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Reportagem Xxxapada na Tromba Dia 2 @ RCA Club - 19 Janeiro 2019


O segundo dia do Xxxapada na Tromba iniciou-se bem cedinho com os portugueses Annihilation. Ainda sem os números do dia anterior por esta hora, a banda liderada pela Bia e pelo Fábio mostrou toda a sua mestria e aproveitou a ocasião para festejar 15 anos de atividade no underground nacional. Muito interessante ouvir ao vivo as faixas de “The Undivided Wholeness of all Things” em voz feminina.

E se no primeiro dia tivemos de esperar bastante tempo para termos uma banda nacional em palco (Grog), no sábado foi logo uma atrás da outra, com os Undersave a mostrar o death metal do mais recente “Sadistic Iterations... Tales of Mental Rearrangement”, editado o ano passado. Letras pesadas sobre doenças mentais e auto-destruição construídas em faixas de mais de seis minutos que a banda de Loures faz parecer muito mais rápidas.

Da Estónia chegaram os Hymenotomy, mantendo a toada forte no death metal brutal. Finalmentre o RCA começou a mexer, reagindo da melhor maneira à performance do trio estónio, que baseou a actuação no seu único disco de originais, “Some Necrophiles Having Sex with Naked Autopsied Bodies in the Morgue” e do seu “Promo CD 2017”. De realçar que o nome dos temas da banda demoram mais a dizer que propriamente o tempo que a banda tem para as tocar.

Com um death grind que deixou a plateia em alvoroço, os dinamarqueses UxDxS pareciam com pressa para regressar a casa, terminando a sua actuação bastante antes do tempo previsto, o que deixou a sala bastante triste, pois as faixas do único disco “Too Fast For Love” e do EP “#Altingvildere” estavam a animar e muito as hostes.

Antes da pausa para jantar, tempo ainda para os espanhóis Tu Carne pisarem o palco do RCA. Kojo apareceu em palco com uma máscara de porco e rapidamente começaram a debitar o goregrind com pinceladas de crust punk, alicerçado no quinto disco de originais, “Acumulacion de Cadaveres”. O som da banda parece cada vez mais colado ao grindcore, se bem que a utilização do pedal de efeitos de voz não parecer obter o efeito que podia. Mesmo assim, grande recepção aos veteranos nuestros hermanos, com a plateia a ganhar balanço para um jantar merecido.

Findo o repasto, a festa continuou com os Gut, uma das bandas mais esperadas pela sala quase cheia do RCA. Van Halen nas colunas e a banda de gore grind a arrancar logo imediatamente com “Woyund Fuck”. “Sperminator” explodiu no PA e pela sala iniciou-se um circle pit monumental, que acompanhou toda a actuação dos germânicos, tidos como percursores do pornogrind. A gravarem um novo disco, a banda presenteou o RCA com uma nova faixa, “Anus Anubis”, mas foi com o clássico “Fisted on the Dancefloor” que a plateia foi ao rubro.

A banda seguinte é um caso sério do metal extremo internacional e, pasme-se, é nacional! Os Analepsy têm uma larga legião de fãs e muitos deles ocuparam lugar na frente de palco para acompanhar a banda em mais um concerto na capital. Com o album “Atrocities from Beyond” a dias de celebrar dois anos e a banda a gravar temas novos, “Witnesses Of Extinction” ou “Atrocity Deeds” são sempre bem vindas e nunca parou animação na sala, apesar da habitual pouca interacção da banda de Diogo Santana.

Mais uma banda do género brutal death metal, os Devangelic chegaram de Roma com um disco debaixo do braço que causava algum interesse, e apesar de “Phlegethon” de 2017, ser bastante interessante, era visível algum debandar para o exterior depois das actuações potentíssimoas de Gut e Analepsy. Mesmo assim, os italianos cativaram os resistentes com temas como “Malus Invictus” ou “Manifestation of Agony”.

Da Holanda chegava uma outra banda a levantar muita expectativa. Os Prostitute Disfigurement regressavam ao nosso país e num set cheio de bons temas de death metal, estrearam “Happily to the Gallows” e “Fight a Transvestite”, a incluir no seu próximo disco homónimo.

Mas que me desculpem todas as bandas presentes nesta edição do Xxxapada 2019, mas toda a gente presente no RCA estava lá para receber os Serrabulho!
A festa estava prometida e o novo disco, “Porntugal” foi razão de sobra para o caos em palco e na plateia, que em apenas 30 minutos deu uma autêntica aula de fitness, com o Carlos Guerra a passear mais pela plateia do que propriamente em palco. “Ela Fez-me Um Grão de Bico” foi o ponto alto dos novos temas mas é nos clássicos “Sweet Grind O’Mine”, “B.O.O.B.S.” (com direito a Mr Páscoa e o seu bandolim a fazer o intro) ou “Quero Cagar Mas Não Posso”. De realçar o habitual comboio na plateia, a mobilizar por completo a sala do RCA. Apesar de ainda faltar uma banda para encerrar a edição deste ano do festival, os seus responsáveis máximos, Rita Limede e Sérgio Páscoa aproveitaram a oportunidade para, num inglês perfeito, agradecerem a presença de todos e anunciaram a “morte” do evento nestes moldes.

A festa fechou com os romenos PornTheGore a fazer mexer quem ainda tinha fôlego para o fazer, mas se calhar tinha valido a pena a troca de lugar com os transmontanos para encerrar com chave de ouro.

Fica para a história um RCA apinhado durante dois dias de bandas longe de serem comerciais, num festival que não pode nem deve acabar!

Por: Vasco Rodrigues - 08 Fevereiro 19