Aos primeiros acordes de "Let Me Entertain You", de Robbie Williams, a plateia que, no passado dia 6 de Dezembro, enchia quase por completo a Sala Tejo do Altice Arena entrou em frenesim.

Aos primeiros acordes de "Halloween", um dos épicos temas da primeira parte de "Keeper of the Seven Keys", percebeu-se logo que iríamos presenciar perto de três horas de história de concertos de metal em Portugal. 13 minutos de primeiro êxtase para a plateia, com Michael Kiske e Andy Deris em dueto perfeito sobre o duelo de guitarras de Kai Hansen, Michael Weikath e Sascha Gerstner, com Markus Grosskopf sempre exuberante na guitarra baixo e Dani Löble muito seguro na bateria. Interessante verificar que Kiske mantém o registo vocal de quando gravou os dois álbuns mais famosos da banda de Hamburgo, mas Deris foi um substituto à medida nos anos que se seguiram.

A grande maioria dos presentes não teria idade para ter estado nessa altura em Cascais, mas Kiske relembrou a quem esteve como foi, com uma rendição perfeita de "I'm Alive", seguida de dois temas apenas com Deris na voz, “If I Could Fly” do álbum "The Dark Ride" e “Are You Metal?” de "7 Sinners". A troca ou parceria de vocalistas foi uma constante do concerto, assim como foram as animações no ecrã gigante, com as personagens de banda desenhada Seth e Doc a servirem de ponte entre temas.
“March Of Time” e “Perfect Gentleman” antecederam um dos momentos mais aguardados pela velha guarda, a evocação do disco "Walls of Jericho", com Kai Hansen na voz! “Starlight”, “Ride The Sky”, “Judas” e “Heavy Metal (Is The Law)” deixaram com certeza pelos levantados na plateia, que acompanhou o primeiro vocalista dos Helloween durante toda a sua prestação. Kiske regressou a palco para interpretar "a única balada do alinhamento da noite", como referiu, e "A Tale That Wasn't Right" ecoou nas colunas, com o público imediatamente a reagir e a cantar de tal maneira que deixou o vocalista sensibilizado e a deixar por largos segundos a plateia tomar conta da actuação. Seguiu-se a faixa que dá mote à digressão, "Pumpkins United", gravada em 2017 quando os sete artistas se reuniram em estúdio. Sensibilizado ficou depois quem se deslocou à Sala tejo, com um solo de bateria de Dani Löble a acompanhar imagens no ecrã de um outro solo de bateria, do malogrado Ingo Schwichtenberg.

O primeiro encore com "Eagle Fly Free" e "Keeper of the Seven Keys" deixou com certeza algumas lágrimas de saudosismo nos presentes, tal a carga emocional com que foram transmitidas e recebidas, mas foi o segundo e último encore que "partiu a loiça toda"! Ao primeiro acorde de "Future World" todos esqueceram que estavam ali de pé há mais de duas horas e meia, e a Sala Tejo com certeza moveu-se alguns milímetros, tal a força com que a plateia saltou de alegria. E quando irrompe pelo ecrã a capa do single "I Want Out" veio tudo abaixo. Do primeiro ao último segundo, a plateia ajudou Kiske e Deris, por entre balões gigantes cor de laranja vindos dos lados do palco e explosões de confetis, a dar por terminada a passagem por Portugal da reunião das abóboras mais speedadas da história do metal internacional.
Texto: Vasco Rodrigues
Fotografias por Anne Carvalho
Agradecimentos: Rock n' Rock e Turbina