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Alkaloid - "Liquid Anatomy" Review


O álbum “Liquid Anatomy” é segundo do super-grupo Alkaloid, formado por Hannes Grossman após a sua saída dos Obscura e contando com Morean dos Dark Fortress na voz e guitarra, Christian Munzer, ex-Necrophagist, na guitarra, Linus Klaunitzer dos Obscura no baixo e Danny Tunker dos Abhorrent na guitarra. 

Devo sublinhar desde já que estes músicos integram ou já integraram diversas bandas, sendo que foram, na sua maioria, membros da mesma banda a dada altura. Esta diversidade de experiência não só se reflecte nos temas, como na forma como os temas soam, mas na própria natureza por vezes esquizofrénica do disco como um todo. Característica que pode tanto se tornar num chamariz para alguns ouvintes, como pode levar a que outros o considerem demasiado diverso, e pouco estruturado como um todo. Neste aspecto, um bom exemplo é a passagem de um tema de doom metal como “Interstellar Boredom”, para um tema mais death metal tradicional como “Chaos in Theory and Practice”, que se lhe segue.

Com o tema de abertura “Kernel Panic”, com secções que relembram Yes, devido às mudanças de compasso e voz limpa, seguido por secções que relembram Obscura (atente-se no som da guitarra ritmo), dois polares opostos da música progressiva, em termos de peso, mas não sem propósito: quebrar barreiras ao nível musical (ao longo do tema podem ouvir-se solos que recordam Bret Hinds de Mastodon).

No tema seguinte, “As Decreed by Laws Unwritten”, temos um tema de metal extremo mais evidente, com solos de guitarra e precisão na bateria que relembram Slayer na formação clássica e que depois leva de novo a banda para um registo mais death metal.

Com efeito, a precisão e ataque dos instrumentistas é algo que se nota ao longo do álbum, sendo que se podem ouvir inluências distintas em cada um dos temas, desde Cynic em “Azagthoth”e Opeth no tema-título, a Mastodon e Megadeth em “In Turmoil’s Swirling Reaches”.Nunca se ouve, no entanto, uma situação em que a capacidade técnica dos membros se sobrepunha à musicalidade dos temas (dado que muitos integram ou integraram bandas designadas de death metal técnico).

Influências ou referências à parte, “Liquid Anatomy”, enquanto álbum, não é imediato, sendo que as variações de tempo e sonoridade levam a que o ouvinte possa descobrir algo de novo a cada nova audição. E demonstra a diversidade que pode ser alcançada dentro de géneros como o death metal, black metal e thrash metal.

Considero tratar-se de um desafio recompensador, este álbum, sendo que a maior falha a apontar seja exactamente a própria diversidade sonora, que pode servir como uma faca de dois gumes, podendo atrair os ouvintes, como repeli-los, dada a sua densidade. Um bom exemplo é o tema que encerra o disco, “March of the Cephalopods” com perto de vinte minutos de duração, mas com muitas variações de dinâmica.

Nota: 9/10

Review por Raúl Avelar