde que vimos os suecos Satanic Surfers por Lisboa (mais concretamente no Pavilhão dos Lombos, em Carcavelos), pela última vez. Pouco tempo depois, em 2007, encerrariam a carreira, para voltarem a reagrupar em 2014. O ano passado lançaram “Back from Hell” e regressaram à estrada, caminho que os levaria a regressar a Lisboa, à sala do RCA e pela mão da Hell Xis Agency, no passado dia 6 de junho.




21h30 no relógio de palco e entra em palco a primeira de duas bandas nacionais de suporte do concerto, os ContraSenso. Ainda a promover o auto-intitulado disco de estreia do ano passado, a banda de Gonçalo e Hipólito arranca com “Cabeça Erguida”, perante uma sala ainda despida de interessados. O punk rock em português do quarteto tem qualidade e merece ser vista e ouvida, mas nesta noite a inércia acabou por reinar na plateia, apenas com os presentes com vontade de vocalizar temas como “Reviravolta” ou “Crescer de Novo” e a aplaudir o esforço da banda. Acaba por ser recorrente escrever isto, mas é sempre no final das actuações dos ContraSenso que o público reage mais, mas isso é muito por “culpa” dos excelentes instrumentistas que temos diante de nós, e que encerram quase sempre a sua prestação com uma versão-tributo a algum dos seus heróis. Desta vez, feito o convite para João Punker (da Infected Records) ajudar nas vozes, foi “Generator” dos Bad Religion a sair a todo o gás do PA. Se calhar é tempo de integrar essas versões no meio do alinhamento, digo eu!




Mudança rápida de palco, com um enorme pano com a capa do novíssimo disco dos também lisboetas Artigo 21, a ser levantado atrás da bateria do Nika, e estávamos prontos para a segunda banda de suporte da noite. “Ilusão” é o disco de confirmação do talento da jovem banda, e o tema que dá título ao álbum arrancou a actuação. Com uma plateia mais composta, foi também altura de algum mosh em frente ao palco, sempre acompanhado pela ajuda do público, que parece saber já de cor as novas malhas da banda. Quase que apostava que até vi uma lagriminha de emoção no canto do olho do Tiago Cardoso quando a plateia entoou a uma só voz “Só Mais Um Bocado”. O concerto pareceu ter terminado tão depressa como começou, condicionante de ser em dia de semana, com “A Nossa Voz”, o hino dos Artigo 21 dedicado a quem gosta de punk rock e acompanha o movimento, mais uma vez com um público entusiasta a saber cada palavra da excelente letra. Nem mesmo a corda partida da guitarra do Xiko (desta vez tocou-lhe a ele) fez arrefecer a prestação de uma das bandas favoritas deste vosso escriba.




Tempo de receber de volta os cabeças de cartaz da noite, que arrancaram algo surpreendentemente com “The Treaty And The Bridge”, do álbum de estreia “Hero Of Our Time”, a mostrar que estávamos perante um revisitar de clássicos por parte de Alfaro e companhia. O regresso ao passado despoletou imediatamente o crowd surfing e um enorme mosh pit em frente ao palco, que só terminou pelas 23 horas, quando a banda se despediu com a promessa de não voltar a estar afastada de Lisboa mais de uma década.



No entretanto, um desfilar de quase duas dezenas de músicas, com as novas “Catch my Breath” ou “Going Nowhere Fast”, encaixadas entre velhinhas como “Puppet” ou “Head under Water”, sempre do agrado de uma plateia que não parou de dançar, saltar e gritar a plenos pulmões. Alfaro deixou a interação com o público a cargo do baixista Andy enquanto saltava possuído pelo palco, público esse que não deixou a banda acabar o concerto apenas no alinhamento pré-determinado, fazendo-a regressar para dois clássicos do skatepunk, “Nun” de 1994 e “Armless Skater” de 1996. Épico!!
Também épica foi a forma como a plateia não se conformou com o final do encore, e foram uns visivelmente cansados Surfers que encerraram um extra encore com “Good Morning”, o clássico de 94 que fala sobre não ter vergonha de ser como somos e vestir como queremos, com Rodrigo Alfaro a unir-se ao público em mergulho vindo do palco.
Até breve, surfistas satânicos...

Texto e fotos: Vasco Rodrigues
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Agradecimentos Hell Xis