O Stairway Club abriu pontualmente as suas portas às 22h30
para mais uma noite dedicada ao som mais pesado do panorama metálico, com um
cartaz que incluía como cabeças de cartaz a banda sueca Frantic Amber,
secundada pelos catalães Expel The Grace e o aquecimento a cargo dos locais
Toxikull.
Uma hora depois, e sem a banda dos irmãos Carrapiço à vista,
o palco é adornado com estandartes da banda de death metal melódico oriunda de
Barcelona.
“Now I Can Hate You” iniciou as hostilidades, com o vocalista
Umbra por várias vezes a invadir a plateia ainda bastante despida de público e
girar o seu enorme cabelo à roda, enquanto vociferava um dos temas mais
emblemáticos do seu EP “Disharmony” de 2017. Aliás, das oito faixas que a banda
de Barcelona brindou quem se deslocou a Cascais, cinco delas foram exactamente
as que compõem o EP. “Famine” e “Disharmony” mostraram a qualidade desta jovem banda, com as meninas
das Frantic Amber a colocar-se na primeira fila em forte simbiose com os espanhóis.
“Under” marcou o regresso da banda a terrenos mais antigos, do EP de 2015 auto-intitulado, e que se prolongou por “Stolen”, velhinha mostra de
thrash/death da demo de estreia datada de 2011. O final chegou com mais duas do
EP, “Severed Hope” e “Finale”, com um encore mais que merecido com “(Miss)Erable”,
a épica faixa do EP de 2015.
Final da actuação e eis que tomam posição no palco a banda
da casa. Os Toxikull preparam-se para apresentar ao mundo a sua nova rodela, “The
NightRaiser”, mas nesta noite o álbum “Black Sheep” de 2016 tomou papel
principal, por problemas relacionados com uma das cabeças da munição do guitarrista-solo
Miguel Carrapiço, que logo após a abertura do concerto a trezentos à hora com “Little
Piece of Hell” decidiu não cooperar mais. Paragem forçada na apresentação, com
tentativas sucessivas de solucionar o problema, que só veria a luz ao fundo do
túnel com o empréstimo de uma substituta por parte dos Expel The Grace. Tudo a
postos, Alex anuncia com pena o encurtamento da setlist e a partir daí o
comboio Toxikull arrancou a elevada velocidade, levando tudo à sua frente. “Vicious
Lies” antecedeu a nova “Surrender or Die”, antes de um final já habitual na
banda, com os clássicos “The Shepperd” e “Black Sheep”. Apesar da boa
disposição da banda, foi visível algum desânimo por não ter sido possível
estender mais a actuação, talvez apresentando mais um ou outro tema novos...
Tempo para mudar algumas coisas no palco e poucos minutos
depois já o mesmo era adornado pelos estandartes das suecas Frantic Amber.
Oriundas de Estocolmo, a banda de death metal melódico vinha a Cascais
apresentar o seu recente disco, “Burning Insight”, com a qual iniciou a
apresentação ao público português, com o intro a ser ouvido pela sala enquanto
a banda se perfilava de costas voltadas para o público junto à bateria de Mac
Dalmanner, o único elemento do sexo masculino dos Frantic. Ao ambiente negro
irrompe o som característico das suecas, guitarras a berrar, riffs intensos e
uns guturais profundos de Elizabeth Andrews, uma
antiga bailarina dinamarquesa, que comanda a actuação com uma teatralidade
muito eficaz. A setlist é percorrida com velocidade estonteante e enorme peso
no som destas raparigas, com o duelo de guitarras entre a japonesa Mio Jager e
a sueca Mary Safstrand a fazer-se sentir em faixas como “Bleeding Sanity”,
“Soar” e “Self Destruction”. A preceder “Entwined”, Elizabeth aproveita para
muitos agradecimentos a quem as trouxe a Portugal e aos presentes, seguindo
depois para “Grainne Mhaol” e a novidade “Lagertha”. “Ghost” encerra a
apresentação do quinteto, mas a noite não podia acabar assim, com o público
presente a regatear mais uma ou duas faixas. A sua receptividade foi
recompensada com um duplo ancore, primeiro com uma versão demolidora de “Hammer
Smashed Face” dos Cannibal Corpse, terminando com “Wrath of Judgement”,
velhinha amostra do EP homónimo de 2010.
Texto e fotografias por Vasco Rodrigues
Agradecimentos: Amazing Events