Dia 11/08 – Dia 3
Devido a um cancelamento de última hora do concerto da banda francesa Dagoba devido a problemas com os seus voos, o lineup deste terceiro dia sofreu uma ligeira alteração, tendo começado um pouco mais tarde e libertado mais tempo para os changeover entre concertos.
O grupo de heavy metal mostrou-se visivelmente entusiasmado por estar a tocar num festival com a dimensão do Vagos Metal Fest, tendo dado o seu melhor.
O público, embora ainda meio tímido, lá foi respondendo aos incentivos da banda. Na bagagem trouxeram “Gold Hunters”, o seu mais recente trabalho lançado no início do presente ano.
O heavy metal continuou a ser a lei desta tarde, tendo-se seguido o concerto dos espanhóis Wicked Inc. Banda com excelente atitude em palco e muito comunicativos, que no entanto não adicionou nada de novo ou relevante ao que estava para acontecer neste dia. Um concerto animado e que cumpriu com as expectativas, onde a banda aproveitou ara apresentar novas músicas que irão figurar num futuro registo de originais.
Apesar da longa carreira, a irreverência e a energia em palco da banda continua intacta, e os temas que as suas músicas exploram estão mais atuais do que nunca, como por exemplo “Ignorância Colectiva”, “Acabou A Crise, Começou A Miséria”, “Terrorismo de Estado” ou “Betrayal” lançam uma crítica ao estado e ao sistema em si, à boa maneira do crust punk. Porque o grind também é protesto!
Alguns problemas técnicos atrasaram o início do concerto de Gwydion. No entanto, infelizmente, os mesmo fizeram-se sentir durante grande parte do concerto, tendo sido esta mais uma banda a sair prejudicada pela fraca qualidade do som. Apesar desse pequeno grande problema, a banda mostrou um grande profissionalismo e entrega em palco, tendo feito a festa com o público – que estava em grande número para os ver. A setlist contou com temas como “739” ou “Shield Maiden’s Cry” que foram retirados do novo álbum “Thirteen” – tendo sido intercalados com alguns mais conhecidos e anteriores como “From Hel to Asgard”, “Math of War” ou “Mead of Poetry”.
Bolzer, apesar de ter sido em condições não ideais – open air ainda debaixo de luz natural do sol – foi uma autêntica viagem espiritual pelo death metal obscuro e oculto da banda.
Bolzer, apesar de ter sido em condições não ideais – open air ainda debaixo de luz natural do sol – foi uma autêntica viagem espiritual pelo death metal obscuro e oculto da banda.
Com uma sonoridade hipnotizante, a banda brindou-nos com um concerto intenso, apesar dos pequenos problemas que houve com o som (uma vez mais). Temas como “I AM III”, “C.M.E.” ou “Entranced By The Wolfshook” entranharam-se na nossa alma e deixaram a pele arrepiada, tal era a intensidade sonora.
No final, o veredicto era consensual - foi um concerto do outro mundo que acabou por saber a muito pouco.
No final, o veredicto era consensual - foi um concerto do outro mundo que acabou por saber a muito pouco.
Com a intensidade de Bolzer ainda a ressoar , foi a vez do power metal melódico dos finlandeses Sonata Arctica dar um ar de sua graça no palco Vagos. É aquele tipo de banda que ou se ama ou se odeia, tanto que recebeu críticas muito pouco consensuais entre si. Os que fazem parte do contingentes de admiradores deste tipo de som, no entanto, tiveram ali uma hora em grande, com uma banda carismática em palco. A setlist percorreu um pouco a carreira da banda, onde destacamos temas como “Closer To An Animal”, “Candle Lawns” ou “FullMoon”.
Um concerto que cumpriu com aquilo que era esperado, mas sem surpreender aqueles que à partida são mais “esquisitos” com estas sonoridades.
Um concerto que cumpriu com aquilo que era esperado, mas sem surpreender aqueles que à partida são mais “esquisitos” com estas sonoridades.
A noite já dava sinais de escurecer quando os Carach Angren deram a sua versão de contos de fadas de horror. Com um cenário que prima pela teatralidade e efeitos visuais com uma importância quase tão grande como a música, a banda mostrou ter uma excelente presença em palco, o que prendeu a atenção dos presentes – muitos dos quais intrigados pela componente visual. Após uma visita ao nosso país em Fevereiro para uma data dupla, a banda tentou replicar a magia desses concertos, tendo ficado um pouco aquém. No entanto, foi um concerto de qualidade na mesma, onde se focaram maioritariamente nos temas de “Dance and Laugh Amongst The Rotten”, sem no entanto terem esquecido alguns temas mais antigos como “Bitte Tötet Mich” ou “Bloodstains On The Capitains Log”.
Uma hora e meia de música épica, foi aquilo que os Kamelot serviram nesta edição do Vagos Metal Fest e o público agradeceu. Cerca de oito anos após a sua última passagem pelo nosso país, este contingente de músicos internacionais voltou para encantar todos os fãs do género –e mais alguns – com os seus temas mais melódicos. O toque feminino proporcionado por Lauren Hart na voz veio dar uma outra vida a alguns dos clássicos da banda. A setlist, apesar de ter andado maioritariamente à volta das músicas retiradas de “The Shadow Theory” – o novo trabalho da banda e “pretexto” para esta tour – não esqueceu algumas das músicas que tornaram os Kamelot uma banda de referência dentro deste estilo, tais como “March of Mephisto” ou “Forever”. Foi uma excelente performance por parte destes, quase se demonstraram muito comunicativos e com uma forte presença em palco. O som podia ter estado um pouco melhor, no entanto também não foi nada que interferisse demasiado na apreciação do concerto.
O aguardado regresso dos mestres noruegueses Enslaved ficou manchado com o som péssimo nas primeiras músicas, algo que felizmente se acabou por resolver no restante tempo do concerto. Com uma setlist de sonho para os amantes da discografia da banda, sem no entanto terem esquecido o motivo que os levou ali – promover o mais recente disco “E”. A grande surpresa foi no entanto a inclusão do tema “Svart Vidder”, retirado do álbum “Frost” e que foi tocada ao vivo apenas pela segunda vez. A noite ia-se fazendo sentir fria, talvez para acolher de melhor forma o som viking/black/prog da banda que encantou os presentes com uma atuação de outro mundo. A hora que lhes era destinada passou a correr e no final ficou a sensação que o concerto foi demasiado curto.
Depois de uma hora mais intensa e mágica com os Enslaved, os nacionais Holocausto Canibal vieram despertar a plateia do transe em que se encontravam, com uma descarga de brutalidade com o seu death/grind directo e sem espinhas, que causou alguma comoção e mosh (tal como seria de esperar). Banhados em sangue – a componente cénica é quase tão importante quanto a musical – a banda debitou furiosamente alguns dos seus temas mais conhecidos do público nacional, como “Holocausto Canibal”, “Antropofagia Auto-Inflingida” ou “Impalamento”. Houve também tempo para uma pequena homenagem aos grandes Mortician com uma cover da música “Zombie Apocalypse”.
Tal como na noite anterior, o fecho do terceiro dia voltou a ficar a cargo de uma banda tributo – desta feita os Beyond Strength, que são um grupo de homenagem a Pantera. Uma vez mais, e apesar de todas as discussões que se possam ter acerca deste tema, demonstrou ser uma aposta ganha pela equipa promotora do Vagos Metal Fest, porque a alegria do público foi contagiante, enquanto descarregavam as últimas réstias de energia de um longo dia ao som de temas clássicos – e quase obrigatórios para todos aqueles que se dizem adeptos de metal – como “Walk”, “Cowboys From Hell” ou “5 Minutes Alone”.
Uma vez mais, o sucesso deste dia ficou prejudicado por problemas com o som em muitos dos concertos, embora não tão graves como no dia anterior. Este que foi um problema persistente ao longo do festival e o grande defeito de um evento que se esforçou para nos trazer bandas com garra e qualidade em cima do palco para agradar a todos os gostos.
Texto por Rita Limede
Fotografias por Jorge Pereira
Agradecimentos: Vagos Metal Fest