É um regresso a Portugal, depois da presença no Sonic Blast há uns anos. A Metal Imperium foi falar com os Somali Yacht Club, antevendo as duas datas que vão fazer por cá, na primeira parte de Stoned Jesus, a trinta e um de outubro no Hard Club, Porto, e no dia seguinte em Lisboa, no RCA.
M.I. - «The Sun» é a reedição do vosso primeiro disco, porque o fizeram agora, quando o último trabalho de estúdio foi lançado há poucos meses?
O nosso segundo disco, «The Sea» foi lançado a 22 de Janeiro, deste ano. Todas as edições anteriores do «The Sun» estavam esgotadas por altura da Primavera. Foi uma decisão da editora, Robustfellow Prods., de renovar o stock com esta edição especial, em que faz um upgrade da parte gráfica e melhora o som.
M.I. - Uma desses upgrades, passa por terem gravado um novo tema, em lugar de recorrerem ao que estava nos Eps.
Na realidade, «Sun’s Eyes», não é um novo tema, mas é a primeira vez que aparece em CD ou cassete. É uma faixa que tinha sobrado das gravações do primeiro trabalho e por isso faz sentido que agora se reúna ao disco. Para nós o «The Sun», só agora soa como sempre deveria ter sido.
M.I. - Sendo uma banda ucraniana, o vosso nome não deixa de soar estranho, como surgiu?
É a pergunta que mais nos fazem. Durante muitos meses não tivemos nome para o grupo. Nessa época, havia muitas notícias a correrem sobre piratas somalis e o nosso baterista, Lesyk, lançou a sugestão de Somali Yacht Club. O nome é uma piada sobre este mundo em que vivemos, a injustiça global e a desigualdade. Além disso, soa perfeito.
M.I. - Como surge então o grupo?
Por volta de 2010, num fórum musical, Lviv, o Ihor, guitarrista e vocalista, lançou uma mensagem à procura de elementos para fundar uma nova banda. Cada um de nós respondeu e foi assim que nos formamos e mantemos até hoje. O curioso é que o Ihor procurava músicos para formar um grupo de math-rock, na linha de Fall of Troy, e o resultado fomos nós, nada a ver!
M.I. - Nestes concertos portugueses, o que podemos esperar? Uma mistura de ambos os discos?
Apesar de já termos novos temas, vamos tocar uma mistura, sim. Fizemos um “battle test” em palco, dos temas do último disco e escolhemos os melhores temas. Penso que alguns temas podem revelar-se maçadores quando tocados ao vivo, precisam de um ambiente mais calmo. Apesar de tudo, durante a digressão podemos mudar as nossas escolhas, até mesmo no palco, somos um pouco como os DJ’s, quando sentem o espírito do público.
M.I. - Sendo um grupo de jam, até que ponto os vossos temas se agastam daquilo que gravaram?
Uma jam é como o processo de escrita de um tema, um início. O momento mais produtivo são mesmo os primeiros minutos de ensaio, quando estamos a afinar os instrumentos. Gravamos tudo, escutamos e falamos sobre isso. Quando um tema chega ao estúdio de gravação, já vai bem preparado. Nos próximos álbuns pretendemos criar uma atmosfera live em cada tema. Com os últimos discos, percebemos que ela se perdia um pouco nas gravações e que podíamos trabalhar isso e fazer melhor.
M.I. - «The Sea» foi editado em Janeiro, como referiram, como tem sido a recepção ao disco? Dentro das vossas expectativas?
De uma forma geral, tivemos uma boa aceitação e vendas. Na Ucrânia, os media deram-nos más notas, disseram que éramos repetitivos, mas no resto da Europa, deram quase sempre 8 em 10. Já estamos a tocar estes temas há quatro anos, e algumas pessoas querem ouvir coisas novas. Apesar disso, alguns disseram ter preferido o primeiro disco. Se calhar ainda não temos experiência suficiente para chegar a todos, pois só fizemos dois discos, outros tantos singles e um Ep. Mas temos a certeza que seja qual for a música que Somali faça, ela vai chegar ao ouvinte certo.
Entrevista por Emanuel Ferreira