Coimbra é tunas, é trajes académicos, é serenadas ao luar, certo? Errado. Coimbra é underground, é Battle Jackets, é correntes, é Punk, é Metal, é Thrash. Os Terror Empire, mais uma vez, relembram-nos disso, com uma chapada na cara, de seu título “Obscurity Rising”.
Pouco mais de dois anos após o seu segundo lançamento (primeiro full-length) “The Empie Strikes Black”, o quinteto conimbricense presenteia-nos com mais um disco de originais, com selo da Mosher Records e com gravação nos Golden Jack Studios. Nesta recopilação de 11 (duas são introduções) novas composições da banda, a fórmula mantém-se em relação aos trabalhos anteriores, equipa que ganha não mexe, não é? Thrash agressivo, direto, grave, rápido, com um cheirinho de Death Metal, onde não faltam guturais, blast beats, e tremolos. O nível, esse é que não pára de subir.
Neste álbum, conseguimos sentir a versatilidade e o à vontade dos músicos em trabalhar em diferentes dinâmicas e tempos. Não sendo necessário (nem suposto) reinventar a roda para fazer um bom álbum do género, não deixa de ser prazeroso e uma lufada de ar fresco quando no mesmo trabalho podemos ouvir desde Thrash mid-tempo (180-200 bpm’s), a faixas com velocidades mais extremas (225-250 bpm’s) e quando por ventura nos surge uma time signature que não o clássico 4/4.
Falando em clássico, quão intemporal é começar um álbum com uma intro lenta e melodiosa, com acústicos e breakdowns, para depois rebentar num 1º tema carregado de “tum-pa tum-pa” de início ao fim? Exato. E eles fizeram-no, outra vez.
Depois de duas músicas a todo o gás, somos surpreendidos com uma das composições mais lentas e mais progressivas deste LP. “Times of War” conta com o riff mais ritmicamente complexo deste trabalho e, só no solo final, é que somos recompensados com a jarda que se vinha acumulando desde o início do tema. Com “Holy Greed”, é recuperado o ritmo frenético que caracteriza a banda e que nos acompanhará até ao final do álbum. E porque um bom álbum acarreta a pressão de um bom finale, os Terror Empire escolheram “New Dictators” para a viagem final. A Música mais extensa do álbum, onde podemos ouvir um pouco de todos os elementos estilísticos que definem este lançamento e que conta ainda com um solo do guitarrista Gus Drax (ex-Biomechanical, Sunburst, Black Fate, etc.).
Não subvalorizando qualquer faixa e, tendo como referência assumida gosto pessoal, não podia deixar de enaltecer malhas como “Burn the Flags” (single do álbum, com videoclip), “Lust” ou “Soldiers of Nothing”. Importantíssimo também realçar, não só a composição do álbum, como a sua excelente execução a nível técnico e de produção/masterização.
Os riffs, quer na guitarra quer no baixo, não são nada de fácil execução àquelas velocidades sem qualquer tipo de desencontro ou sloppiness. A bateria, desde os D-beats, aos blasts, aos fills, está a um nível elevadíssimo, do melhor que se faz a nível nacional e a voz apresenta um equilíbrio notável daquele limbo entre o rasgado grave e o gutural, sem descuidar secções mais limpas e melodiosas.
A produção, por sua vez, permite que se percebam todas as tecnicalidades das músicas com nitidez e com presença, mas sem perder demasiada sujidade ou toque humano, não caindo no overproducing como tem acontecido a muitas bandas do panorama nacional e internacional. Existe também evolução na produção e isso beneficia largamente o trabalho dos Terror Empire.
Aproveito também para destacar a coesão do álbum que, com cerca de 42 minutos, não desperdiça tempo com fillers e mediocridades. Sendo eu defensor de que as bandas, de modo a preservar um nível elevado nos seus lançamentos, deveriam optar mais pelo formato do EP com 5/6 músicas, neste “Obscurity Rising” todas as faixas têm razão de ser e isso não é fácil de conseguir em 42 min de Thrash. (Nunca me canso de lembrar que o “Reign in Blood” tem 29 min)
Numa altura em que o Thrash Metal nacional tem sido bem tratado com álbuns recentes de bandas como Switchtense, Prayers of Sanity, Revolution Within ou Wrath Sins, não há dúvida nenhuma que os Terror Empire estão aqui para subir a parada.
Nota: 9/10
Review por Jordi Lopes
Review por Jordi Lopes