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Clutch - “Book of Bad Decisions” Review


Ao décimo-segundo lançamento, os Clutch brindam o ouvinte com um hard rock a pender tanto para o stoner acessível (na veia de Queens of the Stone Age ou Triggerfinger), como para o blues rock (a relembrar o peso de Led Zepellin, em “Spirit of 76’”). Com efeito, o som de cowbell a marcar o tempo em “HB Is in Control” relembra “Little Sister” dos supra referidos Queens of the Stone Age.

O tema-título parece invocar Deep Purple em “Stormbringer”, com o baixo retorcido (distorcido) de Dan Meines a guiar o resto da banda, sendo de destacar os apontamentos de órgão Hammond B3. Trata-se, efectivamente, do tema que melhor sintetiza o espírito sonoro do álbum.

Com efeito, o recurso a instrumentos adicionais, como o supra referido Hammond B3, como a instrumentos de sopro em “In Walks Barbarella”, aproxima a sonoridade doom rock mais comercial, mas sem perder a força e peso de Deep Purple (referência a “Space Truckin’” muito adequada). Estamos pois, perante um álbum de hard rock ecléctico com elementos que recordam outras bandas antecedentes, mas com um toque de originalidade na execução.

Se as referências acima não fossem bastantes, o piano em “Vision Quest” recorda "Benmont Tench" dos Tom Petty and the HeartBreakers, com a festividade que é característica da sonoridade daquele conjunto nos seus momentos mais soltos. A festividade mantém-se em “Weird Times”, apesar da letra ser repleta de dúvidas acerca do presente.

O tempo abranda no tema seguinte com o baixo distorcido e a bateria relaxados e omnipresentes (“Emily Dickinson”), sendo o solo de guitarra disperso num ambiente sonoro cheio de eco, um aspecto a destacar. A letra de “Sonic Counselor” encaixa perfeitamente na forma deste tema blues rock, algo que se repete ao longo do álbum (“Good Fire” é outro exemplo disso).

No seu todo, "Book of Bad Decisions" é um disco consistente a nível sonoro, que, se se ouvir atentamente pode trazer novas surpresas ao ouvinte (por exemplo, o prato de choque da bateria em “Ghoul Wrangler”), mas que na verdade pode ser simplesmente ouvido, dado que é pura e simplesmente divertido e festivo; a melancolia é apenas pontual como é o caso de “Lorelei” que encerra o disco, que lembra os Wovenhand  em “Refractory Obdurate”. 

Por outro lado, serve perfeitamente para fãs de música mais leve, como a de Tom Petty and the Heartbreakers, servindo como uma óptima porta de entrada para a longa discografia dos Clutch, como foi o meu caso.

Nota: 8/10

Review por Raúl Avelar