De há sete anos a esta parte, o primeiro fim de semana de setembro é sinónimo de romaria à pequena localidade de Casainhos por parte de quem gosta de metal, punk e hardcore. Desde 2012 que o Campo das Vinhas do Sporting Clube de Casainhos é palco do Casainhos Fest, organizada pelo Tiago Fresco e a sua Casainhos Project Associação.
Para esta sétima edição, que decorreu no passado dia 1 de Setembro, a romaria ultrapassou todos os recordes, juntando no recinto mais de um milhar de espectadores, vindos de todos os cantos do país.
Debaixo de um sol tórrido e com uma plateia que se abrigava no espaço coberto do bar, às 15 em ponto, entraram em palco os Takeback. Oriundos de Aveiro/São João da Madeira, a banda de hardcore foi a vencedora do terceiro Concurso de Bandas Casainhos, cabendo a esta a honra de abrir o festival. Foram 30 minutos de prestação que se iniciou ao som de "Take Back", e que até ao final com "No Time To Waste" demonstrou que há futuro para o género fora de Lisboa e Porto.
Destaque para a faixa "Unbreakable", dedicada ao vocalista dos lisboetas Steel Your Crown, que atravessa complicada fase na sua saúde.
Já com mais corajosos na frente do palco, entraram em cena os ContraSenso, que aproveitaram a oportunidade para mostrar o álbum homónimo.

Mostrando que o punk rock cantado em português está bom e recomenda-se, Daniel Hipólito e companhia deram show com temas como "Reviravolta", "Crescer de Novo" ou "Sem Desculpas", fechando a meia hora de actuação com "Além do Tempo", arrancando já algum mosh e muitas palmas.

Ao longo de 40 minutos a poeira levantada nos circle pits teimou em não assentar, com destaque na faixa "Exhaust", o título do recente disco da banda, "Confront" e o final com "Ferocious", a terminar com o vocalista a oferecer uma merecida rodada de shots de Jack Daniels às três dezenas de resistentes da plateia.

Rápida mudança de instrumentos em palco e é tempo de ver Backflip, banda que tem sempre excelente presença seja qual seja o tamanho do recinto.
Ainda não tinham tocado um acorde e já apelavam à presença do público perto do palco, o que provocou imediatamente reacção da plateia, muito dinâmica durante toda a actuação. A banda escolheu o Casainhos Fest para deixar em suspenso uma década de carreira, estando agora cada membro envolvido em outros afazeres. Uma prestação cinco estrelas da banda liderada pela Inês Oliveira, incansável na dinamização do espectáculo, e onde foram tocados muitos dos temas emblemáticos da banda, com especial destaque para "To the Bone" e "Burning High".
Com o sol já a desaparecer no horizonte e uma temperatura mais aceitável, a plateia começa a engrossar na expectativa de receber os Viralata.
Poucas bandas de punk nacional têm uma falange de apoio tão aguerrida e vocal, quase sendo desnecessário ao vocalista Ulisses cantar os êxitos do quarteto de Lisboa. E eles não faltaram, em Casainhos! De "Zé Ninguém" a "És Linda", de "Estrelas Decadentes" a "Estamos Juntos", foi um desfiar de grandes temas tocados com enorme mestria e com inúmeros circle pits e stage diving à mistura a ajudar.

O hardcore regressou ao palco com os setubalenses Hills Have Eyes, banda que tem marcado presença assídua no festival. Da actuação destacaram-se "The Bringer of Rain" e "Never Quit", dedicado a quem acredita que os seus sonhos são possíveis de realizar.



Com um tempo de actuação reduzidíssimo para os desejos de banda e público, e sempre com a perspectiva do som poder ser cortado a meio da actuação, a banda foi brindando o público com temas como "In Sane" ou "So You Say", antes de arrancar para uma muito sentida rendição de "Alone", com Rui Duarte a comentar que responde sempre "Porque não?" quando lhe perguntam porque razão fazem baladas. "Hallellujah" foi cantado a plenos pulmões pela plateia, apesar de já ter passado muito da uma da manhã prevista para encerramento. Ainda houve tempo para "Blind Enchantment" e muitas farpas do vocalista de Ramp para o facto de serem os únicos com alinhamento reduzido num festival onde não foram eles os culpados pelos atrasos.
A noite já ia bem alta quando se fechou o pano em mais uma edição do Casainhos Fest, uma edição marcante pelo recorde batido em presença de público, mas que também fica marcado por alguma falta de antecipação para a enchente ocorrida, com comida e bebida a escassear para quem ficou até ao final.
Para a organização vai um enorme obrigado pela maneira como estruturou o evento, com sonoridades ao gosto de todos e das mais diferentes tribos do metal, e pelo profissionalismo e simpatia com que foi recebendo todos. Até 2019!!!
Texto por Vasco Rodrigues
Fotografias por Igor Ferreira
Fotografias por Igor Ferreira
Agradecimentos: Casainhos Fest