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Entrevista aos Der Weg Einer Freiheit


O nome Der Weg Einer Freiheit pode não ser o mais cativante e fácil, mas esta banda alemã toca música que é forte o suficiente para ficar gravada na nossa mente para sempre. “Live in Berlin” está prestes a ser lançado e marca o 10º aniversário desta banda de Black Metal. Continuem a ler conversa da Metal Imperium com a banda.


M.I. - Primeiramente, muito obrigado por responderem às nossas perguntas. Vamos começar com uma fácil... o nome da banda não é propriamente fácil de pronunciar ou memorizar... por que optaram por um nome tão complicado?

Sim, devo confessar que, para quem não é alemão, o nome é muito difícil de pronunciar e lembrar. Nós ouvimos isso com bastante frequência! Mas no começo, quando estava à procura de um nome apropriado, nenhum desses factores estava presente ou era importante. O mais importante foi encontrar um nome que refletisse o que estou realmente a fazer da melhor maneira possível. Este nome é apenas a quintessência do que a banda é. Escrever e tocar música ao vivo faz-me sentir livre mesmo que seja por um breve momento. Sinto que a liberdade no mundo hoje está a ficar cada vez mais restrita a limitações da liberdade de expressão, privacidade, religião etc., o que sempre causa conflitos, corrupção e guerra. A música e esta banda em particular é a minha “maneira pessoal de (a) liberdade”, uma maneira de escapar disso e talvez colocar outras pessoas a pensar sobre as suas vidas.


M.I. - Sois bastante singulares no universo do Black Metal porque tocam/cantam tudo em alemão... não acham que isso pode limitar as vossas conquistas porque alguns fãs podem nem sequer vos dão uma hipótese simplesmente porque não entendem a mensagem?!

Se as pessoas acham que não entender a letra faz com que a música não valha a pena ouvir também, estão errados. Quer dizer, a maioria das músicas que eu ouço, nunca entendo o que o cantor realmente canta por causa do estilo áspero de cantar. E para mim, pessoalmente, a música sempre vem em primeiro lugar e, na maioria das vezes, não me importo nem leio as letras. Talvez eu também seja a pessoa errada para perguntar, haha! Mas o nosso passado provou que, na verdade, as pessoas são atraídas por linguagem com a qual não estão familiarizadas, porque não entendem uma palavra. No final, podemos dizer que é mesmo uma vantagem ser uma espécie exótica entre todas as outras bandas que estão por aí. Nós até tivemos fãs na Rússia, ou noutros países, a dizerem-nos que começaram a aprender alemão apenas para entender melhor a nossa música. Eles têm certas emoções quando ouvem e só querem saber se combinam com os nossos temas líricos. O que é uma coisa maravilhosa na minha opinião e não aconteceria se cantássemos em inglês.


M.I. - Filosofia, vida e morte parecem ser os vossos temas favoritos... por quê tanto interesse neles? Quem são os autores que mais vos influenciaram?

Para mim, a música sempre foi uma coisa muito pessoal. Ao criar música, conheces-te melhor e descobres que grande parte da tua personalidade e teus pensamentos estão na tua música. Quando escrevi as primeiras músicas para esta banda, foi importante para mim que isso refletisse todos os meus pensamentos, humor e personalidade, e como sou um tipo mal-humorado com muitos altos e baixos, encontras tudo isso dentro da música. Tudo veio naturalmente, não pensei em nenhum conceito em primeiro lugar. Eu acho que o que é importante e mantém a música interessante é criar contrastes entre coisas que, em primeiro lugar, parecem ser incompatíveis umas com as outras (contrastes como vida e morte). Estamos a tentar fornecer um meio em que dois ou mais extremos diferentes podem coexistir musicalmente, mas também emocionalmente. Se olhares mais de perto, basicamente tudo ao nosso redor acontece em ciclos ou períodos que se repetem. Depois de atingir um extremo, ele regredirá para o outro lado / extremo. Encontrar um equilíbrio entre esses extremos é basicamente como passamos a nossa vida e, certamente, os maiores extremos são o nosso nascimento e morte. É por isso que esses tópicos são muito importantes e estão presentes na nossa música. Autores importantes que me inspiraram são Hermann Hesse e Fjodor Dostojewski.


M.I. - 2019 marca 10 anos da existência de DER WEG EINER FREIHEIT... o que aprenderam nesta década?

Na verdade, até ao último verão, eu não estava ciente que a banda já existia há 10 anos. Foi no dia 22 de fevereiro de 2009 (meu aniversário, na verdade) que lançámos oficialmente o primeiro álbum demo, por isso decidimos fazer de 2019 um ano especial. Vendo como a vida média das bandas jovens hoje em dia não é muito maior do que alguns anos, estamos felizes por ainda estar por aqui. É importante para nós ter uma progressão lenta, mas constante e duradoura na nossa carreira. Nós nunca tivemos o objectivo de ser a maior banda do mundo ou ganhar dinheiro com isso. O nosso objectivo sempre foi poder fazer exactamente o que queremos sem muita pressão do lado de fora e ter toda a liberdade que precisamos. Acho que esta é a maior lição que aprendemos ao longo dos anos: não levar as coisas muito a sério, não apressar e, acima de tudo, não forçar. Deixem as coisas acontecer naturalmente, especialmente ao escrever músicas - certifiquem-se de manter a vossa integridade artística. Sucesso não é dinheiro ou fama, é ser feliz e fazer o que se ama.


M.I. - "Live in Berlin" será lançado em Março. Como surgiu a ideia de lançar um álbum ao vivo?

Este álbum foi realmente um produto acidental. Nós não pretendíamos fazer um álbum ao vivo nesta tournée (Setembro / Outubro de 2017), mas desde que usamos uma nova configuração ao vivo e microfones próprios pela primeira vez, foi apenas um toque de um botão para multitrack no nosso set. Então nós gravamos os concertos em Paris, Colónia e Berlim e depois descobrimos que estivemos em óptima forma naquele concerto final da tournée em Berlim. Depois de ver as faixas únicas em detalhes e misturar o videoclipe ao vivo de “Aufbruch” no início do ano passado, que apresenta o áudio deste mesmo concerto em Berlim, achamos que fazia sentido misturarmos o concerto completo e lançá-lo como um álbum ao vivo. Esta gravação é reduzida ao essencial, nós só temos 13 canais individuais disponíveis, sem overdubs - pode dizer-se que este álbum representa a forma mais verdadeira do nosso som. O que não é apenas uma coisa interessante de se ouvir para os nossos fãs, mas também para nós mesmos e definitivamente moldará a nossa abordagem de escrever e gravar música futuramente.


M.I. - O concerto foi filmado e só depois é que decidiram lançá-lo ou já estava lá a ideia antes do concerto acontecer?

Como eu disse na questão anterior, foi apenas "ok, vamos gravar e ver o que acontece", além de uma gravação realmente planeada. O vídeo de “Aufbruch” foi filmado por um amigo que acompanhou os últimos dias da tournée, mas ele só filmou essa música em particular e é por isso que há apenas material em vídeo desta música e não de todo o concerto. Muitos fãs têm pedido um DVD / Blueray, mas infelizmente só podemos oferecer o áudio. Um concerto inteiro filmado exigirá uma preparação e planeamento real e poderemos fazer algo assim em algum momento no futuro. Por enquanto é apenas o álbum ao vivo!


M.I. – Acham que os fãs vão apreciar mais este álbum ao vivo do que um novo álbum?

Este lançamento é apenas uma ponte entre o nosso último álbum e o próximo. Embora tenha a extensão de quase dois álbuns completos DWEF, acho que apenas as vendas brutas do álbum não serão capazes de acompanhar um álbum completo. No entanto, estamos orgulhosos do que conseguimos com este álbum ao vivo e é uma abordagem totalmente diferente e som das gravações de estúdio. Isso é o que o torna especial e temos certeza de que os nossos fãs vão apreciar este esforço também!


M.I. - Já estão a trabalhar em material novo? Existe uma data para ser lançado?

Sim, há algumas novas músicas que estão a ser criadas, mas nada a ser revelado ainda. Também não há data de lançamento à vista, pode demorar um pouco mais desta vez.


M.I. - Na tournée deste ano, irão tocar o vosso primeiro álbum do início ao fim... este ainda é o vosso álbum mais notável e daí esta decisão?

Do meu ponto de vista hoje, este álbum provavelmente é o mais importante, obviamente sendo o nosso primeiro lançamento que nos permitiu alcançar o que compõe grande parte do nosso público hoje. Olhando para o feedback que recebemos dos fãs e apenas as estatísticas de streaming, este álbum ainda faz um bom trabalho hoje. Então, fez sentido para nós prestarmos-lhe homenagem, tocando-o na íntegra nesta tournée. A próxima oportunidade de testemunhar isto outra vez será daqui a 10 anos!


M.I. - O lema “sexo, drogas e rock n’ roll ” tão famoso há algumas décadas ainda está vivo? Ou as bandas são mais cuidadosas e conscientes nos dias de hoje?

Eu tenho 30 anos, e não sei como era a vida na estrada há algumas décadas. Mas vendo documentários antigos ou apenas testemunhando histórias de outras bandas que estão por aí há mais tempo do que nós, parece que os dias passados ​​realmente incluíram um estilo de vida mais imprudente, bêbado, drogado, sexy e rock 'n' roll. Certamente tinha as suas próprias energias e atmosfera, mas tudo está a desvanecer, há bandas que estão mais velhas, enquanto as novas bandas ficam mais jovens e cada vez mais profissionais. Até mesmo Nergal, dos Behemoth, vai ao ginásio todos os dias em tournée (eu provavelmente faria o mesmo se tivesse alguém para fazer o soundcheck por mim, haha) e prefere café a álcool. Aqueles que nos conhecem pessoalmente sabem que estamos sempre prontos para uma boa festa após o concerto, bom álcool, divertindo-nos pela cidade. Mas uma banda que não tem uma grande equipa em tournée, tem um trabalho árduo, não é só tocar uma hora em palco. Também tem de ficar sóbrio algum tempo e aproveitar a vida na estrada sem ter que lidar com ressacas e noites sem dormir.


M.I. - Quão gostam da vida em tournée?

Muito, desde que não esteja envolvido na organização da mesma. Uma banda do nosso tamanho não tem as capacidades e dinheiro para uma grande equipa e mal podemos pagar um gerente de tournée. Então, na maior parte do tempo, tenho eu de tratar das coisas, o que na maioria das vezes acaba por ser uma chatice (mas alguém tem que fazer isso!). Além disso, eu gosto da companhia dos nossos fãs, do concerto em si e de estar na estrada com os meus amigos. Não sei dizer o que se tornou mais importante para mim - gravar ou andar em tournée. Embora seja necessário termos álbuns para podermos andar em tournée! 


M.I. - Em 2018 a banda foi ao Japão pela primeira vez ... quais eram as suas expectativas como músicos? E como pessoas? Deve ser muito interessante devido às diferenças culturais entre a Europa e a Ásia, certo?

Foi uma óptima viagem, tivemos dois concertos em Osaka e Tóquio e ficamos em Tóquio por mais alguns dias. Pode dizer-se que é um mundo totalmente diferente para nós, mas foi uma óptima experiência. Os japoneses são extremamente gentis e honestos e tivemos a melhor hospitalidade que recebemos de um país. Ao contrário da Alemanha, todos os comboios chegaram perfeitamente a tempo, não houve filas de espera no aeroporto (mesmo em Tóquio) e tudo foi perfeitamente organizado. Fomos recebidos muito bem pelo povo japonês e devolvemos o máximo que pudemos.


M.I. - Eu sei que a banda é muito influenciada pela música e o fado português teve um impacto profundo em vocês. Como descobriram o Fado? Conhecem algum fadista de que gostem em particular?

Fomos convidados pelos Moonspell para uma tournée em Dezembro de 2016. Eu já tinha ouvido falar no Fado Português mas, nessa tournée com os Moonspell, nós conhecemos esse estilo musical em particular e também muito mais sobre a cultura musical portuguesa. Foi óptimo! Passámos esta tournée no mesmo autocarro que os Moonspell, trataram-nos muito bem e contaram-nos muitas histórias diferentes sobre Portugal. Madredeus foi um nome que ficou na minha cabeça, principalmente a música “Vem”.


M.I. – Conhecem a cena metal portuguesa?

Além dos Moonspell, não estamos muito familiarizados com a cena do Metal Português, infelizmente. Tenho a certeza de que existem muitas jóias desconhecidas para nós, já que o país tem uma longa e grande história musical. Infelizmente nunca tivemos a oportunidade de tocar em Portugal, mas esperamos que isso mude em breve!


M.I. - Quando é que os fãs portugueses terão o prazer de ver Der Weg Einer Freiheit ao vivo?

Ainda não há concertos agendados, mas esperamos poder ir aí em breve e tocar a nossa música para vocês!


M.I. - Por favor, deixem uma mensagem para os leitores do Metal Imperium.

Muito obrigado por esta entrevista. Nós apreciamos muito todo o apoio vindo de Portugal e esperamos ver-vos todos em breve!

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Entrevista por Sónia Fonseca