Em 2018, mais concretamente em meados de Junho, os Slapshot encerravam o evento Hell of a Weekend com um RCA muito bem composto e uma performance arrasadora da banda de Boston. Para este ano, a Hell Xis decidiu voltar a trazer a banda, mas desta vez agendar um concerto muito mais intimista, na exígua sala do Popular no passado dia 16 de Fevereiro.
A compor o ramalhete de uma noite que se antevia quentinha para os lados do bairro de Alvalade, e pontualmente às 21.15, o público em excelente número recebeu os BAD!. Vindo das Caldas da Rainha, os old school punksters têm vindo a aventurar-se fora da zona de conforto e ainda bem. O quarteto começou a sua prestação com “The Bully Zone” logo seguido de “Love Beating” e “I Don’t”. Poucas palavras entre palco e plateia caracteriza esta banda jovem que privilegia tocar a estar a fazer grandes discursos de microfone na mão. Dessa maneira os temas sucedem-se a velocidade vertiginosa entre riffs cortantes do Urutu e uma secção rítmica com Paixão e Diogo em perfeita sintonia a 300 à hora. Para além das suas músicas, que a banda tem editado sem apoio discográfico, um concerto dos BAD! não esquece versões de bandas que dizem muito aos seus membros e nesta noite tivemos duas: “Blood in the Water” dos Shark Attack e “Tied Down” dos Negative Approach, que antecedeu o final com o habitual “Trouble Boys”.
Rápida mudança de material de palco e chegam os albicastrenses Crab Monsters, naquele que terá sido o primeiro concerto na capital. E que concerto deram os rapazes de Castelo Branco! Apoiados por alguns amigos que vieram um pouco de todo o lado, mas perante uma plateia que ia enchendo a sala principal do Popular e que desconhecia o som da banda, estes fizeram questão de dar show! Logo assim que “Violent World” arrancou, percebemos que esta banda poderá ser um caso sério do underground nacional, caso o facto de virem da Beira Interior não os faça tropeçar. Com um frontman a fazer lembrar a espaços Afonso dos The Parkinsons, o que se assistiu foi a um concerto musculado e muito suado, no palco mas também na plateia. “Licence Man” ainda apanhou a plateia algo tímida mas “Rock and Roll” fez o público reagir. Visivelmente agradados, os Crab Monsters mostraram numa dúzia de temas que podem contar com eles para fazer festa rija, com destaque para “Naked Alive” ou “Welcome to Jail”. Um nome para seguir atentamente, pessoal!!
Era tempo de receber os Slapshot com a reconhecida hospitalidade portuguesa, e mal “I Told You So” começou, rebentou na sala o tumulto, com enorme mosh pit em frente ao palco e as vozes fortes a entoar o refrão. Olhando para o alinhamento escolhido por Jake “Choke” Kelly (apelido por parte do pai, porque a mãe é portuguesa e tem apelido Cabral, referiu o vocalista), era possível ver muitas semelhanças com o concerto do Hell of a Weekend, sendo de notar mais uma vez o pouco destaque a músicas do mais recente disco, “Make America Hate Again”, tendo sido apenas eleitas “Remedy”, “Hypocrite” e “Edge Break Your Face”.
De resto, e para gáudio dos muitos presentes, foram desfiando clássico atrás de clássico, sempre com o apoio de verdadeiros fãs na plateia. “Old Tyme Hardcore” ia deitando a sala abaixo, ou pelo menos o globo do tecto, com tanto stage diving naquela sala, “Watch Me Bleed” trouxe muitos para a frente do palco para gritar o refrão com a banda, mas foi a recta final do concerto que arrancou mais aplausos. “Chip on my Shoulder” e “No Friend of Mine”, ambas com letras bastante cáusticas sobre falsas amizades, foram recebidas em delírio. O final foi dedicado ao álbum “Step on It” de 1993, com “Hang Up Your Boots” a fazer descansar um pouco a plateia com o seu ritmo mais lento e cantoria junto ao palco, para depois terminar em beleza com o tema título, sobre como é estar em tour, de sítio para sítio sempre com a adrenalina de tocar.
Mais uma grande prestação da banda de Boston, ainda para mais com o baterista cheio de febre, que apesar de dar o litro deixou por ficar a sensação que poderia ter havido mais umas quantas músicas em mais uma noite épica de hardcore pela capital.
Texto e fotos: Vasco Rodrigues
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Agradecimento: Hell Xis