Nada fazia esperar que uma
quinta-feira desanimada e fria se tornaria o cenário idílico para recebermos a
visita dos canadianos Anciients, devidamente acompanhados pelos seus conterrâneos
Black Wizard e os portugueses Desert’Smoke. A braços com uma agenda bastante
preenchida, fomos apanhá-los na sua passagem pelo Stairway Club, em Cascais, no
passado dia 15 de Março, numa das três datas agendadas em solo nacional.
O concerto tinha início previsto para as 21h15 e o horário cumpriu-se à risca, às 21h30 já se faziam ouvir os primeiros acordes dos Desert’Smoke.
Um recente projeto lisboeta, que junta quatro amigos em torno do fuzz e do fumo, tão típicos da sonoridade stoner com que cunham o seu trabalho de estreia. “Hidden Mirage” é então o nome do EP lançado este ano e foi ao som dos seus temas que fizemos uma curta, mas intensa, viagem até paisagens desérticas, sempre guiados por um psych puramente instrumental, que tão rapidamente nos fez fechar os olhos e esquecer o frio que se fazia sentir lá fora.
Após um curto intervalo, deixou-se
aquele pequeno grande palco fosse invadido pelos energéticos, simpáticos e incisivos
Black Wizard. Diretos de Vancouver, e
depois de passarem a noite anterior a fazer mexer a noite portuense,
abordaram-nos sem medos, armados com o seu heavy
metal straightforward. Sempre que se fazia sentir algum cansaço, a guitarra
não deixava espaço para desistências e foi sob o lema “let’s keep this party
going” que nos deixámos embalar por temas mais catchy, como “The Priest.” Registaram-se as primeiras movimentações
na sala, ainda que restritas ao headbanging,
e foi ao som de temas do seu mais recente “Livin’ Oblivion” que se fez subir a
temperatura da sala.
Juntava-se à possibilidade de convívio
com as bandas presentes, uma ligeira vontade de começar o fim de semana mais
cedo, e ao mesmo tempo via-se encher o Stairway Club. Tornava-se palpável alguma
ansiedade dos presentes, na expectativa de ver os Anciients subirem ao palco. Foi sem demora que uma das bandas que
mais tem dado que falar nestes últimos tempos nos brindava com o seu death metal progressivo, de onde é
possível retirar inúmeras influências, sem que isso facilite a atribuição de
qualquer rótulo a este quarteto canadiano. A forte componente instrumental,
pejada de elementos técnicos e, ao mesmo tempo, melódicos, não deixou nenhum
dos presentes indiferente. O subtil equilíbrio demonstrado no registo do vocal
destacou-se em inúmeros temas, como foi o caso de “My Home, My Gallows”, “Raise
The Sun” ou “Buried In Sand”, tantas vezes acompanhados pelo público. Acabariam
por agradecer a presença de todos nós e retribuir o apoio sentido com um último
tema, depois de inúmeros pedidos do público. Sem nos deixar afetar pelo frio
que lá fora se fazia sentir, o regresso a casa fez-se, sem dúvida, num tom mais
aconchegado.
Texto por Andreia Teixeira
Fotografias por Vasco Rodrigues
Agradecimentos: Amazing Events