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Entrevista aos Necrophobic


Necrophobic é uma banda Swedish Blackened Death Metal formada em 1989 pelo baterista Joakim Sterner e pelo guitarrista David Parland. Ao longo dos anos, a banda sofreu inúmeras mudanças de line-up e assinou contratos com muitas editoras... agora, quase 3 décadas depois, parece que as coisas finalmente começam a fazer sentido. O seu último álbum "Mark of the Necrogram" está prestes a ser lançado pela Century Media e o Joakim falou com o Metal Imperium sobre isso...


M.I. - Necrophobic comemoram o 29º aniversário este ano. Costumam comemorar estão espantados por já terem passado 29 anos?

JOAKIM: Desde há 10 anos, que se tornou-se uma coisa comum, mas nós nunca fizemos isso. Quero dizer, pensamos sobre o assunto, mas quão especial pode ser se o antigo e primeiro guitarrista com quem formei a banda, David Parland, está morto há alguns anos? Os Dismember tiveram o seu 20.º aniversário, tocaram as músicas certas no tempo certo, mudaram os membros no palco de acordo com a linha de tempo da banda e assim por diante. Nós não podemos fazer isso da mesma maneira, já que os membros estão mortos, perdidos ou... em algum outro lugar. Mas, sim, estou orgulhoso por ainda fazer essa música e lançar álbuns ao fim de 29 anos.


M.I. – És o único membro que continua na banda desde a sua formação... como é que todas as mudanças de alinhamento afetaram os Necrophobic?

JOAKIM: No início, comecei comigo e dois dos meus melhores amigos. Nenhum de nós sabia tocar um instrumento realmente bem, então começamos a banda do nada. Do nada, excepto a vontade de tocar. Após a primeira demo, o cantor e baixista saíram, então fiquei só eu e David com músicos de sessão, enquanto procurávamos pessoal para preencher as vagas. Um membro deve ser uma pessoa que se encaixa na banda, tanto ideológica como musicalmente, e queremos todos o mesmo.
Mas para continuarmos, pessoas tiveram de ser demitidas, outras afastaram-se, e eu sempre encontrei as substituições certas e, cada vez que um novo membro entrou, foi para melhor. Agora, temos membros "novos", "antigos" de volta à banda, que já estiveram na banda e devo dizer que este é o melhor alinhamento que a banda poderia ter.


M.I. - Até ao lançamento de "The Nocturnal Silence", a banda tinha um logótipo diferente. Por que o mudaram?

JOAKIM: O logótipo das demos e no primeiro EP de vinil, foi desenhado pelo David. Nenhum de nós sabia desenhar ou ilustrar muito bem e também não tínhamos nenhum amigo capaz de fazer um logótipo para a banda. Era um logótipo realmente feio e tentamos aprimorá-lo, mas realmente não ficou melhor. Eu adicionei um pentagrama, mas não o usamos, excepto na reedição das demos e do EP em vinil em 2009 num álbum intitulado "Blasfémias satânicas".
De qualquer forma, quando assinamos com a Black Mark Production e o primeiro álbum ia ser lançado, decidimos que devíamos fazer algo com o logótipo. Depois de alguns anos na cena, tornamo-nos amigos com muitas bandas e pessoas, uma das quais tinha feito alguns logótipos, como o de Unleashed por exemplo, então conversamos e ele (Johan Hansson que também foi baixista da banda sueca de death metal Crematory) criou o logótipo que temos desde 1993. 


M.I. - Acham que as coisas poderiam ter sido diferentes para a banda se não tivessem assinado um acordo com a Black Mark no início de carreira? Costumam debruçar-se sobre o "e se"?

JOAKIM: Não, não me arrependo nada em ter assinado com a Black Mark Production. Não vale a pena pensar "e se"... poderíamos ter feito mais concertos e tournées na altura do lançamento do álbum "The Nocturnal Silence"?! "E se" fizéssemos tournées em 1993-1994?!


M.I. - A banda também não teve sorte com as editoras. Primeiro foi a Black Mark, depois a Regain Records faliu, depois mudaram para a Season of Mist e agora assinaram com a Century Media. Por que mudaram da Season of Mist para a Century Media?

JOAKIM: Bem, isso tem a ver com uma situação que aconteceu com a banda em 2013. O que aconteceu afectou muito a banda e a promoção e venda do álbum. Então, no ano passado, falei com a Season of Mist para ver se eles estavam interessados em lançar um novo álbum, mas eles disseram que não e ficámos livres para ir para outra editora. Então, uma coisa levou à outra e começamos a conversar com a Century Media, e assinámos um acordo com eles.


M.I. - Todos os membros são músicos experientes... acham que a vossa experiência é uma vantagem na gravação de um novo álbum? Aprendem algo novo com cada gravação?

JOAKIM: Sim, é. A experiência e a vontade de melhorar é realmente importante para o progresso em todos os sentidos, tanto como músicos como com a qualidade da gravação. Há tantas maneiras de tocar um instrumento, evoluir para poder melhorar e encontrar novas maneiras de tocar coisas diferentes... tudo isso aumenta a nossa experiência em todas as situações... no estúdio, nos ensaios e no palco.


M.I. - "Mark of the Necrogram" será o 1.º álbum pela Century Media. Quais são as vossas expectativas? Os fãs parecem estar muito entusiasmados com este lançamento!

JOAKIM: É difícil de dizer, mas sei que criamos algo realmente forte. Não foi um retorno, mas no ano passado, quando o Sebastian e o Johan voltaram à banda, e também Anders alguns anos antes, realmente os Necrophobic tiveram uma injecção de energia e boa química novamente. Nós tocámos bastante no ano passado e acho que isso é evidente no novo álbum e nas composições das novas músicas. Sim, notei que o interesse por este novo álbum é alto e as reacções daqueles que já o ouviram disseram que está muito bom, um fantástico álbum. É óbvio que é bom ouvir isso, mas o mais importante é a reacção dos fãs e saber se este álbum nos vai fazer conquistar mais fãs. E, como você já disse, eles parecem excitados.



M.I. - O necrograma faz parte das capas dos álbuns e é uma parte importante dos Necrophobic. Por que optar pelo nome "Mark of the Necrogram" agora? Pretendem deixar uma marca mais profunda no underground com este lançamento?


JOAKIM: Já estava na hora de envolver o nosso símbolo a um nível mais profundo e também é algo que realmente atrai os fãs que estiveram connosco ao longo de todos estes anos. Para mim e para o resto da banda, este símbolo tem grande importância e grande significado, e intitular o álbum "Mark of the Necrogram" é icónico.


M.I. - Qual o significado de "Mark of the Necrogram"?

JOAKIM: Cabe a cada um descobrir por si! O que significa para ti quando lês as letras?


M.I. - Como é o processo de escrita? Escrevem as letras primeiro e depois riffs ou vice-versa? Encontram-se frequentemente e escrevem juntos ou fazem demos e depois partilham-nas com os outros?

JOAKIM: Não há receita ou uma maneira certa de escrever e compor música e letras. É tudo sobre sentimentos e pensamentos que têm que ser canalizados até se transformarem numa música. Pelo menos para nós é assim. Normalmente, a música vem em primeiro lugar, mas isso não significa que seja sempre assim... varia muito de um álbum para o outro. Às vezes, uma nova música pode ser concluída em 30 minutos, às vezes pode levar um mês. Actualmente, as novas músicas são apresentadas, mais ou menos finalizadas, como demos de pré-produção. Eu acho que tem a ver com a nossa situação pessoal e com as ferramentas que estão disponíveis agora, que não existiam há 20-30 anos. Quando éramos mais jovens e sem condições para gravar demos em casa, passávamos mais tempo no estúdio para escrever músicas. Nada há nada de errado com isso e foi divertido porque aprendemos imenso, mas o modo como trabalhamos hoje em dia é mais eficiente em termos de tempo.


M.I. - Quem escreveu as letras e sobre o que são?

JOAKIM: A letra de "Mark of the Necrogram" foi escrita pelo Sebastian e pelo Alex. O Anders escreveu a letra para uma das músicas. Os temas que abordamos estão relacionados com cenas obscuras, maldade dos pensamentos e reflexões sobre nós mesmos e as nossas mentes, como vemos as coisas, como pensamos nas coisas... o que nos vier à cabeça.


M.I. - A capa é linda. Quem é o responsável? Faz-me lembrar um portão de entrada para o inferno!

JOAKIM: A obra na capa foi pintada à mão pelo Kristian Wåhlin, também conhecido como Necrolord. Não tínhamos trabalhado com ele desde o álbum "Darkside" em 1996. Não sei, mas ele não parecia tão activo nos últimos dois anos. No entanto, começamos a notar, nas redes sociais, que ele parecia estar activo novamente e tivemos a ideia de contactá-lo para ver se ele estava disponível para pintar a nossa nova capa. Obviamente, ele estava, fez esta pintura e achamos que é uma óptima peça de arte. A capa é muito mais elaborada do que parece! Se olhares para a capa de "Darkside" podes ver que existe um castelo, no centro da pintura, na parte vermelha. Esta nova pintura é aquele castelo visto na direcção oposta.



M.I. - Os membros da banda parecem estar envolvidos em outros projectos. Os Necrophobic são a prioridade ou não?


JOAKIM: A partir de agora, só o Alex é que toca baixo nos Naglfar e Firespawn. Aliás, fui eu que inventei o nome Firespawn. Até agora, ainda não houve uma situação em que ele tivesse que escolher. Um bom planeamento é a chave para que ele consiga encontrar tempo para tocar e gravar com as três bandas. O Anders teve a sua banda Blackshine por muitos e muitos anos, mas quando se juntou aos Necrophobic em 2014, extinguiu os Blackshine. O Sebastian e o Johan dantes tocavam nos Necrophobic e nos Nifelheim. Depois de saírem dos Nifelheim, juntaram-se aos Black Trip. Em 2016, essa banda teve que mudar de nome e passou a chamar-se V.O.J.D., mas ambos sentiram que a direcção que a música estava a seguir já não lhes interessava e, agora, só tocam nos Necrophobic.


M.I. – Vocês são uma das mais antigas bandas suecas que ainda está activa. Como é que se sentem sabendo que são uma influência para algumas bandas? Esperavam durar tanto?

JOAKIM: Se me tivesses perguntado aos 20 anos se eu achava que estaria a tocar música nos dias de hoje, acho que me ia rir imenso. Nunca me imaginaria a tocar este tipo de música passados tantos anos, mas não sei porquê. Isto é o que gostamos de fazer e algo que fazemos bem, então sim, sinto-me bem por continuar a fazê-lo e se influenciar bandas novas, melhor ainda.


M.I. - Quantos anos tinham quando decidiram ser músicos? Porque escolheram tocar metal?

JOAKIM: Acho que tinha 14 quando comecei a aprender bateria pela primeira vez, na aula de música na escola. Mas, como já referi, eu e os meus amigos David (Parland) e Stefan (Zander) começámos a tocar temas simples de death metal em 1988 e formámos os Necrophobic em 1989. Eu ouvi, pela primeira vez, uma música de metal no verão de 1982 e foi "The Number of the Beast" ou "The Prisoner" dos Iron Maiden. Fui impressionado imediatamente. Este estilo musical não me era familiar mas ficou logo viciado. E a partir desse dia, eu sou metal.


M.I. - A banda já apresentou muitas datas e os fãs parecem estar encantados. Os fãs portugueses também estão a morrer de vontade de vos rever... algum plano a respeito disso?

JOAKIM: Tanto quanto sei, não temos nada marcado em Portugal. Não é que não queiramos tocar aí, mas precisamos ser convidados / receber uma proposta de um promotor de concertos. Então, mobilizem os promotores locais e exijam Necrophobic!


M.I. - A banda já tocou em Portugal. Alguma lembrança dos concertos?

JOAKIM: Sim, estávamos no Porto no Bonecrusher Fest Tour 2010. Lembro-me de que o lugar em que tocamos estava cheio de pessoas velhas a dançar na pista de dança e a jogar ao bingo, ou algo assim, quando chegamos ao local com as restantes bandas, os velhotes até deixaram cair as dentaduras, haha. Eles pareciam ter tanto medo e ficaram estupefactos a ver-nos. De qualquer forma, o concerto foi óptimo e os fãs também.


M.I. - Por favor, deixem uma mensagem aos fãs portugueses e leitores do Metal Imperium Webzine.

JOAKIM: Sim, queremos voltar a Portugal para vos encontrar novamente, e precisamos que façam com que isso aconteça. Comprem o nosso novo álbum "Mark of the Necrogram" quando sair no dia 23 de fevereiro. Espero que gostem e passem a palavra aos vossos amigos do metal. Também abrimos recentemente a nossa loja virtual online... visitem-na em shop.necrophobic.net
Obrigado pela entrevista, Sónia!

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Entrevista por Sónia Fonseca