Não julgar um livro, ou neste caso, um disco, pela sua capa é a primeira coisa que me ocorre à primeira audição de “Stench of Death” pois, a brutalidade e negritude, inspirada pela capa do referido álbum, que esperava, não ocorre nem na primeira faixa (excelente tema instrumental de raízes folk, “Nekro”), mas sim após a entrada do pedal duplo na bateria em “Echoes from the Coffin”.
A partir desse momento, o mote para a sonoridade geral do disco parece ser dada, esperar o inesperado com riffs de guitarra a lembrar Red Sparowes, passagens instrumentais com recurso a sons pouco usuais num disco de black metal (que seria de esperar da capa e do título do disco), como o uso de vibrafone em ambos os temas iniciais.
Não conhecendo a música, nem o percurso dos Mortis Mutilati, impressiona a variedade de sonoridades que invocam outros géneros e bandas, desde os supra referidos Red Sparowes a Amorphis, passando pela brutalidade e crueza de Abbath, assim como pelo peso doom dos Paradise Lost. Sendo toda a instrumentação do álbum obra quase só de um indivíduo, salvo casos pontuais como a guitarra de Rodkhan (Isthar), torna este álbum mais curioso, por exemplo em momentos em que os teclados servem como contraponto quer às guitarras quer à bateria, o que ajuda a tornar os temas mais épicos, ou mais suaves (para dar apenas um exemplo, ouça-se as passagens instrumentais breves de “Oguent Mortuaire”).
Resumidamente trata-se de um disco variado em termos de sonoridade, que pede diversas audições do mesmo, sendo que a sua duração no total do mesmo pode vir a prejudicar a fluidez a médio prazo, não deixando de primar pela individualidade dos seus temas. Recomendo a quem possua interesse por um disco que invoca tanto filmes de terror (na faixa de encerramento, “Ecchymoses”), como sonoridades que vão além do que seria de esperar para quem, como é o meu caso, teve neste disco a sua introdução a um projecto musical cativante que se baseia no black metal, mais vai muito além desse género.
Nota: 8/10
Review por Raúl Avelar